Luz de Outubro
"O secretário de Estado Castro Guerra já ganhou o prémio “frase cretina 2006”. Por mais disparates que governantes ou outros digam até ao final do ano, a sua frase sobre o aumento dos preços da electricidade é difícil de ultrapassar, na forma e no conteúdo. Dizer que “são os consumidores que devem este dinheiro. Não é mais ninguém (...) Este défice tem de ser pago por quem o gerou” é roçar o absurdo. Ao pé disto, a célebre fase do ministro Manuel Pinho sobre o fim da crise não é nada.
A frase de Castro Guerra mostra a falta de “acountability” que ainda impregna o nosso Estado. Os nosso dirigentes não têm que nos prestar contas a todos os minutos nem fazer o que a opinão pública deseja. Devem cumprir mandatos e executar programas. Mas devem, também, fazer um esforço para não serem autistas e, já agora, perder um pouco de tempo a explicar as medidas mais difíceis ou menos compreensíveis. E é muito difícil de aceitar ou compreender um aumento de 15,7% nas tarifas de electricidade...
Sinceramente não sei o que passa pela cabeça do governo ou da ERSE quando anunciam um aumento destes. Não tenho conhecimentos técnicos para discutir a fórmula que suporta este aumento. Mas tenho bom senso suficiente para perceber que o aumento é inadmissível, e por muitas razões: a) por que raio é que existe um défice tarifário em 2006? b) porque é que os consumidores domésticos têm que pagar os custos das renováveis? c) porque é que a indústria portuguesa tem que ser subsidiada na energia? d) porque é que a liberalização do sector é uma mentira? e) porque é que a EDP apresenta progressões geométricas de lucros todos os anos? f) porque é que tenho que pagar nesta factura os programas da Merche Romero na RTP ou os SPA da Marisa na RTPN?
Sempre defendi entidades reguladoras fortes e independentes. São a única maneira de deixar o mercado funcionar e de afastar o Estado do jogo dos subsídios e das protecções. Este caso revela tudo o que ainda há de mal em Portugal. A entidade reguladora anuncia 15,7% de aumento com a mesma naturalidade com que pede uma bica cheia, o governo subsidia as renováveis (e tudo o resto) estando-se nas tintas para quem paga a factura e, por cima disto tudo, ainda temos um secretário de Estado incendiário.
Não sou muito de reivindicações tontas ou de movimentos contestatários tão na moda dos dias de hoje. Mas este aumento é absolutamente injustificável. Ninguém me consegue explicar o contrário. Talvez porque a frase de Castro Guerra ainda não me tenha saído da cabeça. E acho que não vai sair tão cedo."
Ricardo Costa
A frase de Castro Guerra mostra a falta de “acountability” que ainda impregna o nosso Estado. Os nosso dirigentes não têm que nos prestar contas a todos os minutos nem fazer o que a opinão pública deseja. Devem cumprir mandatos e executar programas. Mas devem, também, fazer um esforço para não serem autistas e, já agora, perder um pouco de tempo a explicar as medidas mais difíceis ou menos compreensíveis. E é muito difícil de aceitar ou compreender um aumento de 15,7% nas tarifas de electricidade...
Sinceramente não sei o que passa pela cabeça do governo ou da ERSE quando anunciam um aumento destes. Não tenho conhecimentos técnicos para discutir a fórmula que suporta este aumento. Mas tenho bom senso suficiente para perceber que o aumento é inadmissível, e por muitas razões: a) por que raio é que existe um défice tarifário em 2006? b) porque é que os consumidores domésticos têm que pagar os custos das renováveis? c) porque é que a indústria portuguesa tem que ser subsidiada na energia? d) porque é que a liberalização do sector é uma mentira? e) porque é que a EDP apresenta progressões geométricas de lucros todos os anos? f) porque é que tenho que pagar nesta factura os programas da Merche Romero na RTP ou os SPA da Marisa na RTPN?
Sempre defendi entidades reguladoras fortes e independentes. São a única maneira de deixar o mercado funcionar e de afastar o Estado do jogo dos subsídios e das protecções. Este caso revela tudo o que ainda há de mal em Portugal. A entidade reguladora anuncia 15,7% de aumento com a mesma naturalidade com que pede uma bica cheia, o governo subsidia as renováveis (e tudo o resto) estando-se nas tintas para quem paga a factura e, por cima disto tudo, ainda temos um secretário de Estado incendiário.
Não sou muito de reivindicações tontas ou de movimentos contestatários tão na moda dos dias de hoje. Mas este aumento é absolutamente injustificável. Ninguém me consegue explicar o contrário. Talvez porque a frase de Castro Guerra ainda não me tenha saído da cabeça. E acho que não vai sair tão cedo."
Ricardo Costa
9 Comments:
Ó Dr. Ricardo Costa isso nem parece seu.Então não sabe que o PCP,no dia 31 de Agostso de 2006 tornou pública uma nota com o título "Liberalização rima com aumento das tarifas eléctricas".Dou-lhe só esta dica"as experiencias em países da UE em matéria de liberalização do mercado da energia são elucidativas".depois,"mas o mais sigificativo é que os prços começaram a subir de forma desenfreada,tendo havido na Inglaterra,para os consumidores domésticos,aumentos nas tarifas na ordem dos 40%".Estou de acordo consigo quanto às merches,marisas,futebois às toneladas.Mas vocês na SIC também não fazem melhor.Será que não tiveram conhecimento da realização no passado fim de semana em Almada do Forum Social Português? Para terminar; amanhã mande alguém à aula magna cobrir a homenagem ao Vasco de a quem em TELEX alguém escreveu "compaheiro Vasco quem lhe escreve é o tal Orlando de quem v.tem um livro em casa".Saúde...
O Sr. Ricardo Costa admite desde logo que nao percebe nada do assunto mas nao se inibe de fazer as perguntas mais "cretinas" (estas sim merecedoras de um prémio especial) do ano. Se nem os jornalistas económicos sao capazes de entender os conceitos económicos mais simples torna-se uma de facto uma fatalidade termos um povo tao bruto e ignorante. Respondendo 'a sua pergunta de fundo, é fácil perceber (para quem quer) que é precisamente pelo facto de termos um regulador independente e forte que o aumento de tarifas proposto foi de 15%, isto pelo simples facto de que era o necessário para cobrir o aumento dos custos (sobretudo combustveis e renováveis). Ser independente aplica-se para o mal e para o bem. Respondendo 'as outras perguntas tolas:a) por que raio é que existe um défice tarifário em 2006? [porque em anos anteriores as tarifas nunca aumentaram o necessário para reflectir a subida do petróleo de 30 para 60 dólares) b) porque é que os consumidores domésticos têm que pagar os custos das renováveis? (se nao forem os consumidores serao os contribuintes certo? ou acha que algum privado vai fazer caridade?) c) porque é que a indústria portuguesa tem que ser subsidiada na energia? (porque se nao fecha, empregos perdem-se e votos também) d) porque é que a liberalização do sector é uma mentira? (porque as tarifas eram mantidas artificialmente baixas e portanto é um mercado com margens nulas ou negativas que nao atrai novos operadores) e) porque é que a EDP apresenta progressões geométricas de lucros todos os anos? (é melhor fazer o trabalho de casa e olhar para os números da EDP antes de falar, vai ver que a EDP hoje em dia é muito mais que electricidade em Portugal onde os lucros caem ha anos) f) porque é que tenho que pagar nesta factura os programas da Merche Romero na RTP ou os SPA da Marisa na RTPN? (o que é que isto tem a ver com as calças?) cumprimentos
Os meus parabéns ao Ricardo Costa. Conseguiu sintetizar muitas das perplexidades com que me tenho defrontado nos últimos dias e, tenho a certeza, também muitos portugueses! Mas permito-me acrescentar mais algumas: a) Porque é que o preço da electricidade em Espanha é, em média, 20% mais barata que em Portugal? b) Porque é que as empresas espanholas praticam, e com largos lucros, em Espanha preços 20% mais baixos e aqui em Portugal os seus representantes dizem que se o preço não aumentar 16%, não é possível instalarem-se por não ser um mercado rentável? c)Porque é que em Portugal qualquer liberalização resulta SEMPRE em prejuízo do consumidor? Gostaria muito de ver esclarecida essa história do "défice tarifário". Porque, ou me engano muito, e a avaliar pelos resultados da EDP e das empresas do sector energético, deve tratar-se de um "defice" VIRTUAL, que só existe pq alguém pensou, há algum tempo em pôr exclusivamente sobre os ombros dos consumidores os custos das energias alternativas, poupando esse fardo às empresas energéticas, quando, no futuro são elas que vão ganhar com a comercialização e banalização dessas fontes de energia. Haja pachorra, que já É DEMAIS!!
É simples Ricardo, trata-se de uma encenação do melhor que se viu nada mais. Entretanto levamos com um aumento de apenas 8% que por usa vez é apenas 4x superior à taxa de inflação prevista. Obrigado governo que legislou para nos salvar dos 15,7%... Continuam a olhar para o eleitorado como uma cambada de imbecis e enquanto continuarmos a aceitar situações destas é o que merecemos.
Parabéns, pelo raciocínio correcto. Já agora, e em referencia a outros comentários, gostaria de referir o seguinte: 1. No caso dos combustíveis e dos automóveis, é de conhecimento geral, porquê que são cerca de 30% a 50% mais caros em Portugal do que em Espanha. O Estado Português é muito GORDO. deresto, Portugal pagará os mesmos valores à Arábia Saudita e Venezuela que espanha (o petróleo). E Portugal pagará os mesmo valores que Espanha, à Alemanha e à França (os automóveis). 2. Todos sabemos proquê que o Estado é GORDO. O Ministro santos quer que o estado continue ANAFADO em 2007, ao manter melhares de funcionários públicos ANAFADOS. Em vez de aumentar os salários decentemente e colocar na rua, os que nada fazem, ...não. É a política de "baixo nível": aumentos e carreiras, para ninguém. Não há motivação que aguente. 3. Quanto à questão do Ricardo costa não saber nada sobre a fórmulda da energia, até é aceitável. Mas, o ricardo Costa sabe que a inflação anda nos 2% a 3%, pelo que um aumento num bem essencial equivalente a 5 a 7 vezes a inflação, é INACEITÁVEL. 4. Quanto à não contestação de Ricardo Costa, a gente percebe porquê! Era o que faltava os "encostados ao poder" também contestarem....
Aprecio imenso os seus comentários, noto aliás uma grande humildade da sua parte, quando se refere ao povo português como sendo um povo bruto e ignorante, uma vez que julgo que V.Exa. faz parte do mesmo. Relativamente ao seu conceito de entidade reguladora independente, seria interessante revelar quem nomeia os titulares da mesma. Por outro lado a EDP não é necessáriamente uma empresa privada e independente, reveja os seus trabalhos de casa! É natural que este povo "bruto e ignorante" se sinta estupefacto perante opiniões como a sua, sabendo nós que cerca de dois milhões estão no limiar da pobreza! Não será esse concerteza o seu caso.
seja sério e honesto. O crude esteve em 85usd, e neste momento está fixo nos 60. nem as maluqueiras da Coreia do Norte fizeram balançar. Depois, há que referir a valorização do Euro face ao USD, pois o crude é pago na moeda norte-americana. Portanto a que explicar melhor a história do aumento, e porque cabe ao consumidor residencial subsidiar as empresas, arcar com os custos da poluição da industria, suportar os custos das renováveis e garantir à partida um retorno para as empresas que vencerem o concurso das eólicas e das centrais de co-geração. Querem lucro!? Vão ao LIVRE MERCADO, e não algo feito à medida...
O grave nem será dizer disparates.
Qualquer um está sujeito ao erro.
O grave é ACREDITAR E DEFENDER os disparates que se dizem.
E nas declarações deste Secretário de Estado, observou-se plena convicção, no conteúdo da mensagem.
Autismo ou incompetência ?
Para este caso, a demissão imediata.
Seria ...
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