Os erros dos americanos.
1/ "O mundo mudou depois do 11-9-2001. Mudou para pior. Os objectivos a que a Administração Bush se propôs foram gorados."
Joana Amaral no DN
2/ "Como perdemos o 11 de Setembro.
João César das Neves no DN
3/ "Ferida aberta"
António José Teixeira no DN
"Há uma coisa admirável nos que por cá apontam erros à administração Bush. É que eles são portugueses. Os mesmos que toleraram com grande estoicismo os erros dos respectivos governantes. Viveriamos num país muito melhor se metade da energia que é usada para denunciar os erros de Bush fosse usada para denunciar os erros de Sócrates.
Em contrapartida os europeus, com a possível excepção de Blair, não cometem erros. Já alguém ouviu falar dos "erros do Chirac" ou dos "erros do Zapatero"? Não. Tais expressões estão excluídas da discussão pública onde a única coisa que interessa é discutir os erros dos americanos. São os erros dos americanos que estão a prejudicar o nosso combate ao terrorismo. São os erros deles e o nosso combate. Isto porque o europeus também combatem o terrorismo, mas não cometem erros. Trata-se de uma colaboração assimétrica entre americanos e europeus. Os americanos contribuem com aviões, mísseis, exércitos, serviços de informações, campos de prisioneiros (e ao que dizem também contribuem com tortura). Os europeus contribuem com posições ambíguas que favorecem Sadam Hussein, o Irão e o Hezbollah, com deserções das forças internacionais, com inquéritos aos voos da CIA, com manifestações pela paz e com as críticas aos erros dos americanos.
A capacidade de identificar erros cometidos no desenrolar de processos complexos não pode deixar de ser uma característica de uma mente superior. Uma mente para quem a guerra não tem segredos, para quem as sociedades podem ser finamente controladas, para quem o futuro não tem imprevistos, para quem todos os erros são evitáveis. Ou de uma mente superior, ou de uma mente com a extraordinária capacidade de prever o passado. Eu sinceramente também não percebo por que é que deixaram levantar o voo 93. Nem percebo por que é que não mandaram abater os restantes aviões depois do primeiro embate. Afinal era tudo tão fácil."
Blasfémias
5 Comments:
Ora. ora, o homem gosta de um broche bem feito, porque a outra cuspiu e a dele engole se for preciso para ser a futura.
lembro que o terrorismo islamita já existia muito antes do 11-S e atacou países que hoje insistem em ajoelhar-se perante ele. Em 1995, Paris sofreu vários atentados terroristas por parte do GIS argelino, numa Jihad contra este país em particular, acusado de perseguir o Islão com o seu laicismo. Já antes (1992) um dos imãs mais importantes de Paris proclamava que daí a 20 anos a França seria um país islâmico. A Espanha, já depois da "orgulhosa" retirada das tropas do Iraque feita por Zapatero dias depois dos atentados de Madrid, teria sido alvos de novos atentados não tivessem estes sido impedidos pela acção das forças de segurança. E isto porque existe a Jihad pela reconquista do Al Andalus (Península Ibérica), algo que já existia muito antes do 11-S e que foi recentemente lembrado pelo nº2 da Al Qaeda. O pior cego é aquele que não quer ver, e este atirar das culpas para cima dos EUA, além de injusto e contraproducente, é acima de tudo uma perigosa ilusão que alguns (por razões que a Razão desconhece) insitem em alimentar.
Diz-se que só resolve metade do problema com "uma guerra ideológica, pelo coração e pela alma das pessoas". É bem certo que a cenoura é indispensável, mas sem o pau a solução não funciona. Senão ficamos numa posição de "saco de encher" dos terroristas, a escorrer sangue mas sempre muito compreensivos com as suas nobres causas, na esperança de eles pararem, comovidos com a nossa capacidade de encaixe. Mas vá lá, meia solução já é um progresso face a intervenções anteriores deste colunista...
Na verdade, os piores inimigos da Al-Qaeda sempre foram os governos árabes e os militantes da "Irmandade Muçulmana". As divisões entre as várias tendências só se esbatem perante as ameaças. Após o atentado, a opinião pública ocidental tendeu a desconfiar indiscriminadamente de todas as instituições maometanas. Após os ataques ocidentais na região, a opinião pública árabe elevou os terroristas a heróis e tornou difícil a sua perseguição pelas polícias locais. Deste modo a desconfiança mútua cresceu acentudamente. A espiral da crueldade subiu mais um furo.
O acontecimento de há cinco anos, único em décadas de terrorismo, nasceu de enorme audácia, cuidadosa preparação e muito azar.
Há décadas que a famigerada Al-Qaeda ansiava pela visibilidade. As reacções ao desastre elevaram-na à condição de grande actor da cena internacional. A sua realidade é nebulosa, mas foi-lhe atribuída a pior arma possível contra o Ocidente burguês e consumista. Uma velha máxima da História diz que nada faz mais medo aos que vivem no conforto que o alegado desprendimento de quem se entrega a uma causa. Há 158 anos foi declarado: "Os proletários nada têm a perder a não ser suas algemas" (Marx e Engels, Manifesto do Partido Comunista, 4). Era mentira, mas o grito fez tremer o sistema capitalista e quase o venceu. Hoje os jornais falam de multidões de jovens islâmicos capazes de desprezar a vida.
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