Arredondamentos de um lado, casos bicudos do outro
"No dia em que os bancos inundaram os portugueses com os chamados ‘spreads zero’, e não foi há muito tempo, muitos se questionaram sobre o que ganhariam as instituições financeiras com o negócio. Em traços largos, um banco dizer que faz um ‘spread’ de 0% é quase como quem diz “eu vendo as batatas pelo preço a que as comprei”. Ou ainda, dou-me ao trabalho de vender, mas não ganho nada com isso. Raciocínio errado. Os bancos dificilmente deixarão de ter lucro, ainda que com “margens” de 0%. Porquê? Porque tem, de facto, direito ao ‘spread’ quase nulo que tiver uma mão-cheia de produtos contratados com o banco, cartões, créditos, seguros, etc. Ou seja, se o banco não vai buscar o lucro a um lado, vai buscar ao outro. Portanto, é o que vai acontecer com a legislação aprovada ontem, a dos arredondamentos à milésima. A serem correctos os números da Associação de Consumidores e Utilizadores de Produtos Financeiros, os arredondamentos praticados pelos bancos geram, pelo menos, 73 milhões de euros de ganhos para as financeiras. A questão é que os bancos não abrirão mão destes montantes, e as negociações dos créditos, muito provavelmente, serão penalizadas. Resumindo, se o dinheiro não entra por um lado, entra pelo outro."
Ricardo Salvo com Bruno Proença e Francisco Teixeira
Ricardo Salvo com Bruno Proença e Francisco Teixeira

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