Oposição e Orçamento
"Depois do Congresso, duas certezas: Santana Lopes é o ‘comeback kid’ da política portuguesa. Menezes não tem o instinto fatal dos grandes líderes.
Em Portugal existem dois milhões de portugueses que vivem abaixo do limiar de pobreza. Pelo sétimo ano consecutivo, o país diverge da Europa. Perante tal cenário, o Governo apresenta um Orçamento que não serve Portugal, mas que se serve dos portugueses. E o motivo é simples e cristalino – o Orçamento evita a gestão do ciclo económico e concentra-se na gestão do ciclo político. Não importa discutir se o Orçamento é eleitoral ou virtual, rigoroso ou expansionista, social ou liberal. Na verdade, este é mais um Orçamento em que os portugueses suportam a factura do Estado. Enquanto o défice obedece ao critério dos 3%, o ciclo de dependência expande-se de modo perverso – o Estado revela uma vontade insaciável sobre os recursos do País; o País degrada-se sob o peso do Estado. Sócrates poderá ser o presidente em exercício da União Europeia, mas na próxima cimeira a decorrer em Lisboa, Sócrates é também primeiro-ministro de um País com 20% da população a viver na pobreza. De acordo com observadores imparciais, as cimeiras internacionais são momentos teatrais em que os políticos banais representam o drama dos grandes estadistas.
Face ao Orçamento e à Nação, o PSD faz um compasso de espera. Depois da excitação do Congresso, ficam duas certezas. Em primeiro lugar, Santana Lopes é o ‘comeback kid’ da política portuguesa. Em segundo lugar, Luís Filipe Menezes não tem o instinto fatal dos grandes líderes.
Quando se fala em Santana Lopes, surgem logo análises psicológicas e perfis de personalidade, raramente se discutem questões de natureza política. Mais do que um político, Santana Lopes é uma marca de luxo. Quando se fala em Luís Filipe Menezes, surge imediatamente a ideia de um “novo impulso” e de uma “revolução” no PSD. A julgar pelo discurso do líder no Congresso, a desilusão poderá ter aqui o seu toque distinto. Menezes prometeu as ideias e a dinâmica da acção. Mas no Congresso, Luís Filipe Menezes limitou-se a compilar todos os temas e todos os discursos que o PSD adoptou ao longo dos anos, sem no entanto optar por uma linha clara e consistente. Menezes quer ser um social-democrata de esquerda e um reformista liberal. Menezes quer uma nova Constituição sem preconceitos ideológicos. Menezes quer a ruptura e o compromisso. Menezes quer tudo e o seu contrário. Mas será que o País quer Menezes?"
Carlos Marques de Almeida
Em Portugal existem dois milhões de portugueses que vivem abaixo do limiar de pobreza. Pelo sétimo ano consecutivo, o país diverge da Europa. Perante tal cenário, o Governo apresenta um Orçamento que não serve Portugal, mas que se serve dos portugueses. E o motivo é simples e cristalino – o Orçamento evita a gestão do ciclo económico e concentra-se na gestão do ciclo político. Não importa discutir se o Orçamento é eleitoral ou virtual, rigoroso ou expansionista, social ou liberal. Na verdade, este é mais um Orçamento em que os portugueses suportam a factura do Estado. Enquanto o défice obedece ao critério dos 3%, o ciclo de dependência expande-se de modo perverso – o Estado revela uma vontade insaciável sobre os recursos do País; o País degrada-se sob o peso do Estado. Sócrates poderá ser o presidente em exercício da União Europeia, mas na próxima cimeira a decorrer em Lisboa, Sócrates é também primeiro-ministro de um País com 20% da população a viver na pobreza. De acordo com observadores imparciais, as cimeiras internacionais são momentos teatrais em que os políticos banais representam o drama dos grandes estadistas.
Face ao Orçamento e à Nação, o PSD faz um compasso de espera. Depois da excitação do Congresso, ficam duas certezas. Em primeiro lugar, Santana Lopes é o ‘comeback kid’ da política portuguesa. Em segundo lugar, Luís Filipe Menezes não tem o instinto fatal dos grandes líderes.
Quando se fala em Santana Lopes, surgem logo análises psicológicas e perfis de personalidade, raramente se discutem questões de natureza política. Mais do que um político, Santana Lopes é uma marca de luxo. Quando se fala em Luís Filipe Menezes, surge imediatamente a ideia de um “novo impulso” e de uma “revolução” no PSD. A julgar pelo discurso do líder no Congresso, a desilusão poderá ter aqui o seu toque distinto. Menezes prometeu as ideias e a dinâmica da acção. Mas no Congresso, Luís Filipe Menezes limitou-se a compilar todos os temas e todos os discursos que o PSD adoptou ao longo dos anos, sem no entanto optar por uma linha clara e consistente. Menezes quer ser um social-democrata de esquerda e um reformista liberal. Menezes quer uma nova Constituição sem preconceitos ideológicos. Menezes quer a ruptura e o compromisso. Menezes quer tudo e o seu contrário. Mas será que o País quer Menezes?"
Carlos Marques de Almeida
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