Retratos da pobreza.
"Quarenta anos depois, continuamos demasiadamente assim: pobres, fechados e com uma aparência de modernidade que, ao primeiro embate, se esvanece.
Paradoxalmente, é no Verão, tempo de férias e de entrega a práticas menos comuns ao longo do ano, que mais clara se torna a pobreza do País. Não a pobreza material, que nos torna os mais desiguais da Europa a 15, envergonhando-nos a todos como sociedade, mas a que resultando desta se manifesta de muitas outras formas. Faça-se o exercício de sair do País, estar umas semanas fora e depois regressar, não abruptamente, de avião, mas aproximando-se aos poucos, de automóvel, do Norte da Europa para o Sul. Não há bandeirinhas à janela que nos salvem: continuamos a não resistir à comparação.
O primeiro choque é o da condução nas estradas. Em Portugal vive-se uma autêntica guerra civil, difícil de explicar por critérios racionais. Basta passar a fronteira para as velocidades moderadas serem substituídas pelos ases do volante, em excesso de velocidade permanente e a praticar o desporto nacional de encostar ao carro da frente. O que se passa nas estradas portuguesas não tem paralelo em nenhum País europeu e coloca-nos fora da civilidade, em territórios de pobreza absoluta.
Logo a seguir, o “planeamento” urbano do território. Do interior para o litoral, uma mancha desordenada, provando o empenho nacional em destruir o País: do campeonato de rotundas obtusas no interior norte, acompanhadas pela construção desprovida de identidade e pelo nacional-eucaliptismo, até à construção selvática, violentadora da orla costeira, no litoral. Olhe-se para a forma como se foi construindo em Portugal e não se pode deixar de hesitar entre duas hipóteses: ou incompetência pura de quem tem responsabilidades ou um qualquer eufemismo para corrupção. No fim, fica a dúvida sobre qual das hipóteses é pior. Também aqui somos bem mais pobres do que os nossos parceiros europeus e com a ameaça permanente que paira sobre o litoral alentejano – uma das poucas zonas relativamente imunes ao cataclismo urbanístico –, os sinais são de que queremos insistir no caminho da pobreza.
Depois, o desafio do turismo. Há já bons anos que Portugal, como se costuma dizer, aposta no turismo. Aposta mas é difícil ganhar a aposta quando, salvo excepções, os serviços associados ao turismo são de baixíssima qualidade. Há por exemplo um mito: em Portugal come-se bem. É, em parte, verdade. Mas comer bem implica ter um bom atendimento quando se come fora. Ora, entre nós, os restaurantes alternam entre os de bom preço com qualidade satisfatória e serviço amadorístico e aqueles que têm preços exorbitantes para o que se come e para a forma como somos atendidos. Há ainda a hesitação permanente entre a “opção Quarteira” e a “opção golfe”. No fim, acabamos por não ser competitivos em nenhuma das duas.
Mas, porventura, um dos aspectos mais reveladores da nossa pobreza é o modo como utilizamos os espaços públicos. Nas cidades e vilas do País, o que se vê são ruas desertas. Com um clima menos propício, os europeus vivem fora de casa, nos cafés, ao fim da tarde. Os portugueses – e aqui os jovens são a excepção – vivem fechados em casa, presos na dependência nacional à televisão e ao que ameaça tornar-se o eixo central da nossa identidade cultural: as telenovelas. O declínio da convivialidade e da utilização da rua é um sinal dum país mais pobre e enclausurado pela televisão – em média os portugueses vêem cerca de 3 horas e meia por dia de televisão.
É verdade que nas últimas três décadas e com particular intensidade desde a adesão, Portugal se transformou muito. Nenhum destes exemplos diminui o alcance das transformações sociais ocorridas: somos hoje menos desiguais e com menos pobres, produzimos mais riqueza, temos melhores cuidados de saúde, fizemos crescer exponencialmente a frequência do ensino. Em muitos domínios, designadamente nas práticas de consumo, somos mesmo dos mais “avançados”. Mas, ainda assim, os sinais de modernidade confundem-se com a persistência da pobreza. Ambos são mais visíveis quando nos comparamos com os nossos parceiros europeus. Em meados dos anos sessenta, Alexandre O’Neill, no poema País Relativo, falava dum “País pobrete e nada alegrete,/ baú fechado com um aloquete” (...) e que “engravatado todo o ano (se assoava) na gravata por engano”. Quarenta anos depois, continuamos demasiadamente assim: pobres, fechados e com uma aparência de modernidade que, ao primeiro embate, se esvanece. "
Pedro Adão e Silva
Paradoxalmente, é no Verão, tempo de férias e de entrega a práticas menos comuns ao longo do ano, que mais clara se torna a pobreza do País. Não a pobreza material, que nos torna os mais desiguais da Europa a 15, envergonhando-nos a todos como sociedade, mas a que resultando desta se manifesta de muitas outras formas. Faça-se o exercício de sair do País, estar umas semanas fora e depois regressar, não abruptamente, de avião, mas aproximando-se aos poucos, de automóvel, do Norte da Europa para o Sul. Não há bandeirinhas à janela que nos salvem: continuamos a não resistir à comparação.
O primeiro choque é o da condução nas estradas. Em Portugal vive-se uma autêntica guerra civil, difícil de explicar por critérios racionais. Basta passar a fronteira para as velocidades moderadas serem substituídas pelos ases do volante, em excesso de velocidade permanente e a praticar o desporto nacional de encostar ao carro da frente. O que se passa nas estradas portuguesas não tem paralelo em nenhum País europeu e coloca-nos fora da civilidade, em territórios de pobreza absoluta.
Logo a seguir, o “planeamento” urbano do território. Do interior para o litoral, uma mancha desordenada, provando o empenho nacional em destruir o País: do campeonato de rotundas obtusas no interior norte, acompanhadas pela construção desprovida de identidade e pelo nacional-eucaliptismo, até à construção selvática, violentadora da orla costeira, no litoral. Olhe-se para a forma como se foi construindo em Portugal e não se pode deixar de hesitar entre duas hipóteses: ou incompetência pura de quem tem responsabilidades ou um qualquer eufemismo para corrupção. No fim, fica a dúvida sobre qual das hipóteses é pior. Também aqui somos bem mais pobres do que os nossos parceiros europeus e com a ameaça permanente que paira sobre o litoral alentejano – uma das poucas zonas relativamente imunes ao cataclismo urbanístico –, os sinais são de que queremos insistir no caminho da pobreza.
Depois, o desafio do turismo. Há já bons anos que Portugal, como se costuma dizer, aposta no turismo. Aposta mas é difícil ganhar a aposta quando, salvo excepções, os serviços associados ao turismo são de baixíssima qualidade. Há por exemplo um mito: em Portugal come-se bem. É, em parte, verdade. Mas comer bem implica ter um bom atendimento quando se come fora. Ora, entre nós, os restaurantes alternam entre os de bom preço com qualidade satisfatória e serviço amadorístico e aqueles que têm preços exorbitantes para o que se come e para a forma como somos atendidos. Há ainda a hesitação permanente entre a “opção Quarteira” e a “opção golfe”. No fim, acabamos por não ser competitivos em nenhuma das duas.
Mas, porventura, um dos aspectos mais reveladores da nossa pobreza é o modo como utilizamos os espaços públicos. Nas cidades e vilas do País, o que se vê são ruas desertas. Com um clima menos propício, os europeus vivem fora de casa, nos cafés, ao fim da tarde. Os portugueses – e aqui os jovens são a excepção – vivem fechados em casa, presos na dependência nacional à televisão e ao que ameaça tornar-se o eixo central da nossa identidade cultural: as telenovelas. O declínio da convivialidade e da utilização da rua é um sinal dum país mais pobre e enclausurado pela televisão – em média os portugueses vêem cerca de 3 horas e meia por dia de televisão.
É verdade que nas últimas três décadas e com particular intensidade desde a adesão, Portugal se transformou muito. Nenhum destes exemplos diminui o alcance das transformações sociais ocorridas: somos hoje menos desiguais e com menos pobres, produzimos mais riqueza, temos melhores cuidados de saúde, fizemos crescer exponencialmente a frequência do ensino. Em muitos domínios, designadamente nas práticas de consumo, somos mesmo dos mais “avançados”. Mas, ainda assim, os sinais de modernidade confundem-se com a persistência da pobreza. Ambos são mais visíveis quando nos comparamos com os nossos parceiros europeus. Em meados dos anos sessenta, Alexandre O’Neill, no poema País Relativo, falava dum “País pobrete e nada alegrete,/ baú fechado com um aloquete” (...) e que “engravatado todo o ano (se assoava) na gravata por engano”. Quarenta anos depois, continuamos demasiadamente assim: pobres, fechados e com uma aparência de modernidade que, ao primeiro embate, se esvanece. "
Pedro Adão e Silva
13 Comments:
Não posso deixar de estar de acordo,eu que felizmente viajo ,regularmente, para o estrangeiro(tambem se escrevem comentários no DE,lá de fora...).Não faltarão os "patriotas" acusando de visão negativa.Discordo quando diz que somos menos desiguais.Pelo menos o autor e eu, parece que temos pouco que ver com a Tugalandia..
Concordo, este País está triste e fechado. Tive a sorte de poder estar fora neste verão e de facto é verdade: as pessoas vivem a rua, convivem, utilizam espaços publicos, dão vida às localidades. Aqui só se fala das noites em que os pseudo VIP s se fecham numa FESTANÇA para encherem a pança de FEIJOADA!!!! E é preciso Convite! A televisão passa noite dentro as suas novelas de 5ª categoria em que a mensagem é sempre a mesma: ter dinheiro é que é bom e quem tiver o azar de ser mulher de limpeza ou barman ficará com o ego muito em baixo, pois são profissões não gratas para os «argumentistas» destas lixo-series portuguesas.
Eu posso ter uma imagem errada de tudo o que me rodeia, mas o senhor abusa. A meu ver, sendo tão negativo, deveria pegar no livro de poemas do Alexandre O`Neill, (do qual gosto muito) e ir passar ferias para as Caraibas, talvez voltasse mais "doce". Quanto ao facto de os Portugueses se refugiarem em casa, caro amigo, a actual conjuntura do pais a mais não permite, para que os mais novos possam usufruir da vida, os mais velhos, neste caso os país, tem que se refugiar na televisão para aliviar a tenção de um dia de trabalho. Eu por mim falo... e digo mais, o seu artigo sinceramente trouxe-me tanto animo, como a televisão, com as suas telenovelas e os seus programas da "treta".
Concordo em 100% com o seu artigo. Vou muitas vezes a Espanha (pelo menos 2 vezes por mês) e quando reentro em Portugal sinto sempre o choque. Deixe-me só acrescentar um pormenor que me pôe louco: a falta de sinalização, ou melhor a falta de compreensão do que é e para que serve a sinalização. Deixem-me dar só 2 exemplos. Agora ja ha uma autoestrada que liga Vila Pouca de Aquiar (Tras os Montes) ao Porto. Ha alguns meses a autoestrada ia só de Vila Pouca a Fafe. Eu vivo no Porto e a primeira vez que la passei a autoestrada terminava, perto de Fafe, e depois surgia uma bifurcação com indicaçoes de "Fafe Nascente" e "Fafe Poente". Desatei aos berros! Tambem ha dias, vindo de Espanha, entrei na Guarda, para almoçar, e acredite não consegui sair sozinho. E a Guarda é uma cidade pequena. Umas pessoas diziam-me para virar à esq. . outras à direita. Finalmente um individuo disse-me que tambem ia para o IP5 e que o seguisse. Assim fiz, passei por uma data de rotundas, com várias saidas mas, claro, sem qq indicação, e finalmente consegui entrar no IP5- Em Espanha quando uma pessoa se aproxina de uma qq cidade vê logo as indicaçoes "centro de ciudad" e os vários destinos possiveis. Eu não tenho dificuldade em entrar ou sair de qq cidade espanhola. Mas na Guarda (sim na Guarda) vi-me aos papeis. Eu penso que este problema é mais que simbólico. *e uma prova da pouca inteligencia dos portugueses. É preciso compreender que a sinalização não é para os habitantes locais mas para os "outros" e é preciso ter-se um mínimo de inteligencia para compreender as possiveis dificuldades dos outros. Ainda voltando à Guarda. A cidade estava cheia de indicaçoes: catedral, e a gente estava mesmo a ver a catedral, igreja de N Sra de não sei quantos. Só não tinha indicação das sídas. Para terminar, quando regresso de Espanha a Portugal começo sempre a dizer asneiras
Mais uma vez se prova que Portugal é um país de excelentes trabalhadores, governado por incompetentes. A falta de "planeamento" urbano e o desprezo com que utilizamos os nossos espaços públicos é a constatação que, de facto, não sabemos perspectivar o nosso futuro colectivo. A crueldade com que nos defrontamos nas estradas e auto-estradas é o espelho da nossa fúria e impotência face ao futuro que deveria ser canalizada para acções mais promissoras e frutuosas, mas também aqui falta um desígnio colectivo. Portugal é cada vez menos um país e mais uma pequena "aldeia" (semi-gaulesa), onde os quintais cheios de fruta podre proliferam, mas onde ninguém pretende "mexer" uma palha em nome do status-quo reinante.
Estou de acordo com mais esta leitura da pobreza! Só quem nunca viu “ outra coisa “, é insensível a este estado de coisas. O ordenamento urbano e rural, ou é desequilibrado, ou simplesmente não existe. É geral: tanto se pode observar na degradação habitacional de uma Lisboa, com entulhos e excrementos de cães aqui e acolá, como naqueles parques de campismo da Costa da Caparica, junto às praias, mais parecendo campos de refugiados algures no Médio Oriente… Recordo ainda os fins de uma tarde de Verão num país da Europa…Tanto se podia conviver num frugal churrasco, como agarrar na bicicleta e ciclovia fora, pedalar até ao lago mais próximo, antes de um bom mergulho. E quantas vezes, assistir aí ao cinema ao ar livre, em festivais estivais. Qual televisão, qual internet? Deixo a políticos/autarcas deste país, esta observação lançada um dia por um embaixador italiano: “ Seria bom combinar o método do Norte com a fantasia do Sul…”. Mas por favor, comecem por abrir alas ao bom gosto, à competência!
A acrescer a tudo o que foi dito, queria acrescentar mais isto: Hoje apesar das baixas taxas de juro praticadas pela banca, como é possível e legalmente permitido que apareçam insistentemente ofertas de crédito do tipo - crédito já - com taxas de juro de 35% !!! ? Proibe-se a publicidade às bebidas alcoólicas, ao tabaco e outras e permite-se publicidade desta ? Mas em que país é que estamos ?
Actualmente encontramo-nos numa situação diferente de à três décadas atrás, estamos mais endividados, menos competitivos com os mercados emergentes e com um menor poder de compra. Isto reflecte-se no tradicional sentimento lusitano de pessimismo. Já Camões o dizia e depois de séculos de história não o conseguimos apagar da nossa matriz cultural. É fácil viver um ritmo diária constante, de trabalho, casa, casa , trabalho. Onde os tempos mortos são ocupados com a pedagógica ficção nacional. Onde está o livro de cabeceira na família portuguesa? Onde está o habito, na família tradicional portuguesa, do convívio com a família fora das 4 paredes de casa? O português sempre gostará das soluções mais fáceis na sua vida. Até na ocupação dos seus tempos livres, na educação dos seus filhos, pois é mais trabalhoso ocupar uma criança, ou incutir-lhe o habito da leitura, do que a colocar a assistir à floribela ou aos moranginhos em frente de um televisor. É este o designo nacional, quanto menos trabalho melhor…
De facto, tem toda a razão nos comentários que faz. Aliás, quase toda a gente diz o mesmo, isto na teoria, porque na prática não acontece o mesmo. Governantes, colunistas e população em geral, já há muito, muito tempo que fizeram o diagnóstico da situação do País. Portugal é um País verdadeiramente suis generis. Veja-se por exemplo: os empresários falam sempre em liberalização do mercado e no consequente afastamento do Estado intervencionista, para logo a seguir andar a mendigar subsídios e outras benesses. Os actuais governantes, os anteriores e os anteriores dos anteriores já fizeram as suas promessas, mas ainda não as cumpriram- o castigo divino será severo! Os sindicalistas - sempre os mesmos desde o 25 de Abril, continuam na sua cruzada, que é legítima - apesar de em certos aspectos ser no mínimo demagógica, mas sem grandes resultados. Os trabalhadores, muitos deles falam em falta de condições de trabalho, salários reduzidos, e no entanto o Algarve está a abarrotar - e, não é seguramente apenas com o Jet 7 da linha de Cascais que lá se econtra, já para não falar dos inúmeros que vão gozar o seu descanso para outras paragens mais ou menos longínquas. Portugal nunca foi, e nunca será um País onde as pessoas mais ou menos responsáveis façam alguma coisa de jeito para mudar a situação vigente. Lembro nesta ocasião, o CAPITÂO de ABRIL Salgueiro Maia, que arriscou a sua vida na Revolução, para depois levar um pontapé nos rins dos governantes, saber-se-á lá porquê, talvez por não ter alinhado nem com a Direita, nem com a Esquerda, ainda se questionará lá em Cima: Para que é que serviu o 25 de Abril?
FALTA AINDA ACRESCENTAR, QUE ESTE POVO PACÓVIO SÓ SE PREOCUPA EM ANDAR EM BONS AUTOMOVEIS SENDO MAIS DA METADE DOS QUAIS PROPRIEDADE DOS BANCOS QUE GANHAM MILHÕES A CUSTA DE UM POVO QUE NÃO SABE VIVER DE UMA FORMA MAIS MODESTA E EQUIPARADA À RIQUEZA QUE SE PRODUZ EM PORTUGAL
Bem, perante os factos, que pode ser acrescentado sem que nos chamen velhos do restelo? Mas a realidade é que não sabemos, não queremos e não podemos ser outra coisa senão....PORTUGUESES! Assim, temos de voltar a ser, saír dos terríveis diagnósticos que por todo o lado são feitos e tentar outras vias! Somos um povo original, é certo, e por isso Portugal(o sítio onde tudo corre mal) ainda existe enquanto houver quem o aguente, e pode ser que dos constantes diagnósticos seja possível passar às verdadeiras soluções, pois, pelos vistos, generosidade não falta aos portugueses, que, sendo pobres, ainda ajudam os mais pobres. Para não se perder esse capital, para recomeçar-mos, experimentem não dar cabo da juventude e das famílias, especialmente as mais numerosas. Experimentem incutir a verdadeira moral,punindo os diletantes, os mistificadores, os oportunistas e restaurar uma saudável autoridade moral, que sirva de raíz para o recomeço! A dúvida é se é ou não com "esta gente", a dúvida é para para onde "esta gente" nos quer realmente levar, se para Portugal, se para "parte incerta"! Que adianta perguntar para que serviu o 25A? O que importa é o que ainda podemos fazer e com quem!
Se muito disto já foi dito, não é melhor alternativa ficar calado e resignado. Impõe-se no entanto encontrar razões e soluções. Modestamente, penso que parte do problema, e sei que isto é polémico, é o miserabilismo da geração nascida durante o Estado Novo. O andar frustrado na estrada, para depois se encerrar em casa a observar melhores vidas ficcionadas, é a consequência natural de crescer sob um regime que, mais que repressivo, procurava abertamente manter os portugueses numa "rotina mediocre" - sucesso. E isto, sem quaiquer laivos Esquerda VS Direita, é realmente triste.
Alinho em absoluto pelo seu artigo.Sou dos que teve de sair de Portugal para viver (e nao me indigno como o Sr Ex-Presdente da Republica a proposito do seu querido filho.Esse ex-politico parece que nao sabe quantos portugueses ha no estrangeiro). Nunca deixei de regressar ao meu pais com a esperança de que alguma coisa tenha mudado. Todavia também com o avançar da idade, vejo o meu país como voce o descreve no artigo. Agravo o tom do mesmo por considerar ser um país tomado por meia duzia de industriais, curiosamente a maioria dos quais fugiu no 25 de Abril, e por uma organizaçao religiosa da Igreja Catolica. Assisto a um imprensa amorfa e afogada na necessidade de ter resultados mensais para pagar salarios e a uma "salutar transmissao" de direitos de propriedade e de gestao por um pequeno grupo de ilumidados mas ,substancialmente, incompetente. Os outros tem direito de consumir o que o seu magro salario lhe permite em 3 grandes cadeias comerciais, em duas companhias telefonicas e, no maximo, em dois bancos. E tudo isto perante uma entidade que parece que tem por finalidade de garantir a concorrencia... . Bom afinal é preciso garantir mais uns empregos para os donos da causa...Saudacoes lusitanas e saudades dos pasteis de nata.
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