Novo “fardo do homem branco”
"Está na altura de dizer claramente que em nenhum lado do mundo as “minorias” vivem tão bem como nos países ocidentais.
Na “aldeia global” em que vivemos, há uma nova minoria de quem ninguém fala: o homem branco heterossexual e orgulhoso da civilização ocidental. Numa época em que se dá atenção a todo o tipo de minorias, esta distracção explica-se facilmente. A história de todas as outras “minorias” é a história da “libertação” do domínio do “homem branco heterossexual e ocidental”. “Nós” somos os “tiranos” da história moderna.
Comecemos com os homossexuais, essa “minoria” perseguida durante séculos, apesar de durante toda a história terem existido reis, presidentes, governantes, generais, diplomatas, professores, escritores, músicos, artistas e sabe-se lá que mais que sempre se apaixonaram por outros homens. Subitamente, de há umas décadas para cá, tornaram-se uma “minoria”. O problema começou quando as nossas sociedades perderam uma das suas principais sabedorias seculares: a vida sentimental (e sexual) é absolutamente privada. Quando invadiu o domínio público, começaram as complicações. As pessoas sentiram-se obrigadas a “assumirem-se” e os preconceitos surgiram por todo o lado. Rapidamente, se passou do “direito à diferença” (ainda me lembro muito bem desta expressão e não sou muito velho) para o “direito à igualdade”. Quando se chegou ao domínio do combate político, foi necessário construir uma “minoria a lutar pela sua libertação” contra uma “maioria tirana”. Esta evolução criou uma situação absurda: a “homossexualidade” passou a ser uma dos traços definidores da identidade individual dos “homossexuais”. Há obviamente outras características muito mais importantes para definir alguém do que a sua “orientação sexual”. Mas, infelizmente, esses tempos já se foram.
Passemos às mulheres. Apesar de constituírem cerca de metade da população ocidental, também se transformaram numa “minoria”. Extraordinário, não é? E a história oficial é igualmente clara como a água: durante séculos metade do “ocidente”, aquela constituída pelo “homem branco”, dominou a outra metade, a “mulher branca”. Os tempos estão a mudar, mas sem a rapidez suficiente; por isso, os executivos europeus empenham-se em legislação que acabe com o ‘gender gap’. As livrarias das cidades europeias e norte-americanas estão cheias de livros que antecipam um mundo maravilhoso para o dia em que finalmente as “mulheres governem”, para depois se “entenderem entre elas”. Por mim, espero ansioso.
Chegamos, por fim, a todas as raças não-brancas, outras vítimas históricas do “homem branco ocidental”. Neste caso, a história também não engana. Num primeiro período, que durou séculos, desde o dia que Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral decidiram partir, os “brancos” expandiram-se e dominaram. Num segundo período, que se iniciou com a mudança dos “ventos da história”, deu-se a libertação de todos contra os brancos. Como muito bem sabemos, o resultado dessa “libertação” foi a liberdade e o bem-estar de todos os antigos colonizados.
O que está em cima é, obviamente, uma caricatura. Não ouso duvidar de muitas injustiças cometidas contra minorias sexuais, contra as mulheres e contra as raças não-brancas. Tal como muitos homens brancos heterossexuais forma vítimas de injustiças. Mas esta caricatura revela uma doença muito séria nas sociedades ocidentais: o ódio a nós próprios e a culpa pela nossa história. Quando se ataca, “politicamente”, o “homem branco”, normalmente está-se a atacar o “ocidente”. Não vou ao ponto de apelar: “homens brancos heterossexuais” uni-vos. Mas está na altura de dizer claramente que em nenhum lado do mundo as “minorias” vivem tão bem como nos países ocidentais. Mais: os progressos da história moderna devem-se sobretudo ao ocidente. De uma coisa estou certo: quando deixamos de ter orgulho na nossa história, somos incapazes de liderar e de reformar. O novo “fardo do homem branco” é defender a história do ocidente, para que possamos ter orgulho no nosso passado e nas sociedades onde vivemos."
João Marques de Almeida
Na “aldeia global” em que vivemos, há uma nova minoria de quem ninguém fala: o homem branco heterossexual e orgulhoso da civilização ocidental. Numa época em que se dá atenção a todo o tipo de minorias, esta distracção explica-se facilmente. A história de todas as outras “minorias” é a história da “libertação” do domínio do “homem branco heterossexual e ocidental”. “Nós” somos os “tiranos” da história moderna.
Comecemos com os homossexuais, essa “minoria” perseguida durante séculos, apesar de durante toda a história terem existido reis, presidentes, governantes, generais, diplomatas, professores, escritores, músicos, artistas e sabe-se lá que mais que sempre se apaixonaram por outros homens. Subitamente, de há umas décadas para cá, tornaram-se uma “minoria”. O problema começou quando as nossas sociedades perderam uma das suas principais sabedorias seculares: a vida sentimental (e sexual) é absolutamente privada. Quando invadiu o domínio público, começaram as complicações. As pessoas sentiram-se obrigadas a “assumirem-se” e os preconceitos surgiram por todo o lado. Rapidamente, se passou do “direito à diferença” (ainda me lembro muito bem desta expressão e não sou muito velho) para o “direito à igualdade”. Quando se chegou ao domínio do combate político, foi necessário construir uma “minoria a lutar pela sua libertação” contra uma “maioria tirana”. Esta evolução criou uma situação absurda: a “homossexualidade” passou a ser uma dos traços definidores da identidade individual dos “homossexuais”. Há obviamente outras características muito mais importantes para definir alguém do que a sua “orientação sexual”. Mas, infelizmente, esses tempos já se foram.
Passemos às mulheres. Apesar de constituírem cerca de metade da população ocidental, também se transformaram numa “minoria”. Extraordinário, não é? E a história oficial é igualmente clara como a água: durante séculos metade do “ocidente”, aquela constituída pelo “homem branco”, dominou a outra metade, a “mulher branca”. Os tempos estão a mudar, mas sem a rapidez suficiente; por isso, os executivos europeus empenham-se em legislação que acabe com o ‘gender gap’. As livrarias das cidades europeias e norte-americanas estão cheias de livros que antecipam um mundo maravilhoso para o dia em que finalmente as “mulheres governem”, para depois se “entenderem entre elas”. Por mim, espero ansioso.
Chegamos, por fim, a todas as raças não-brancas, outras vítimas históricas do “homem branco ocidental”. Neste caso, a história também não engana. Num primeiro período, que durou séculos, desde o dia que Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral decidiram partir, os “brancos” expandiram-se e dominaram. Num segundo período, que se iniciou com a mudança dos “ventos da história”, deu-se a libertação de todos contra os brancos. Como muito bem sabemos, o resultado dessa “libertação” foi a liberdade e o bem-estar de todos os antigos colonizados.
O que está em cima é, obviamente, uma caricatura. Não ouso duvidar de muitas injustiças cometidas contra minorias sexuais, contra as mulheres e contra as raças não-brancas. Tal como muitos homens brancos heterossexuais forma vítimas de injustiças. Mas esta caricatura revela uma doença muito séria nas sociedades ocidentais: o ódio a nós próprios e a culpa pela nossa história. Quando se ataca, “politicamente”, o “homem branco”, normalmente está-se a atacar o “ocidente”. Não vou ao ponto de apelar: “homens brancos heterossexuais” uni-vos. Mas está na altura de dizer claramente que em nenhum lado do mundo as “minorias” vivem tão bem como nos países ocidentais. Mais: os progressos da história moderna devem-se sobretudo ao ocidente. De uma coisa estou certo: quando deixamos de ter orgulho na nossa história, somos incapazes de liderar e de reformar. O novo “fardo do homem branco” é defender a história do ocidente, para que possamos ter orgulho no nosso passado e nas sociedades onde vivemos."
João Marques de Almeida
1 Comments:
Todo ser humano sofre preconceito e são aproveitadores, garanto que se o negro ou o índio estivesse dominado o mundo faria o mesmo
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