"Acontecimentos pontuais, inesperados e - lá está – incontroláveis".
"O leitor Carlos Martins, numa mensagem tão demagógica que faz os discursos de Hugo Chávez parecerem um exemplo de moderação, lança-me mesmo um desafio: "Aguardamos agora nova peça do Sr. Tavares, explicando aos dez órfãos [uma das vítimas do atropelamento tinha dez filhos] que não se deve restringir as velocidades nas cidades." Da minha parte, o Sr. Tavares manda dizer que a utilização de órfãos em campanhas publicitárias é desaconselhada pelas leis da república, e que há limites para a desonestidade intelectual. Perdoem-me: o que é que um veículo descontrolado e em excesso de velocidade, que provavelmente passou um sinal vermelho e colheu três pessoas numa passadeira, tem a ver com os limites de circulação no prolongamento da Av. dos EUA? A mim, parece-me que nada. Mas as luminárias do travão acham que tem tudo. Numa resposta ao seu mail, eu tentei explicar ao leitor Carlos Martins que estabelecer uma ligação entre uma coisa e outra seria o mesmo que atribuir a culpa da guerra do Iraque aos chineses, por terem sido eles a inventar a pólvora. Ou acabar com a caça porque dois inocentes foram mortos a tiro de zagalote. Não bate certo. Pior: é um reflexo daquele tique lusitano que consiste em despejar leis por cima de todos os problemas, e achar que tudo se resolve controlando, controlando, controlando - mas através do Diário da República.
Esta gente olha para a tragédia do Terreiro do Paço e não a vê como um acontecimento pontual, inesperado e - lá está - incontrolável. Não: aquilo é sintoma de alguma coisa, num daqueles raciocínios à Paulo Coelho onde um espirro pode encerrar uma verdade escondida sobre o universo. Meus caros leitores encarniçados: as barbaridades acontecem, aqui como em qualquer lado, mas num país civilizado não é a partir de um acto selvagem que se mudam as leis - e a própria falta de civismo não se combate a golpes de chicote (mais aqui)".
João Miguel Tavares
O articulista tem toda a razão. As passadeiras no prolongamento da Av. dos EUA são mais seguras pelo que dificilmente um “acontecimento pontual, inesperado e - lá está – incontrolável” jamais poderá acontecer. O único problema é Portugal estar cheio de “acontecimentos pontuais, inesperados e - lá está – incontroláveis”. Que o diga o idosos e os netos atropelados numa passadeira de Tires.
1 Comments:
O interessante é que os noticiarios internacionais estão, há algumas horas, a dizer que foram presos 20 turras em França, Inglaterra, Italia e PORTUGAL.
Mas nada na imprensa portuguesa...
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