sábado, maio 26, 2007

As Esquerdas em Lisboa

"Com José Sócrates, o PS de Mário Soares deixou de existir. [...] Na vertigem de ocupar o centro político, o PS transformou-se num PSD rosa. Lisboa continua a ser o “barómetro” da política nacional. E as eleições intercalares mostraram subitamente o rosto do Regime e o estado da Nação. Os candidatos à Presidência da Câmara revelam a exaustão dos grandes partidos, mais um factor de renovação zero e mais a evidência de um discurso político nulo. Vamos por partes.

Com José Sócrates, o PS de Mário Soares deixou de existir. O partido da liberdade, orgulhoso da autoridade moral da Esquerda, deu lugar ao partido dos funcionários, vaidoso no autoritarismo geral do Estado. Em certos funcionários mais zelosos, os “tiques autoritários” serão mesmo a principal marca de militância. Na vertigem de ocupar o centro político, o PS transformou-se num PSD rosa. Sem ideologia, sem memória, pragmático no poder, o PS criou todo um vazio político no espaço natural da Esquerda. O vazio político que justifica a pulverização das candidaturas de Esquerda ao Município de Lisboa. Observem-se pois os candidatos.

Helena Roseta apresenta-se em nome dos “cidadãos”. Mas a candidata parece confundir a ideia de cidadania com a sua vontade e disponibilidade políticas. Para Helena Roseta, a cidadania continua a ser uma espécie de contra-cultura política, alicerçada na militância da posição contrária.

Ruben de Carvalho simboliza a ortodoxia democrática da CDU. Ruben de Carvalho será o símbolo de uma “Esquerda conservadora”, consciente de um passado histórico, mas que trata a realidade contemporânea como um desvio teórico ao marxismo.

Sá Fernandes representa uma certa “Esquerda moralista”, plena de iniciativas e outras causas. Sá Fernandes, o procurador do povo, transformou a política num contínuo exercício de indignação.

Finalmente, Garcia Pereira, veterano de todas as batalhas, será o clássico timoneiro de uma revolução perdida.

A pulverização da Esquerda não é sintoma de “pluralidade”, nem prova da existência de “alternativas”, nem indício de fortuna ideológica. Em Lisboa, a pulverização da Esquerda é a marca da desordem política – uma desordem política que passa por normalidade democrática. No Portugal profundo, Lisboa surge coberta por uma atmosfera de fim de regime. Até quando?
"

Carlos Marques de Almeida

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

So ha umcaminho! vota no preto e so fica o rio tejo. Edo PS eeles destruiram tudo Ta!

segunda-feira, maio 28, 2007  

Enviar um comentário

<< Home

Divulgue o seu blog!