domingo, julho 29, 2007

VOLTA AO ESTÔMAGO

"Os candidatos à Câmara de Lisboa ameaçaram com as duas rodas; fatalmente, o Porto paga a conta. O Porto Bike Tour consistiu num passeio de bicicleta para seis mil criaturas ao longo de onze quilómetros. Um dos participantes afirmou que o evento pretendia "fazer as pessoas sair de casa". Não era fácil. Aliás, a locomoção dos cidadãos da zona por meios contemporâneos começa a ser inviável. Se não são os engarrafamentos causados pelos adeptos do futebol, são as manifestações de comerciantes ou sindicalistas que entopem as ruas. Se não são as manifestações, é o dr. Rui Rio que fecha metade da cidade ao trânsito por causa de umas corridas de carros. Se não é o dr. Rio, é o Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) que fecha a outra metade para organizar o tal Bike Tour.

Do evento, salvou-se a promoção de uma vida saudável e sem drogas através do desporto. Ou não? Por acaso ou perversão, a modalidade escolhida foi o ciclismo, onde atletas são diariamente irradiados, equipas suspendem a actividade, canais televisivos cancelam transmissões, marcas retiram patrocínios, a Volta à França vive um total descrédito e do qual até o Comité Olímpico se quer ver livre.

Se calhar, os senhores do IDT quiseram precisamente provar que o ciclismo não implica a dopagem. Mas se alguma vez imaginaram que o drogado comum abandonaria o vício à passagem de uma folclórica procissão em calções e pedais, os senhores do IDT arriscam-se é a provar o contrário. Esperemos pela contra-análise
."

Alberto Gonçalves

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