AS HABILITAÇÕES DE UM PM
"Para o meu gosto, o dr. Luís Filipe Menezes tem vários defeitos. Acima de tudo, é autarca, e, sob diversos aspectos, o típico autarca português. Ideologicamente, se o termo não for excessivo, torna-se complicado distingui-lo de Marques Mendes e está por apurar o que o distingue do actual PS. Mistura a defesa intransigente da liberdade e um apetite vulgar pelo assistencialismo social. A sua concepção de cidadania, traduzida no lema do município a que preside ("Gaia é obra"), restringe-se, aparentemente, a uma multidão pasmada com a "dinâmica" e a "eficácia" dos poderes executivos. Tende para a conspiração privada e o sentimentalismo público.
O dr. Menezes tem uma ou duas virtudes: leva as ambições às últimas consequências e assume-as em nome próprio. Não é nada de especial para um político, muito menos um reflexo da "coragem" que o dr. Menezes, ele mesmo, algo exageradamente se atribui. Mas é uma característica rara num partido fértil em palpites avulsos e descomprometidos de "notáveis", cujo critério de notabilidade, regra geral, permanece um enigma.
Dito isto, há por aí um discurso que, à margem das respectivas qualidades e deméritos, desqualifica o dr. Menezes sem grandes justificações. Por algum motivo, convencionou-se que o seu sonho de liderar o PSD e, um dia, o Governo é no mínimo absurdo. Não se percebe se, na opinião vigente, o homem não pode mandar no país ou não deve mandar no país. Percebe-se o desprezo, e a insinuação de que o posto de primeiro-ministro exige o prestígio, o estatuto, o currículo e a vaga grandeza que o dr. Menezes, esse médico da alegada província, obviamente não possui. Certíssimo, excepto por uma dúvida: estamos a compará-lo exactamente com quem?"
Alberto Gonçalves
O dr. Menezes tem uma ou duas virtudes: leva as ambições às últimas consequências e assume-as em nome próprio. Não é nada de especial para um político, muito menos um reflexo da "coragem" que o dr. Menezes, ele mesmo, algo exageradamente se atribui. Mas é uma característica rara num partido fértil em palpites avulsos e descomprometidos de "notáveis", cujo critério de notabilidade, regra geral, permanece um enigma.
Dito isto, há por aí um discurso que, à margem das respectivas qualidades e deméritos, desqualifica o dr. Menezes sem grandes justificações. Por algum motivo, convencionou-se que o seu sonho de liderar o PSD e, um dia, o Governo é no mínimo absurdo. Não se percebe se, na opinião vigente, o homem não pode mandar no país ou não deve mandar no país. Percebe-se o desprezo, e a insinuação de que o posto de primeiro-ministro exige o prestígio, o estatuto, o currículo e a vaga grandeza que o dr. Menezes, esse médico da alegada província, obviamente não possui. Certíssimo, excepto por uma dúvida: estamos a compará-lo exactamente com quem?"
Alberto Gonçalves
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