domingo, outubro 15, 2006

Crise,

"Acho que a crise acabou totalmente, acho que agora a dúvida que há é quanto a nossa economia vai crescer." [sexta-feira]

"Não se decreta o fim de uma crise, isso é algo infantil e de quem não percebe nada de economia." [sábado]

Ministro da Economia Manuel Pinho

"Num país melancólico, é sempre bom haver ministros bem-dispostos, que sabem que atacam a maldita crise existencial dos portugueses com uns ditos que puxam à gargalhada. Afinal, terá sido esse o caso. O ministro queria pôr os portugueses a rir um bocado. Até porque, que diabo, a crise é relativa. Tecnicamente, não estamos em reces-são porque a economia cresce há vários trimestres consecutivos. Tecnicamente, a administração pública está a ser "desengordurada", para usar a palavra do ex-dirigente socialista Jorge Coelho. Tecnicamente, a mesma receita está a ser aplicada na saúde, na educação. Tecnicamente, só temos razões para estar felizes. Portanto, abaixo a crise! "Desengordure-se" a crise!

O problema é que a crise existe cada vez menos "tecnicamente", mas ela persiste em manter-se na vida real de muitos portugueses. Desde logo, na vida daqueles que vão pagar mais pelas novas taxas moderadoras e que, ainda por cima, levam uma reprimenda de uma antiga ministra da Saúde socialista como se fossem uns malandros que queriam tudo de borla a vida inteira. Ou na vida dos idosos que não têm dinheiro para pagar medicamentos. Ou das famílias que gastam todos os anos uma fortuna em livros e materiais escolares, alojamento e transporte de filhos que estudam fora da área de residência. Ou dos jovens licenciados que não encontram emprego. Ou dos operários que vêem as fábricas fechar
(mais aqui)."

Editorial do DN
Podem dar as explicações que quiserem. E o Orçamento de Estado chega amanhã…

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