quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Status quo* et Dum spiro, spero**


Estranhas histórias se ouvem no mundo dos miseráveis deste sítio, falo é claro dos humanos.
Uma pobre mulher afundada em dívidas fingiu, que estava doente, muito doente.
Como tem quatro filhos para sustentar e uma vida de miséria avançou e usou de tudo o que lhe é oferecido pelas novelas que deve ver com frequência, ajudada ainda pelos espectáculos das televisões, que habitualmente pedem ajuda, apelando à boa alma dos crentes, uns por se sentirem úteis, outros para aparecerem. Não percebi foi porque a mulher se desfazia em lágrimas e pedia desculpas.
Não vi nenhum banqueiro pedir desculpas pelos lucros escandalosos da usura, pelas letras pequeninas dos contratos de crédito, para tudo o que pode ser imaginado.
A verdade é que depois da ratoeira armada, se o desgraçado quiser pagar antecipadamente a dívida, ou amortizar, é roubado de tal maneira que logo desiste, razão pela qual aplaudo todos os que deixam um cão aos bancos, não sei se é por ser toupeira, mas destes cães gosto bastante, principalmente se não há sítio por onde possam pegar: os da usura e os seus animais adestrados…
Ficou um humano que mora perto da minha toca, irritadíssimo, porque um indivíduo responsável pela autoridade da concorrência, se lamentava que não tinha meios para saber e provar, que as gasolineiras combinavam entre si os preços e que não havia maneira de provar que havia cartel. Achei estranho, a falta de meios, o à vontade e o desprezo pelos indícios, ficando ainda mais admirado como é que um sujeito que tem uma missão, (estamos em época de missionários, este governo criou montes de unidades de missão…), não fez hara kiri, ali na frente de todos nós, ou pura e simplesmente se não demite, porque não está a fazer coisa alguma, a não ser ocupar o lugar. Há que não ser duro, afinal todos temos direito à nossa côdea de pão, até a senhora coitada que fingiu ter cancro, essa no mínimo tem quatro razões.
“ A espiritualidade superior e independente, a vontade de solidão, a grande razão são já sentidas como perigosas; tudo o que eleve o indivíduo acima do rebanho e amedronte o próximo, chama-se, a partir de agora, mau; a mentalidade tolerante, modesta, submissa, igualitária, a mediocridade dos desejos recebem nome e honras morais.” Nietzsche in “ Para além do bem e do mal”
*O estado em que as coisas estão
** Enquanto respiro, tenho esperança

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