Salário mínimo.
"O salário mínimo nacional (SMN) vai crescer a um ritmo médio anual de 5,3% até 2011. Este é o principal resultado da longa negociação encetada pelo ministro do Trabalho com as confederações patronais e as centrais sindicais, que resultou ontem num acordo tripartido. Apesar de este aumento de 4,4% se situar bem acima da previsão de inflação (de 2,1%), os trabalhadores mais mal pagos no País correm o risco de ver os 17 euros adicionais serem absorvidos, parcial ou totalmente, pelo agravamento do custo de vida. Basta pensar no caso de um trabalhador que suporte mensalmente uma factura de electricidade de 30 euros, compre o passe social mais barato possível e esteja a pagar ao banco, pela sua casa, uma prestação de 250 euros: em 2007, esta despesa conjunta vai agravar-se em quase 15 euros, reduzindo o aumento de 17 euros a apenas dois euros (e isto excluindo outros aumentos previsíveis) (mais aqui). "Parece que o acordo histórico de Sócrates não é assim tão bom. A questão da actualização do salário mínimo é simples: o salário mínimo português é dos mais baixos da Europa e é socialmente importante não ficarmos mais para trás. Mas pode o país suportar uma subida do salário mínimo? As empresas que pagam o actual salário mínimo aos seus funcionários fazem-no, não porque eles são pouco produtivos, mas porque querem aumentar a margem de lucro. Depois existe a pouca importância que é dada ao trabalho remunerado com o salário mínimo.
Como é sabido, sempre que o governo fala em aumentar o salário mínimo os empresários dizem imediatamente que as suas empresas vão perder competitividade. Não se percebe como. Se o modelo de negócios dessas empresas se baseia nos baixos salários, então estão condenadas ao fracasso, com ou sem aumento de salário mínimo.
Pergunto então se o País necessita de ter empresas cuja viabilidade é sustentada apenas por salários miseráveis. Esse tempo já terminou e há que seguir outro caminho. Portugal precisa de indústrias com mais valor acrescentado e com maior incorporação tecnológica, de forma a concorrermos no mercado global. O modelo de exploração de trabalho escravo já passou à história. E concorrer com os salários da China, e do Extremo Oriente será sempre uma batalha perdida.
O problema das empresas portuguesas não é o ordenado mínimo dos que produzem, mas sim os chorudos ordenados e "extras" daqueles que vivem a custa dos primeiros, bem como a incompetência dos gestores e a falta de investimento em novas tecnologias (além de BMW e AUDI).
2 Comments:
"O problema das empresas portuguesas não é o ordenado mínimo dos que produzem, mas sim os chorudos ordenados e "extras" daqueles que vivem a custa dos primeiros"...
Na Mouche!
excelente análise, assur!!
a competitividade, baseada no salário minímo, está já mais do que ultrapassada!1
as recentes deslocações de algumas fábricas (nomadamente de componentes automóvel) em que o valor de venda/hora da mão de obra incorporada é de 50 cêntimos (como por exemplo em marrocos) é um dado adquirido, e irreversível.
logo, a competitividade, tem de ter objectivos "mais altos", e os chorudos ordenados de alguns gestores serem mais de acordo com a (demasiadas vezes má) gestão que produzem!
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