Endireitas
"Não se conhece registo de um líder da oposição forte sem um Governo fraco. Se se apressar, talvez chegue a tempo aos Estados Gerais da Direita, que decorrem hoje na Faculdade de Direito de Lisboa. Mas duvido que consiga lugar. Não é todos os dias que sucede entre nós um evento desta dimensão, para cúmulo organizado pela No-va Democracia do dr. Monteiro e beneficiando de teóricos que vão de Pedro Abrunhosa ao dr. Monteiro. Se a direita não for repensada hoje, não sei quando o será.
Todos os dias, colunas, debates e palestras (sem a importância dos Estados Gerais, note-se) alertam o público para a necessidade de a direita encontrar um rumo e uma serventia. O caso é grave? Consta que sim. Uma destas noites, ao jantar, dois amigos versados na matéria provaram-me, com contas e gráficos, que o PSD, por exemplo, nunca viveu uma catástrofe assim. Pelo menos desde a anterior ocasião em que deixara o Governo.
Sempre que desce à oposição, o PSD entra em crise irresolúvel e aparentemente inédita. Em idênticas circunstâncias, o PS também. À semelhança do que acontece nos desgostos passionais, cada calamidade parece ser a primeira e de cada vez ameaça ser a fatal: no amor e na política não se aprende nada. Das bases ao topo, a amnésia leva ao pânico e o pânico leva à criatividade nos remédios.
Os místicos receitam um salvador, mas Salvador é a capital da Bahia, Menezes, Borges e Aguiar Branco são ficções e Cavaco mesmo de longe não está disponível para patrocinar aventuras. A avaliar pela recente sondagem do CM, Cavaco está, e certamente com todo o prazer, nas graças do eleitorado em peso, proeza que o prometido livro acerca do papel presidencial deverá, por omissão, explicar. Depois, há quem prescreva uns retoques na ideologia, como se em algum momento o PSD tivesse tido uma. E há quem recomende “estratégia”, como se a sofisticada estratégia de Sócrates não tivesse sido Santana Lopes.
Este é o ponto: não se conhece registo de um líder da oposição forte sem um Governo fraco (fraco: mau o actual já é). Por enquanto, Marques Mendes (ou qualquer no posto dele) pode escrever discursos de Gettysburg de hora em hora ou fazer o pino no Rossio que os resultados serão pouco diferentes. Mais do que de retórica ou cambalhotas, o PSD precisa de paciência, paciência para esperar pela inevitável desgraça de Sócrates como outros esperaram pelo ‘buzinão’ de Cavaco, pelo ‘pântano’ de Guterres, por Santana em geral."
Alberto Gonçalves
Todos os dias, colunas, debates e palestras (sem a importância dos Estados Gerais, note-se) alertam o público para a necessidade de a direita encontrar um rumo e uma serventia. O caso é grave? Consta que sim. Uma destas noites, ao jantar, dois amigos versados na matéria provaram-me, com contas e gráficos, que o PSD, por exemplo, nunca viveu uma catástrofe assim. Pelo menos desde a anterior ocasião em que deixara o Governo.
Sempre que desce à oposição, o PSD entra em crise irresolúvel e aparentemente inédita. Em idênticas circunstâncias, o PS também. À semelhança do que acontece nos desgostos passionais, cada calamidade parece ser a primeira e de cada vez ameaça ser a fatal: no amor e na política não se aprende nada. Das bases ao topo, a amnésia leva ao pânico e o pânico leva à criatividade nos remédios.
Os místicos receitam um salvador, mas Salvador é a capital da Bahia, Menezes, Borges e Aguiar Branco são ficções e Cavaco mesmo de longe não está disponível para patrocinar aventuras. A avaliar pela recente sondagem do CM, Cavaco está, e certamente com todo o prazer, nas graças do eleitorado em peso, proeza que o prometido livro acerca do papel presidencial deverá, por omissão, explicar. Depois, há quem prescreva uns retoques na ideologia, como se em algum momento o PSD tivesse tido uma. E há quem recomende “estratégia”, como se a sofisticada estratégia de Sócrates não tivesse sido Santana Lopes.
Este é o ponto: não se conhece registo de um líder da oposição forte sem um Governo fraco (fraco: mau o actual já é). Por enquanto, Marques Mendes (ou qualquer no posto dele) pode escrever discursos de Gettysburg de hora em hora ou fazer o pino no Rossio que os resultados serão pouco diferentes. Mais do que de retórica ou cambalhotas, o PSD precisa de paciência, paciência para esperar pela inevitável desgraça de Sócrates como outros esperaram pelo ‘buzinão’ de Cavaco, pelo ‘pântano’ de Guterres, por Santana em geral."
Alberto Gonçalves
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