Flexisegurança, mito e realidade
"Em Junho passado, quando participávamos numa conferência promovida pela Confederação Europeia de Sindicatos Independentes (CESI) e dedicada ao tema “Os sistemas de Segurança Social na Europa”, fomos testemunhas de uma intervenção muito interessante. Peroravam vários conferencistas, muito competentes, incensando a flexisegurança quando um participante dinamarquês se levantou e, interpelando-os, lhes perguntou que provas tinham de que a flexisegurança era nada e criada na Dinamarca, porque ele, nos seus cinquenta e poucos anos, nunca dera por ela, o que era muito estranho. Na sua opinião, o sistema de Segurança Social dinamarquês era mais digno de reprovações do que de aplausos, por ser muito liberal para o patronato. Apontou, ainda, o facto de o Sistema Social da Dinamarca ter tido o seu início no final do século XIX, mantendo-se desde então sem grandes alterações.
Como se pode calcular esta simples mas polémica intervenção lançou a confusão geral. Houve quem dissesse que a flexisegurança era mais um jargão “europês” do que uma coisa séria. Com efeito, não havendo uma definição clara do chamado “modelo social europeu”, dado haver diferenças muito pronunciadas entre os diversos sistemas de segurança social vigentes nos vinte sete países da União Europeia, não é lógico e adequado promover o modelo social dinamarquês para países cujas realidades sociais são tão diversas. O neologismo “flexisegurança” está, por isso, longe de ser consensual.
Os estados europeus mais liberais querem mais a amoral flexibilidade. Já os países com maiores preocupações sociais preferem dar mais ênfase à Segurança Social. Exagerando, propositadamente, dir-se-á: de um lado, está o capitalismo e, no lado oposto, o socialismo. Como a maioria tem um desejo sincrético – o melhor que houver em cada um desses sistemas – não é fácil conseguir equilibrar a balança.
Dar a cada país a liberdade de escolher as vias pertinentes para alcançar “o dois em um” da flexisegurança parece desejável. Porém, como é possível harmonizar realidades sociais e vias diferentes para alcançar o mesmo estádio de desenvolvimento económico-social? Não parece que seja fácil!
Sobre este assunto falou há poucos dias Bagão Félix, com a autoridade que facilmente lhe reconhecemos. Reconhecendo o nosso enorme atraso social, disse, nem mais nem menos, do que isto: “A flexisegurança não se aplica a Portugal”, pelo menos para já. De facto, com estatísticas pouco credíveis, com um Estado que paga tarde e mal as prestações sociais, como podemos ter o desejo, que seja minimamente razoável, de implantar entre nós uma ideal flexisegurança? Temos que pensar, mas, mais ainda, temos que trabalhar e muito."
Afonso Pires Diz
Como se pode calcular esta simples mas polémica intervenção lançou a confusão geral. Houve quem dissesse que a flexisegurança era mais um jargão “europês” do que uma coisa séria. Com efeito, não havendo uma definição clara do chamado “modelo social europeu”, dado haver diferenças muito pronunciadas entre os diversos sistemas de segurança social vigentes nos vinte sete países da União Europeia, não é lógico e adequado promover o modelo social dinamarquês para países cujas realidades sociais são tão diversas. O neologismo “flexisegurança” está, por isso, longe de ser consensual.
Os estados europeus mais liberais querem mais a amoral flexibilidade. Já os países com maiores preocupações sociais preferem dar mais ênfase à Segurança Social. Exagerando, propositadamente, dir-se-á: de um lado, está o capitalismo e, no lado oposto, o socialismo. Como a maioria tem um desejo sincrético – o melhor que houver em cada um desses sistemas – não é fácil conseguir equilibrar a balança.
Dar a cada país a liberdade de escolher as vias pertinentes para alcançar “o dois em um” da flexisegurança parece desejável. Porém, como é possível harmonizar realidades sociais e vias diferentes para alcançar o mesmo estádio de desenvolvimento económico-social? Não parece que seja fácil!
Sobre este assunto falou há poucos dias Bagão Félix, com a autoridade que facilmente lhe reconhecemos. Reconhecendo o nosso enorme atraso social, disse, nem mais nem menos, do que isto: “A flexisegurança não se aplica a Portugal”, pelo menos para já. De facto, com estatísticas pouco credíveis, com um Estado que paga tarde e mal as prestações sociais, como podemos ter o desejo, que seja minimamente razoável, de implantar entre nós uma ideal flexisegurança? Temos que pensar, mas, mais ainda, temos que trabalhar e muito."
Afonso Pires Diz
15 Comments:
1.As Pessoas têm todo o direito de ser a favor ou contra o quer que seja. Mas,devem procurar informar-se antes de tomarem uma posição sobre um determinado assunto. 2.O documento "Percursos de Flexigurança - Transformar barreiras em trampolins", apresentado pelo Grupo Europeu de Especialistas em Flexigurança, em Junho de 2007,está disponível na net. 3.O citado documento explica bem o que é e para que é a Flexigurança e os diversos caminhos possíveis para a implementar.Os desafios possíveis,as implicações financeiras e outros aspectos relevantes estão lá bem explicados. 4. O documento refere que aquando da introdução da flexigurança na HOLANDA (Flexibility and Security Act)as despesas sociais adicionais foram apenas de 100 milhões de Euros.Ou seja,muito menos do que o que alguns por aí apregoam! 5.Comparem os vencimentos, subsídios sociais,pensões de reforma,etc, dos Trabalhadores da Holanda,Irlanda,Aústria,Espanha ...com os de Portugal e tirem as vossas conclusões... 6.Naturalmente que haverá sempre aqueles que preferem mão-de-obra desqualificada,baratuxa,sem direitos,com baixos salários e pensões de miseria...são os melhores aliados daqueles que têm como fundo de comércio um vasto exército de desempregados e desesperados. 7.Preferia para o meu Povo um sistema social equilibrado,justo e humano,apostado no investimento nas Pessoas, com a participação activa dos Parceiros Sociais e focado na obtenção de resultados concretos para os Cidadãos.É nesse sentido que apontam as conclusões do Conselho informal de Ministros do Emprego e Assuntos Sociais,de Guimarães,de 5 e 6 de Julho.
Os patrões serão "flexíveis" na escolha da data em que decidam dar um chuto no traseiro do trabalhador.Tendo este a "segurança" de que será sem aleijar...
De uma coisa podemos estar certos: mais depressa virá a flexibilidade (admitindo que ela ainda não existe!)do que a segurança. Para haver segurança (como é que pode haver segurança no desemprego?)é preciso que o Estado tenha dinheiro, ou esteja disposto a, para assegurar prestações sociais. É que estas dão cabo das finanças públicas. Quem disse que não há suficiente flexibilidade laboral? Quando um patrão quer despedir um trabalhador tem assim tantas dificuldades? Com a generalização dos contratos a prazo, tantas vezes ilegais,é com a maior das facilidades que se põe termo ao contrato. Voltamos aos tempos mais primitivos do liberalismo onde não havia nenhuma estabilidade de emprego. Quem se quer enganar, que se engane...
De uma coisa podemos estar certos: mais depressa virá a flexibilidade (admitindo que ela ainda não existe!)do que a segurança. Para haver segurança (como é que pode haver segurança no desemprego?)é preciso que o Estado tenha dinheiro, ou esteja disposto a, para assegurar prestações sociais. É que estas dão cabo das finanças públicas. Quem disse que não há suficiente flexibilidade laboral? Quando um patrão quer despedir um trabalhador tem assim tantas dificuldades? Com a generalização dos contratos a prazo, tantas vezes ilegais,é com a maior das facilidades que se põe termo ao contrato. Voltamos aos tempos mais primitivos do liberalismo onde não havia nenhuma estabilidade de emprego. Quem se quer enganar, que se engane...
Acredito que isto, caso venha a ser implementado, vai ser muito mau para os trabalhadores. Vai dotar o patronato de mecanismos legais para poder despedir de forma indiscriminada, injustificada sem qualquer respeito pelos direitos adquiridos ao longo destes ultimos 30 anos.
Muito bonito. Em casa de ferreiro espeto de pau. Eu explico: maioria das pessoas não sabe que a AEP vive um dos piores períodos da sua existência. Sem dinheiro e sem tomar decisões, é assim o dia-a-dia desta associação nacional. Além disso, acabou de tomar há pouco tempo a seguinte decisão: todos os funcionários que tinham horários especiais, deixaram de os ter! O horário normal passa a ser das 9h às 12h30 e das 14h às 18h, tendo (quase) todos que picar o ponto. Agora, aqueles que precisarem de um horário especial terão de o pedir novamente e justificar. Nesta associação, qualquer atraso tem de justificar-se, mesmo que seja 1 minuto. Isto é que é flexibilidade.
Fizeram-nos crer que somos hipócondriacos, que pensamos que estamos doentes mas que na realidade estamos bem, muito bem até.Criaram a ilusão que devemos de acreditar que alguém há-de o fazer por nós (eles, os manipuladores), fizeram-no tão bem que deixamos de qualquer conceito e intervenção de cidadania(social; cultural; e individual)enfim uma espécie de alienados que acreditam que algo de bom nos ajudará a sair do nosso próprio marasmo. O que propoê é algo no espirito do "28 de Maio" sem o anarquismo e sindicalismos que na altura tanto jeito fizeram a Cabeçadas e Gomes da Costa. O trabalho é um factor tão importante que não pode ficar nas mãos de uns tantos jagunços a soldo dos "manipuladores". Concordo em parte com o que pretende explicar, mas parece-me que que ainda não estamos prontos para tal, talvez quando um dia libertarmo-nos destes complexos de inferioridade. Até lá precisamos de lideres e lideranças que promovam a cidadania individual e da sociedade como forma de progresso e de excelência.
Não percebo quem são os doentes e os trabalhadores...a doença é o Estado, ou seja, os funcionários públicos, os médicos, os juízes, os ministros e... até os professores universitários... ou os milhões de trabalhadores por conta de óutrem ? Será melhor que um professor universitário incompetente seja despedido e caso não arranje trabalho lhe seja facultado um curso de formação profissional como ...carpinteiro ou serralheiro...? Enquanto os políticos e os líderes esclarecidos não pensarem nas PESSOAS que governam e decidam como prioridades máximas acabar com a fome, miséria, desemprego e a degradação ambiental em vez de pensarem apenas em EUROS, não há saída para os trabalhadores, os doentes e a ...escumalha.
Todos os dias os media trazem a público o tema da flexi-segurança. Continuo, porém, com muitas dúvidas quanto ao seu significado. Há quem diga que é sinónimo de trabalho precário e de despedimentos e que conduz ao aumento do desemprego. Outros, afirmam que garante maior formação aos desempregados e subsídios de desemprego mais ajustados às suas necessidades. Dizem também que a flexi-segurança é boa para os empresários, que podem, assim, beneficiar de mão-de-obra e de horários ajustados às suas necessidades, já para não falar de salários compatíveis com a globalização. Tudo isto, dizem, a bem do desenvolvimento e da competitividade da nossa economia. Persistem, no entanto, as minhas dúvidas. Quando atento no comportamento da maioria dos empresários, no baixo nível de formação da generalidade dos trabalhadores, na miserável qualidade dos cursos de formação e nos magros subsídios de desemprego não acredito na bondade da aplicação da flexi-segurança em Portugal. Nestas circunstâncias, se, por um lado, pode ser a concretização do sonho de muitos empresários, pode, por outro, conduzir a um ainda maior número de desempregados, sem qualquer segurança e impossibilitados de regressarem ao mercado de trabalho.
Se não fosse por conhecer bem os dinamarqueses diria que o Rasmussen (ex min ) arribou para fazer o frete ao Zéprafrentex ... encontrar semelhanças entre dinamarqueses e portugueses só mesmo depois de um bom almoço, ah, ah!
Os "sábios" que dizem estas coisas nunca estudam as questões ,ou então não no-lo dizem.A sensação que temos é que a"rigidez" do emprego está básicamente em empresas e sectores publicos ,ou semi-publicos.Ou seja,que na "economia real" que compete nos mercados internacionais e nos serviços internos, a rigidez é comparável com o resto da Europa.Ou seja,sem dados estatisticos ,é tudo blá-blá.À portuguesa...
O CT está sobretudo desajustado do nosso tecido empresarial. A grande maioria das empresas são micro-empresas. São elas que empregam a grande maioria dos trabalhadores. As médias e grandes empresas são muito poucas e não têm grandes problemas em verem-se livres do mau trabalhador ou dos trabalhadores em excesso. O problema está em que se exige a uma micro-empresa os mesmos deveres, e é sujeita às mesmas regras que uma grande empresa, não tendo óbviamente os mesmos recursos. Enquanto não for tida em consideracão esta realidade, pouco importa que mudanças se façam ao CT. Pode mudar-se alguma coisa mas no fim tudo ficará na mesma!
O resultado da flexibilização da lei laboral, foi o encerramento de grande parte das empresas, o desemprego e as reformas antecipadas e o consequente empobrecimento do país. O país carece de quadros competentes que não gastem o tempo em reuniões estéreis e que passem à acção; organizando, descobrindo as capacidades dos seus colaboradores, premiando com justiça o contributo de cada um. A precarização laboral tem sido no nosso país a melhor ferramenta para conservar velhos métodos de produção, e muitas vezes uma forma eficiente de afastar os mais inovadores. Não li nos livros, não consultei estatísticas, vivi!
A introdução do modelo de flexigurança terá um custo directo para o Estado na medida em que fará subir o valor do subsídio de desemprego concedido aos trabalhadores que aderirem ao novo esquema. A aplicação com sucesso da flexigurança implica que muitos trabalhadores venham a prescindir de direitos e regalias, sendo compensados com mais protecção social.
Tretas.
É como chamar de neo liberalismo ao liberalismo puro.
Depois tudo o resto é capitalismo, o modelo anglo saxão que defende uma coisa a que um tipo se lembrou de chamr de Consenso de Washington e o capitalismo de Keynes, depois destruido por cá por exemplo pelo Sr Cavaco, e Guterres, noutros países pelo socialista Gonzalez, ou lá como se chama e Miterrant.
Quem manda agora e impõe é um gruo de cerca de 100 famílias a nível mundial e 75% estão nos States.
O resto é treta para enganar incautos.
Concentrar capital e lucros vergonhosos e despudorados das financeiras que preparam um crash, em que a semana negra da década de 20 será uma manchinha.
A globalização é uma treta e a economia e os economistas um monte estrume com dono.
As democracias são de cambiantes conforme o que se pretende.
Yretas meus amigos tretas.
Preparem-se para ser proletários os que o não são.
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