Um país velho
"Portugal é já um dos sete países mais envelhecidos do mundo; em 2050 poderá ter apenas sete milhões e meio de habitantes.
A notícia não é nova, mas os dados não deixam de impressionar. A informação foi divulgada pelo INE a propósito do Dia Mundial da População e os indicadores deixam pouca margem para dúvidas. Portugal está a envelhecer. Na frieza dos números, eis um triste retrato demográfico: em 2006 nasceram menos 4106 bebés que no ano anterior; o número médio de filhos por mulher em idade fértil desceu para 1,36; Portugal é já um dos sete países mais envelhecidos do mundo; em 2050 Portugal poderá ter apenas sete milhões e meio de habitantes.
Não se pense que esta decadência demográfica é um exclusivo da interioridade. Por motivos diversos, é certo, a edição de sábado do El País descreve Lisboa como uma cidade velha, que perdeu 300.000 habitantes em 25 anos, caminhando para um acentuado despovoamento. É sintomático que esta imagem cinzenta e enfraquecida da capital de Portugal nos chegue nas páginas do principal diário espanhol. Em Espanha, as questões demográficas também são notícia, mas por outras razões. Apesar de, ao que parece, a administração de Madrid poder contabilizar mais dois milhões de habitantes chegados nos últimos anos por via da imigração, o poder político anunciou novos incentivos à natalidade. O Governo atribuirá 2.500 euros por cada criança nascida ou adoptada e o Partido Popular já fez saber que, nas comunidades que dirige, os apoios serão reforçados em 3.000 euros, o que perfará um total de 5.500 euros por criança.
Contudo, nem todas as análises afinam pelo mesmo diapasão. Paradoxalmente, a verdade é que a população mundial não pára de crescer, o que para muita gente em muitas partes do globo não é uma boa-nova. Mas é curioso que a preocupação para com o aumento demográfico não se manifeste apenas nos países menos desenvolvidos. Em Inglaterra, onde a taxa de natalidade se orgulha de ser a mais alta dos últimos trinta anos, o The Sunday Times faz eco das reflexões de um ‘think tank’ malthusiano, The Optimum Population Trust. Este está convencido de que o crescimento populacional, em particular nos países desenvolvidos, é nefasto para o planeta devido aos danos ambientais e, por conseguinte, propõe que os casais não tenham mais do que dois filhos.
Como vimos, em Portugal as preocupações são outras. O número médio de filhos continua a divergir dos 2,1, que seria, ao que está convencionado, o desempenho necessário para assegurar a renovação de gerações. Que esperança e ambição revela um país cuja população decresce?"
Nuno Sampaio
A notícia não é nova, mas os dados não deixam de impressionar. A informação foi divulgada pelo INE a propósito do Dia Mundial da População e os indicadores deixam pouca margem para dúvidas. Portugal está a envelhecer. Na frieza dos números, eis um triste retrato demográfico: em 2006 nasceram menos 4106 bebés que no ano anterior; o número médio de filhos por mulher em idade fértil desceu para 1,36; Portugal é já um dos sete países mais envelhecidos do mundo; em 2050 Portugal poderá ter apenas sete milhões e meio de habitantes.
Não se pense que esta decadência demográfica é um exclusivo da interioridade. Por motivos diversos, é certo, a edição de sábado do El País descreve Lisboa como uma cidade velha, que perdeu 300.000 habitantes em 25 anos, caminhando para um acentuado despovoamento. É sintomático que esta imagem cinzenta e enfraquecida da capital de Portugal nos chegue nas páginas do principal diário espanhol. Em Espanha, as questões demográficas também são notícia, mas por outras razões. Apesar de, ao que parece, a administração de Madrid poder contabilizar mais dois milhões de habitantes chegados nos últimos anos por via da imigração, o poder político anunciou novos incentivos à natalidade. O Governo atribuirá 2.500 euros por cada criança nascida ou adoptada e o Partido Popular já fez saber que, nas comunidades que dirige, os apoios serão reforçados em 3.000 euros, o que perfará um total de 5.500 euros por criança.
Contudo, nem todas as análises afinam pelo mesmo diapasão. Paradoxalmente, a verdade é que a população mundial não pára de crescer, o que para muita gente em muitas partes do globo não é uma boa-nova. Mas é curioso que a preocupação para com o aumento demográfico não se manifeste apenas nos países menos desenvolvidos. Em Inglaterra, onde a taxa de natalidade se orgulha de ser a mais alta dos últimos trinta anos, o The Sunday Times faz eco das reflexões de um ‘think tank’ malthusiano, The Optimum Population Trust. Este está convencido de que o crescimento populacional, em particular nos países desenvolvidos, é nefasto para o planeta devido aos danos ambientais e, por conseguinte, propõe que os casais não tenham mais do que dois filhos.
Como vimos, em Portugal as preocupações são outras. O número médio de filhos continua a divergir dos 2,1, que seria, ao que está convencionado, o desempenho necessário para assegurar a renovação de gerações. Que esperança e ambição revela um país cuja população decresce?"
Nuno Sampaio
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