É a economia, estúpido.
"Com a ‘performance’ económica dos últimos anos, Portugal limita-se a contribuir para as alterações climáticas sem produção de riqueza. A causa do ambiente foi sequestrada pela Esquerda. Com poucas e honrosas excepções, os ambientalistas são verdes na aparência e vermelhos na essência. Para os verdes, as alterações climáticas seriam uma parábola da ganância, do egoísmo e da estupidez do Ocidente. Os responsáveis por este estado de coisas constituem um clássico do género – o imperialismo da América, a insaciável exploração dos recursos naturais, a conspiração internacional de um capitalismo predador, os cínicos que insistem em não aceitar a realidade dos factos. As vítimas das alterações climáticas seriam os pobres deste mundo. Vítimas do silêncio colaborador de uma pequena minoria de consumidores ricos. O ambiente foi transformado num apêndice ideológico de uma Esquerda em desespero de causa.
Para além do efeito político instrumental, o debate sobre as alterações climáticas tem sido orientado por considerações de ordem moral. E orientado ainda por uma infindável discussão científica sobre a existência, a dimensão e a consequência do fenómeno. Neste contexto, surge então a importância do relatório Stern. Com base numa análise custo-benefício, Nicholas Stern enquadra as alterações climáticas na perspectiva de uma falha de mercado. Uma falha de mercado tão devastadora que poderá originar uma recessão económica mais profunda do que a Grande Depressão de 1929. E com um custo combinado equivalente ao de duas guerras mundiais. Nicholas Stern analisa as alterações climáticas da perspectiva da ciência económica e não hesita em colocar uma etiqueta com o preço.
Mas o que está verdadeiramente em causa será o modelo de desenvolvimento. E a redução imediata das emissões de carbono para a atmosfera. Consideremos então o caso de Portugal. De acordo com o protocolo de Kyoto, e tendo como referência os valores de 1990, Portugal estaria autorizado a aumentar as emissões de carbono em cerca de 27% até ao ano de 2010. De acordo com as últimas projecções, as emissões de carbono em 2010 serão 42.7% superiores aos níveis de 1990. Com a ‘performance’ económica dos últimos anos, Portugal limita-se a contribuir para as alterações climáticas sem produção de riqueza. Com um crescimento económico residual, Portugal é apenas uma fonte de poluição. Uma situação que, a prazo, poderá comprometer seriamente as boas intenções de qualquer Governo.
As questões do ambiente deixaram de ser uma causa e passaram a ser um problema. Um problema que os Governos terão de enfrentar numa perspectiva internacional. O tempo dos pequenos grupos vocais e ideológicos passou à História. Mas o que não deixa de surpreender é o silêncio do primeiro-ministro. E a surpresa de um ministério do Ambiente invisível. Recorde-se que Sócrates foi ministro do Ambiente num tempo em que a ecologia era uma bandeira do Socialismo e um símbolo de desenvolvimento. Para além da consciência e da conveniência, o ambiente ficou esquecido. Imóvel e esquecido entre uma vaga de calor e a subida anunciada do nível do mar."
Carlos Marques de Almeida
Para além do efeito político instrumental, o debate sobre as alterações climáticas tem sido orientado por considerações de ordem moral. E orientado ainda por uma infindável discussão científica sobre a existência, a dimensão e a consequência do fenómeno. Neste contexto, surge então a importância do relatório Stern. Com base numa análise custo-benefício, Nicholas Stern enquadra as alterações climáticas na perspectiva de uma falha de mercado. Uma falha de mercado tão devastadora que poderá originar uma recessão económica mais profunda do que a Grande Depressão de 1929. E com um custo combinado equivalente ao de duas guerras mundiais. Nicholas Stern analisa as alterações climáticas da perspectiva da ciência económica e não hesita em colocar uma etiqueta com o preço.
Mas o que está verdadeiramente em causa será o modelo de desenvolvimento. E a redução imediata das emissões de carbono para a atmosfera. Consideremos então o caso de Portugal. De acordo com o protocolo de Kyoto, e tendo como referência os valores de 1990, Portugal estaria autorizado a aumentar as emissões de carbono em cerca de 27% até ao ano de 2010. De acordo com as últimas projecções, as emissões de carbono em 2010 serão 42.7% superiores aos níveis de 1990. Com a ‘performance’ económica dos últimos anos, Portugal limita-se a contribuir para as alterações climáticas sem produção de riqueza. Com um crescimento económico residual, Portugal é apenas uma fonte de poluição. Uma situação que, a prazo, poderá comprometer seriamente as boas intenções de qualquer Governo.
As questões do ambiente deixaram de ser uma causa e passaram a ser um problema. Um problema que os Governos terão de enfrentar numa perspectiva internacional. O tempo dos pequenos grupos vocais e ideológicos passou à História. Mas o que não deixa de surpreender é o silêncio do primeiro-ministro. E a surpresa de um ministério do Ambiente invisível. Recorde-se que Sócrates foi ministro do Ambiente num tempo em que a ecologia era uma bandeira do Socialismo e um símbolo de desenvolvimento. Para além da consciência e da conveniência, o ambiente ficou esquecido. Imóvel e esquecido entre uma vaga de calor e a subida anunciada do nível do mar."
Carlos Marques de Almeida

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