terça-feira, dezembro 05, 2006

Semelhanças entre Annan e Madonna

"Tudo muda, tudomuda, excepto... a natureza humana. E já se sabe como é, nestas coisas da natureza humana, uns são mais humanos que outros. Buda, Heraclito, o nosso Camões, todos apontaram que não há nada permanente excepto a mudança.

De facto, tudo muda, tudo muda, excepto... a natureza humana. E já se sabe como é, estas coisas da natureza humana, uns são mais humanos que outros.

Kofi Annan, líder da ONU, tem procurado posicionar-se como apoiante dos desfavorecidos e defensor dos direitos humanos. Palavras bonitas. E os actos?

Vejamos a mais recente oportunidade: Darfur. Que faz K. Annan?: convoca uma conferência de imprensa (onde sem qualquer indignação e com o ar mais natural deste mundo) diz que: 1) os EUA não vão intervir fora de um mandato daONU; e 2) a ONU não vai intervir porque o governo sudanês não quer: “Se quiserem outro Iraque venham”, disse o presidente sudanês. E por isso, segundo K. Annan, não há nada a fazer. Ponto final parágrafo. Não ameaça demitir-se. Nem se queixa. Fala tranquilamente como se comentasse uma mudança no serviço de catering da ONU. Até ao momento? 200 mil mortos e cerca de um milhão de refugiados.

A passividade de K. Annan sugere que, excepto quando os americanos dão o corpo ao manifesto, não há (na prática) valores (os direitos humanos), mais importantes que a soberania nacional; a razão e justiça (Nuremberga), não deve prevalecer sobre os governos; e o direito à vida (dos outros), não é mais importante que o risco de morte (nosso).

E o resto dos países? Aparentemente para K. Annan não contam. Não critica a Rússia. Nem a China. E a Europa nada faz. Será que é por a sua opinião pública pensar que não pode influenciar a política externa? Ou por esta não contar para o eleitorado? Ou por ambos? Seja como for, a ONU não confronta o mal no mundo. E K. Annan lava diplomaticamente as mãos. É a vida...Quem também dizia isto?

Razão tinha Dante, quando reservou o lugar mais quente do Inferno, para os que, em tempos de crise, lavam as mãos. E aparentemente razão têm também muitos americanos quando acusam a ONU de inútil. Tal como Chris Patten nas suas memórias. À Europa falta de força (e logo de credibilidade internacional). Porque diplomacia sem mais, é um placebo. Há que ‘talk softly but carry a big stick’.

Voltando a página de Annane da ONU, aparece-nos depois Madonna anunciando que nos seus espectáculos em Novembro e Dezembro, irá aparecer “crucificada” com uma “coroa de espinhos”, tal como Jesus Cristo.

Grande publicidade. Vários orgãos de informação publicaram a notícia, sketchs, etc. Os mesmos (NBC, NYT, etc.) que não quiseram publicar os cartoons dinamarqueses, críticos de Maomé, por... “respeito para com os muçulmanos”... Mas, e os cristãos? Onde está o respeito para com eles?

No fundo, caro leitor, aparentemente, Annan e Madonna nada têm de comum. Ou será que têm? Qual a semelhança por detrás das diferenças?
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Jorge A. Vasconcelos e Sá

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