O regresso do reitor

"Se a educação em Portugal estivesse tão bem como José Sócrates fez crer ontem no Parlamento, certamente que Portugal não apareceria nos relatórios da OCDE significativamente abaixo da média em matéria de conhecimento dos alunos. As estatísticas de mais estudantes no Secundário ou do êxito do programa ‘Novas Oportunidades’ servem apenas para maquilhar o facto de grande parte dos alunos com 15 anos ser tecnicamente ‘analfabeto funcional’.

As famílias de classe média – que com sacrifício orçamental tentam escolher as melhores escolas privadas para os seus filhos – obviamente também não acreditam no paraíso proclamado pelo primeiro-ministro.

Mas se nem tudo são rosas na educação, também é justo dizer que há alguma vontade de mudar as coisas e a proposta apresentada pelo Governo de instituir um director é uma medida positiva que pode credibilizar a escola pública. O sistema colegial, dito democrático por Jerónimo de Sousa, acabou com a responsabilização na escola. Os resultados das escolas são maus, mas costuma haver sempre desculpas sociológicas para os erros, como o famoso ‘sistema’ é o culpado dos casos da Liga de futebol.

Com a proposta, o director recupera as funções do velho reitor. Será a pessoa a quem os pais e a comunidade poderão exigir resultados. As escolas, tal como as empresas, precisam de lideranças fortes para alcançar objectivos E todos precisamos que a escola pública seja um exemplo de sucesso, rigor e qualidade."

Armando Esteves Pereira