sábado, agosto 05, 2006

Médio Oriente.

"No Médio Oriente só a vitória parece garantir a paz. Mas a vitória implica a guerra e a paz perde-se num horizonte riscado pela destruição e pela morte. Enquanto escrevo estas linhas não existem homens civilizados sobrevoando a cidade. Não ouço o barulho das sirenes, nem o estrondo dos Katyushas, nem o ruído sofisticado dos mísseis de última geração. Mas passam pelo meu olhar as imagens da devastação, a figura dos mortos, a bandeira amarela e verde do Hezbollah, os tanques israelitas e a estrela de David. No Médio Oriente não existem inocentes, nem processo político, nem “roteiro para a paz”. Israel não vai desaparecer do mapa e os Palestinianos não pretendem ir a lado nenhum. O Hamas e o Hezbollah reconhecem no entanto a utilidade da “entidade Sionista” – ao reunir os judeus num único lugar, a morte de todos os judeus tornou-se no “objectivo político” por excelência. Em Israel, a sensação de cerco e o pessimismo levam aos extremos da guerra e prometem assegurar a paz através da criação de um deserto. No Médio Oriente só a vitória parece garantir a paz. Mas a vitória implica a guerra e a paz perde-se num horizonte riscado pela destruição e pela morte.

O Médio Oriente representa hoje a impotência imperial dos Estados Unidos. Depois da “revolução púrpura” no Iraque, depois da “revolução dos cedros” no Líbano, o Médio Oriente deveria estar no caminho sustentado para uma “nova ordem”. Uma nova ordem caracterizada pela “liberdade” e pela “democracia”. No entanto, a realidade desafia a teoria e o Médio Oriente caminha previsivelmente para o caos. Compare-se a actuação dos Estados Unidos na actual crise com a decisão e a confiança projectadas na crise do Suez em 1956. Compare-se a lenta e hesitante resposta da diplomacia americana hoje com as 24 230 milhas percorridas em 34 dias por Henry Kissinger para garantir um acordo entre Israel e a Síria em 1973. O que deve ser dito é que a política externa dos Estados Unidos está absolutamente centrada na “guerra contra o terror”. Uma guerra contra uma “abstracção” e que ameaça deixar os Estados Unidos sem vestígio de política externa.

Quanto à Europa pouco haverá para dizer. A exigência de uma “cessação imediata das hostilidades seguida por um cessar-fogo sustentável” enquadra-se no estilo e no tom da União Europeia. Um estilo e um tom reféns de uma ideia de “rapprochement”, que funcionou na reconciliação entre a França e a Alemanha, mas que no Médio Oriente são um refúgio para a impotência.

Entretanto, sem “potência dominante” capaz de exercer “infuência”, o Médio Oriente resvala para nova guerra. E quando cair o primeiro míssil em Tel Aviv? Ou em Damasco? Ou em Teerão?

Em Agosto de 1943, os caminhos de ferro da Alemanha cobravam 0.04 Reichmarks por judeu e por kilómetro. Metade do preço por cada criança e descontos especiais para grupos de 400. Não, não se trata de uma campanha de uma qualquer agência de viagens. A Europa em que tudo isso aconteceu é hoje um país distante. Mas eu insisto. Em Agosto de 2006, qual é o preço de uma vida? Deixo pois a questão às consciências deste mundo
."

Carlos Marques de Almeida

11 Comments:

Anonymous Anónimo said...

1 Continuo a pensar que a ONU deu em 1948 um passo incompleto (mais um..), quando criou o Estado de Israel. Ao mesmo tempo deveria ter criado o Estado da Palestina, com todos os Árabes que foram escorraçados pelos israelitas, ou que não quiseram ficar em Israel. 2 Toda a gente tem muita pena do Líbano: mas, pergunta-se, um "Estado" que tem no seu Governo um movimento terrorista deve ser considerado como tal? 3 Enquanto o Irão fôr governado por mullahs,que se perpetuam no poder, por serem os sacerdotes de Maomé... não há volta a dar. 3 Os "complexos" europeus - primeiro com os Judeus, depois com os Palestinianos - continuarão. Ouvir o actual Presidente Europeu (finlandês) dizer que ainda não é altura para a UE reconhecer que o Hezbollah é um movimento terrorista, dá vontade de rir... 4 Avento uma (improvável) solução para a crise: Israel devolve (finalmente) os Montes Golã à Síria, devolve as Quintas de Shebaa ao Líbano, renuncia às pretensões de manter colonatos na Cisjordânia. Uma força da ONU (??) desarma Hezbollah e Hamas, reinstala a Fatah no poder, que se compromete a julgar os terroristas daquele movimento(terrorista que desarma terrorista, tem cem anos de bençãos de Allah) 5 Os Estados Unidos têm de se encontrar "às boas" com a Síria, para isolar o Irão e garantir a paz duradoura com Israel, apoiar fortemente a reconstrução do Líbano. Soluções com democracia no Médio Oriente não levam a lado nenhum, porque aquela rapaziada é tudo menos democrata...

sábado, agosto 05, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Caro Cheli&Chela, o Hezbollah foi criado para resistir à invasão israelita do Líbano em 1982 e tem um pacto com Israel para só atacar alvos militares (note que esta guerra começou quando foi capturado um soldado israelita). De resto, o Hezbollah bombardeia cidades israelitas usando o mesmo critério que Israel usa para bombardear cidades libanesas. Não tem é a mesma capacidade de realizar ataques de precisão. Só aqueles que ouvem um único lado é que são capazes de acreditar que o Hezbollah seja uma organização terrorista. Não o é, trata-se de um movimento de resistência. E dos mais rectos que já existiram, diga-se.

sábado, agosto 05, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Mais rectos? Não me gozem!!!!!

sábado, agosto 05, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Não há solução pacifica e democrática para o Médio Oriente.Uma das "vantagens" do Iraque tambem foi provar isso .Democracia não cabe na agenda do militantismo islâmico.E se juntarmos a isto o facto de Israel estar rodeado por inimigos que não aceitam a sua existencia ,vai para 60 anos ,está claro( os unicos são os milhares de prisioneiros palestinos ,que estão em Israel,mas cuja opinião é desprezada pelos camaradas instalados).Discordo do final: é evidente que a Europa ainda não resolveu o problema de consciencia que tem face aos judeus ,ao longo de séculos.Por isso não quer ver que são eles quem está na nossa civilização e não os árabes.

sábado, agosto 05, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Sim. Só os mais rectos usam hospitais como Quarteis.

sábado, agosto 05, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Também me dá nojo ver os pró-fascistas-islâmicos, ver regozijarem-se, com a morte de inocentes sejam eles ocidentais ou israelitas! O obscurantismo que ensombra a humanidade, parte do principio que os ocidentais e israeltas por serem mais ricos, podem sofrer à vontade! Tristes, fazem-se hipocritamente, muito humanistas, o que é um paradoxo, quando rezam pelo exterminio de outros serem humanos!

sábado, agosto 05, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Não há aqui que não lamente a morte de inocentes! Isso dizem os obscurantistas, ninguém está contra o Líbano, este país é refém de um bando de assassínos que o tomou de assalto e aprisionou a sua população. Como têm dinheiro a jorros, podem dedicar-se à sua tarefa favorita, a guerra! Há libaneses que, sabem bem, e dizem-no, que não são os israelitas os responsáveis, mas os usurpadores!

sábado, agosto 05, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Realmente já enjoa a conversa dos árabes é sempre igual. Ganham tudo são grandes mas caem mais que os outros.Mas quando é que se convencem que não andam a falar com meninos??? Muitas ameaças e caem como tordos. A historia não mente. Depois falam de crianças, eles é que as põem lá. Mas aquilo é alguma coisa??? Tenham mas é juízo!!!

sábado, agosto 05, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Por verificar que há aqui comentadores que veneram os Islâmicos, ofereço bilhetes só de ida para o Irão ou Síria desde que nunca mais retornem a Portugal. Ahaha, então não querem ir. FORÇA ISRAEL.

sábado, agosto 05, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Será o comentador "keoland" o Green Helmet ou o White T-shirt do artigo mais abaixo e intitulado "Who is this man?".

Keoland é um autêntico eco de baboseiras.

sábado, agosto 05, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Extracto de uma entrevista do presidente do Yemen á estação de TV al-jazeera.



Interviewer: "Mr. President, do you support what has been said about incorporating Arab forces in the international force [in Lebanon]?"

Ali Abdallah Saleh: "I haven't heard this, but it is forbidden. I haven't heard about this, but international forces must not serve as a buffer between the Israeli enemy and the resistance. It's forbidden."

[...]

Ali Abdallah Saleh: "I completely reject becoming a police force protecting the security of Israel. Even the agreements between Israel and its neighboring Arab regimes were signed under certain circumstances and have greatly restricted us. Some of these agreements include restrictions. Restrictions that apply to the regimes - keep them, but let the people, the masses, act. Let the people donate money, equipment, weapons, and young men who will join the resistance."

Interviewer: "Do you think that today..."

Ali Abdallah Saleh: "Wait just a minute... Just as we helped Afghanistan to fight the Communist occupation back then - why not help our brothers in Palestine and in Lebanon, who have Arab blood, with mujahideen, with fighters. Why don't we help them, and send money and missiles, like we sent to Afghanistan in order to fight the Communists? This is my opinion, and I present it to the Arab public. This is what we must do. If we do not enter [the war] as regimes, and if we say Hizbullah is dragging us into a war of its choosing - a war that we, the regimes, did not choose... In such a case, we will not enter the war as regimes, as regular armies, with our air forces and our missiles, but we should allow people to volunteer."

[...]

Interviewer: "The secretary-general of Hizbullah said that this is a battle of the nation. Do you agree with him?"

Ali Abdallah Saleh: "Yes, I believe this is a battle for the Islamic nation, not the Arab nation."


NOTE-SE a última afirmação.


E as bestas ainda dizem que os israelitas é que fazem uma guera religiosa.

sábado, agosto 05, 2006  

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