domingo, outubro 21, 2007

Biografia.




Zé António, 2º filho dos Condes de Orem, nasceu em Albergarias na região demarcada do Douro. O seu primeiro contacto com o maravilho néctar da uva aconteceu quando tinha 3 anos, altura em que a sua ama, Dª Gracinda, boa mulher mas muito pitosga lhe deu uma garrafita de Borba em vez do biberão. Criança precoce, aos 6 anos já perseguia a Joana, bela serviçal da família Ribeiral, imbuído no nobre espírito da descoberta das coisas boas do mundo. Mulher anormalmente formosa (vulgo “rico naco de chiça”) e “objecto” do desejo do Governador , do Comandante do corpo real, do presidente do Glorioso, de vilões, servos da gleba e demais alarves sem classificação especial que salivavam destemperadamente durante a sua passagem a caminho e de volta da praça. Alguns pensaram mesmo em lhe dar uma carga de lenha para que ela se ajeitasse e viesse às boas. Mas o nosso amigo não estava inclinado para a violência. Queria o material em bom estado de conservação (já aqui se mostrava a sua clarividência).

Começou por sorrir-lhe, incutindo-lhe esperança e confiança pois a experiência ensinara-lhe que uma cambalhota bem tirada e climatizada exige a colaboração das duas partes cambalhotantes e, portanto, o que havia a fazer era explicar à tipa que ninguém lhe queria mal nem chatear e que, por contrário, tivera a rara felicidade de ser escolhida para ensinar aquele rapaz genial, em vez de ser atirada aquela caterva de vilões mal azambrados. Convencida a febra, o nosso herói dela recebeu os primeiros ensinamentos de geografia, rudimentares na altura mas crucias para o seu desenvolvimento intelectual e físico.

Aos 10 anos, na escola local, ficou famoso por liderar a “Vinícola júnior revolution”, movimento de protesto contra a proibição de beber feita aos menores. Aos 18 anos começou a frequentar o curso de Direito (embora raramente nesse estado consegui-se andar) na Universidade de Coimbra. Curso esse que terminou com 30 anos, não por dificuldades intelectuais na aprendizagem da matéria mas sim devido a problemas físicos graves (os seus olhos delicados raramente conseguiam aguentar a forte luz do sol da manhã, o que o obrigava a levantar invariavelmente às 3 da tarde, depois de dormir as suas 3 a 4 horitas diárias). Foi nessa altura que começou a tornar-se famoso pelo seu “profundo” conhecimento de geografia e que lhe valeu uma clientela feminina crescente e desejosa de suprir as muitas lacunas nessa matéria, bem como algumas cargas de porrada dos respectivos pais, irmãos, amigos, maridos e namorados.

Foi também durante umas das suas muitas fugas que, escondido numa cave sem nada para fazer enquanto esperava que essa corja de incompreensivos acalma-se os ânimos, começou a dar os primeiros passos de escritor, publicando “ ensaios com um pedaço de pão, queijo e quatro litros de tinto “, verdadeiro tratado de geografia com 6 volumes:

1º "As montanhas da Silvia",

2º"Vento deslizantes nas falésias da Rosa" ,

3º "Rios e mares da Cristina",

4º "A força motriz do marido da Francisca",

5º "Chuvas de pedras e outros fenómenos dolorosos num corpo inocente" e o

6º "Pelos caminhos de Portugal" ou como diziam na altura, "em fuga com os cornos partidos".

É também dos tempos de Coimbra que veio a alcunha “6 azeitonas e 3 litros de vinho” que teve origem na sua dificuldade em conseguir comer azeitonas sem ser regadas com vinho. Findo o curso, montou um escritório de advocacia em Borba aonde se notabilizou pelos conselhos dados aos clientes . O seu eterno “beba um copo que isso passa” valeu-lhe o reconhecimento dos taberneiros locais bem como o desenvolvimento da vila que se hoje é mundialmente conhecida pelo seu vinho, a ele o deve. Acrescente-se que o último ano foi feito de uma só assentada, fruto da má relação entre a população masculina local e outros que pontualmente lá apareciam , todos eles movidos por maus instintos, o que obrigou a protecção policial durante a sua ida e regresso às aulas, únicos momentos em que lhe era permitido sair de casa.

Num momento mais iluminado da sua vida resolveu formar um conjunto musical chamado “Salada de tintol” aonde pontificaram além dele, Lena Amarguinha, José Rio Tinto, Manuel Piriquita, João Cheio de Borba, Fernando Copucheio e Jacinto Agranda Cadela, seu eterno companheiro das noitadas. Foi uma carreia de êxitos que ficaram para sempre na memória, nomeadamente “Apontem uma passagem para a outra taberna”, “Se cá faltasse o tinto, bebia-se cá branco”, “Rua do Borba”,”tinto”com aquele refrão magnífico “tinto não leves a mal mas beber branco também é fundamental” e o mega sucesso “tinto à porta” vilmente deturpado pelos rockers Iodo que lhe chamaram “malta à porta”.

Chateado com a monotonia do sucesso, resolveu voltar-se para a meditação e retirou-se para o mosteiro de Mafra aonde muitas vezes se perdia nas catacumbas devido ao excesso de sumos de uva. Proibido de beber e dar explicações de geografia, escreveu vários ensaios dos quais se destacam “sine vinum,quae taedium” e “sine muliebris, quae fatidium” traduzindo ”sem vinho, que tédio” e “sem mulheres, que fastio”.

Resolveu então encetar nova ronda de explicações, agora remetido á clandestinidade.

Mas essa sua ideia veio a revelar-se fatal:
Valeu-lhe a expulsão e 7 filhos.

Velho e cansado, refugiou-se na Ericeira aonde montou uma bodega vulgo taberna à beira mar. Hoje ainda lá vive com as suas 9 mulheres, 45 filhos e 231 netos.

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