Bloco individualista
"O que o Bloco está a propor é estender ao casamento uma espécie de princípio da irresponsabilidade. Bloco de Esquerda quer facilitar o divórcio. Vinda do Bloco a proposta não surpreende. Mas leio na imprensa uma justificação: deve vigorar a regra do bem-estar pessoal, substituindo a conotação do dever, associada ao casamento.
A questão dos filhos, da família pouco importa ao Bloco. A natureza específica do contrato de casamento também não adianta. Tudo se desmorona rapidamente, perante o desejo individual de um dos conjugues de satisfazer, em dado momento, o seu bem-estar pessoal que a partir dessa altura, considera incompatível com a manutenção do respectivo casamento. Simples, como um estalar de dedos.
A maior parte dos contratos, não tem metade da relevância social do casamento. Regulam relações entre pessoas ou entidades, mas não têm impacto pessoal e social, comparável ao casamento. Em todo o caso, a rescisão desses contratos obedece a um conjunto de requisitos, para evitar que uma das partes, por manifesto capricho ou má-fé, decida pôr-lhes fim, ao sabor das suas conveniências.
O casamento, mesmo para quem não lhe reconheça a dimensão de sacramento, tem uma relevância própria, produzindo consequências únicas na esfera individual, familiar e social. Por isso, o casamento deveria ser o mais defendido e não o mais atacado dos contratos.
O que o Bloco está a propor é estender ao casamento uma espécie de princípio da irresponsabilidade, baseado no primado da vontade individual.
Imagine-se, por absurdo, que em certo momento, nos contratos de trabalho, o empregador considera que o vínculo laboral do seu colaborador é incompatível com o seu bem-estar individual, entendendo, por isso, pôr-lhe fim.
Imagine-se também uma urgência hospitalar privada, em que um médico entenda que a presença de doentes portadores de certas doenças colide com o bem-estar individual de profissionais ou utentes, negando-lhes, com tal fundamento, o acesso aos mais elementares cuidados de saúde.
São casos extremos em que a aplicação da regra do bem- -estar individual produziria desastrosas consequências, pessoais e sociais.
Não deixa de ser curioso que o partido mais à esquerda do hemiciclo de São Bento seja, simultaneamente, o maior defensor do individualismo e do colectivismo.
De facto, do ponto de vista económico, o Bloco aposta no colectivismo e no poder do Estado. Segundo o Bloco, o Governo deveria ter proibido as OPA sobre a PT e sobre o BPI. A noção de um Estado omnipotente e colectivista, que se impõe aos cidadãos e às empresas, está subjacente ao posicionamento político do Bloco de Esquerda.
Mas se na esfera económica impera o colectivismo, nas questões de comportamento vigora um liberalismo feroz e individualista. O divórcio quase automático é um exemplo. A liberalização do aborto foi outra das conquistas do Bloco.
O autismo económico do Bloco não tem tido grande saída, junto do PS: são propostas de quem não está à espera de governar, pelo que não terá ocasião de aplicar o que apregoa. No plano dos costumes, a conversa é outra: ao longo dos anos, a agenda do Bloco de Esquerda enerva e reboca o PS. Espero que desta vez não lhes façam a vontade. "
José Luís Ramos Pinheiro
A questão dos filhos, da família pouco importa ao Bloco. A natureza específica do contrato de casamento também não adianta. Tudo se desmorona rapidamente, perante o desejo individual de um dos conjugues de satisfazer, em dado momento, o seu bem-estar pessoal que a partir dessa altura, considera incompatível com a manutenção do respectivo casamento. Simples, como um estalar de dedos.
A maior parte dos contratos, não tem metade da relevância social do casamento. Regulam relações entre pessoas ou entidades, mas não têm impacto pessoal e social, comparável ao casamento. Em todo o caso, a rescisão desses contratos obedece a um conjunto de requisitos, para evitar que uma das partes, por manifesto capricho ou má-fé, decida pôr-lhes fim, ao sabor das suas conveniências.
O casamento, mesmo para quem não lhe reconheça a dimensão de sacramento, tem uma relevância própria, produzindo consequências únicas na esfera individual, familiar e social. Por isso, o casamento deveria ser o mais defendido e não o mais atacado dos contratos.
O que o Bloco está a propor é estender ao casamento uma espécie de princípio da irresponsabilidade, baseado no primado da vontade individual.
Imagine-se, por absurdo, que em certo momento, nos contratos de trabalho, o empregador considera que o vínculo laboral do seu colaborador é incompatível com o seu bem-estar individual, entendendo, por isso, pôr-lhe fim.
Imagine-se também uma urgência hospitalar privada, em que um médico entenda que a presença de doentes portadores de certas doenças colide com o bem-estar individual de profissionais ou utentes, negando-lhes, com tal fundamento, o acesso aos mais elementares cuidados de saúde.
São casos extremos em que a aplicação da regra do bem- -estar individual produziria desastrosas consequências, pessoais e sociais.
Não deixa de ser curioso que o partido mais à esquerda do hemiciclo de São Bento seja, simultaneamente, o maior defensor do individualismo e do colectivismo.
De facto, do ponto de vista económico, o Bloco aposta no colectivismo e no poder do Estado. Segundo o Bloco, o Governo deveria ter proibido as OPA sobre a PT e sobre o BPI. A noção de um Estado omnipotente e colectivista, que se impõe aos cidadãos e às empresas, está subjacente ao posicionamento político do Bloco de Esquerda.
Mas se na esfera económica impera o colectivismo, nas questões de comportamento vigora um liberalismo feroz e individualista. O divórcio quase automático é um exemplo. A liberalização do aborto foi outra das conquistas do Bloco.
O autismo económico do Bloco não tem tido grande saída, junto do PS: são propostas de quem não está à espera de governar, pelo que não terá ocasião de aplicar o que apregoa. No plano dos costumes, a conversa é outra: ao longo dos anos, a agenda do Bloco de Esquerda enerva e reboca o PS. Espero que desta vez não lhes façam a vontade. "
José Luís Ramos Pinheiro
posted by Dr. Assur at 13:54
7 Comments:
Esta avezinha do Francisco Louçã ficou com as contas baralhadas, pois o seu correlegionário, mais conhecido pelo o empata da capital, Sá Fernandes, deve ter afastado muitos eleitores.
Mais, insiste na AR na aprovação da lei das incompatibilidades dos deputados da Assembleia Legislativa Regional da Madeira para tramar os actuais eleitos.
Assim, em resposta, AJJ através do grupo parlamentar do PSD/M vai aprovar uma alteração ao regimento da Assembleia Legislativa da Madeira de maneira a que dois deputados eleitos duma força partidária não constitua um grupo parlamentar à semelhança do que acontece na Assembleia da República.
Assim, Loução quer fazer extender ilegalmente à Assembleia Legislativa da Madeira uma norma que se aplica aos deputados da República, em contrapartida AJJ faz aplicar uma norma da Assembleia da Republica no parlamento regional que inviabiliza o PC de ter grupo parlamentar na Madeira, pois o PC na Assembleia da República vai votar a proposta do Louçã sobre as incompatilidades dos deputados regionais, ao mesmo tempo o CDS/M por ter dois deputados perde o grupo parlamentar, pois foi o CDS na Assembleia da República que se absteve na votação do garrote financeiro à Madeira.
Há coisas fantásticas, não há?
Há, e é o AJJ.
Louça é a muleta do Governo da incoerencia.
Queria a lei do aborte e ofereceram-lha. A lei da união de facto e vida em comum e deran-lha. Queria imigração selvagem e aí a tem. O que mais quer. Implantem a ditadura albanesa.
Então ele e o partido dele que continuem a propôr Sás Fernandes para a CML e passaremos a ter, em lugar de uma novela mexicana, um filme de guerra e destruição - ou então um filme sobre a máfia!
E Sá Fernandes devia ser pessoalmente responsabilizado por muitas das atitudes prejudiciais que tomou, nomeadamente em relação ao túnel e em relação ao Sporting. Os lisboetas devem ter isto em muita atenção quando voltarem a votar.....
Atrasou o Túnel do Marquês, prejudicou milhares de Lisboetas (e não só), criou a oportunidade, alimentou suspeições e minou toda a oposição para que a Câmara esteja na situação em que está!
Qual o objectivo disto??? Só ele saberá...
O que vale é que nós, os contribuintes deste País, vamos sustentando estas "habilidades" todas.
Continuo à espera que a CML ou o Estado processe o individuo que pediu o embargo das obras do tunel do marques que originou grande agravamento no custo final da obra.
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