O símbolo
"Estou em crer que seria mais barato para o País, e melhor para a nossa saúde, guardar o ministro do que remodelá-lo e começar do zero. A sua substituição, neste momento, só pode ter um sentido político: pôr a reforma em ponto morto.
Correia de Campos cometeu um erro que podia, e devia, ter evitado. De facto, a concentração de serviços em nome da racionalidade, e o consequente encerramento de outros, só pode ser feita com segurança se existir a garantia do transporte dos doentes em boas condições e em tempo útil. É fácil perceber que quando se deslocalizam serviços se modifica a relação de proximidade física do cidadão, seja ao centro de saúde, ao SAP ou ao bloco de partos, gerando inevitavelmente sentimentos de incerteza e de insegurança.
Mas será que temos, em Portugal, um sistema de transporte de doentes à altura das modificações introduzidas pelo ministro? Se sim, não o vemos, se não, Correia de Campos devia ter garantido a sua operacionalização antes de afastar os equipamentos de saúde das pessoas. Ao não o fazer, deixou-as desamparadas, deu azo a ocorrências menos felizes e, pior, quebrou a confiança, e colocou-se sob suspeita em vez de se ter mantido no estado mais útil de benefício da dúvida. E não será certamente esta confusão de INEM e bombeiros e uma concepção de transporte que vai pouco além de ambulâncias, nem todas devidamente equipadas, sem quase nenhum recurso a meios aéreos, que irão contribuir para serenar as inquietações dos portugueses.
Este erro, aliado ao pouco esforço de comunicação, custou-lhe o lugar. Afinal, num país onde boa governação é confundível com um talk show, quem vai aprofundar a razoabilidade das medidas no meio de um ensurdecedor ruído de fundo criado pelo desencadear de legítimas reacções psicológicas por parte dos cidadãos, instrumentalizados pelo oportunismo das oposições e devidamente ampliados pelos media?
É pena. Correia de Campos conhece muito bem as virtudes e os defeitos do nosso sistema de saúde e sabe que para consolidar as virtudes e eliminar os defeitos tinha de começar por onde começou, reorganizando para obter ganhos através de uma maior racionalização dos recursos e de uma maior eficiência numa área atreita a grandes margens de desperdício. Algo indispensável, até para se poder concluir da sustentabilidade do SNS enquanto eixo fundamental do sistema de saúde, ao serviço dos cidadãos.
Acontece que na saúde a percepção generalizada das mudanças é extremamente difícil. É-o pela complexidade da matéria, a que se junta a natural ignorância do "utente/consumidor", e é-o pela enorme carga psicológica associada à particular vulnerabilidade da condição de doente. Condição que, com grande probabilidade, atingirá, em algum momento, todos e cada um de nós... É por isso que o encerramento de um serviço que não serve para nada é visto como um "corte" ditado pelas mais vis motivações economicistas. Como explicar que manter abertos serviços sem capacidade de resposta e que não garantem mínimos de qualidade é, isso sim, um atentado à saúde das pessoas?
Em tempos, julgo que antes de ter sido alguma vez ministro, Correia de Campos afirmou que quem quer repensar a saúde tem de deixar a ideologia no bengaleiro. Não a boa ideologia, que, tal como o bom colesterol, faz sempre falta, mas aquela "ideologia", ora alucinante ora paralisante, com que ciclicamente se remetem para o caos da brega política as oportunidades de mudança. Uma mudança decisiva para o reforço do próprio SNS.
Os recentes comentários de alguns dos mais importantes anteriores ministros da Saúde sugerem isso mesmo: a manutenção do SNS é tão consensual quanto a necessidade de o rever para o adaptar a novas circunstâncias; de o flexibilizar para que não quebre, prisioneiro de uma rigidez inútil; de lhe introduzir mais equidade para não deixar sem resposta os que mais precisam. Um dos problemas é saber como se faz e esse assumiu--o corajosamente o ex-ministro. Outro, é saber se se pode ser morto na tentativa. Parece que sim. Mau sinal para todos nós!"
Maria José Nogueira Pinto
Correia de Campos cometeu um erro que podia, e devia, ter evitado. De facto, a concentração de serviços em nome da racionalidade, e o consequente encerramento de outros, só pode ser feita com segurança se existir a garantia do transporte dos doentes em boas condições e em tempo útil. É fácil perceber que quando se deslocalizam serviços se modifica a relação de proximidade física do cidadão, seja ao centro de saúde, ao SAP ou ao bloco de partos, gerando inevitavelmente sentimentos de incerteza e de insegurança.
Mas será que temos, em Portugal, um sistema de transporte de doentes à altura das modificações introduzidas pelo ministro? Se sim, não o vemos, se não, Correia de Campos devia ter garantido a sua operacionalização antes de afastar os equipamentos de saúde das pessoas. Ao não o fazer, deixou-as desamparadas, deu azo a ocorrências menos felizes e, pior, quebrou a confiança, e colocou-se sob suspeita em vez de se ter mantido no estado mais útil de benefício da dúvida. E não será certamente esta confusão de INEM e bombeiros e uma concepção de transporte que vai pouco além de ambulâncias, nem todas devidamente equipadas, sem quase nenhum recurso a meios aéreos, que irão contribuir para serenar as inquietações dos portugueses.
Este erro, aliado ao pouco esforço de comunicação, custou-lhe o lugar. Afinal, num país onde boa governação é confundível com um talk show, quem vai aprofundar a razoabilidade das medidas no meio de um ensurdecedor ruído de fundo criado pelo desencadear de legítimas reacções psicológicas por parte dos cidadãos, instrumentalizados pelo oportunismo das oposições e devidamente ampliados pelos media?
É pena. Correia de Campos conhece muito bem as virtudes e os defeitos do nosso sistema de saúde e sabe que para consolidar as virtudes e eliminar os defeitos tinha de começar por onde começou, reorganizando para obter ganhos através de uma maior racionalização dos recursos e de uma maior eficiência numa área atreita a grandes margens de desperdício. Algo indispensável, até para se poder concluir da sustentabilidade do SNS enquanto eixo fundamental do sistema de saúde, ao serviço dos cidadãos.
Acontece que na saúde a percepção generalizada das mudanças é extremamente difícil. É-o pela complexidade da matéria, a que se junta a natural ignorância do "utente/consumidor", e é-o pela enorme carga psicológica associada à particular vulnerabilidade da condição de doente. Condição que, com grande probabilidade, atingirá, em algum momento, todos e cada um de nós... É por isso que o encerramento de um serviço que não serve para nada é visto como um "corte" ditado pelas mais vis motivações economicistas. Como explicar que manter abertos serviços sem capacidade de resposta e que não garantem mínimos de qualidade é, isso sim, um atentado à saúde das pessoas?
Em tempos, julgo que antes de ter sido alguma vez ministro, Correia de Campos afirmou que quem quer repensar a saúde tem de deixar a ideologia no bengaleiro. Não a boa ideologia, que, tal como o bom colesterol, faz sempre falta, mas aquela "ideologia", ora alucinante ora paralisante, com que ciclicamente se remetem para o caos da brega política as oportunidades de mudança. Uma mudança decisiva para o reforço do próprio SNS.
Os recentes comentários de alguns dos mais importantes anteriores ministros da Saúde sugerem isso mesmo: a manutenção do SNS é tão consensual quanto a necessidade de o rever para o adaptar a novas circunstâncias; de o flexibilizar para que não quebre, prisioneiro de uma rigidez inútil; de lhe introduzir mais equidade para não deixar sem resposta os que mais precisam. Um dos problemas é saber como se faz e esse assumiu--o corajosamente o ex-ministro. Outro, é saber se se pode ser morto na tentativa. Parece que sim. Mau sinal para todos nós!"
Maria José Nogueira Pinto
10 Comments:
Medidas injustas feitas em cima do joelho com objectivos eleitoralistas e não de justiça social.A minha filha que tem o "azar" de ter pai e mãe , assim sendo não vai ter um cêntimo de aum.no abono que dá para 1l de leite p semana!Dar subsídios a quem nunca descontou e cortar nas reformas.Afinal meus amigos,o Estado tem muito p gastar.Em vez de dar consoante os rendimentos de c/um,dá esta golpada!
Cuidado que ele não perdeu a arrogância. Está é a camuflar, pois já não sabe o que fazer mais, seria mais honesto demitir-se e assumir duma vez por todas as asneiras que tem andado a fazer e as mentiras que tem apregoado....
Lembrem-se PORTUGUESES que já chega destes "senhores", nos passarem atestados de "BURRICE". Tudo isto são manobras políticas! Agora que começam as campanhas para as eleições. Sejamos realista este homem deveria estar em HolYwood com algum oscar já ganho, pois de "ARTISTA" tem tudo.NÃO NOS DEIXEMOS ENGANAR DE NOVO! TEMOS PODER PARA ISSO SE TODOS NOS UNIRMOS...
Com todo o respeito pela senhora Ministra.Pergunta-se:não havia mais ninguém para nomear para Ministro da Saúde?O Estado, representado pelo Governo pede à Dra Ana Jorge uma indemnização de 3.5€ milhões,resultante do exercicio das suas funções públicas e agora, promove-a a Ministra? Com a conivência do Sr.Presidente da Republica?.!Haja decoro minha gente!.Já perderam todos a vergonha!Pobre País...
Se cada ministério trabalhasse de forma independente e seguisse as suas próprias medidas e políticas,aí sim,era de chamar-lhes à atenção.Deste modo,o que se está a fazer é uma mera lavagem de imagem que não vai conseguir levar a cabo os intentos do 1º.O problema é ele,não são os ministros,embora uns desempenhem melhor as suas funções que outros!
o PS pediu para os portugueses lhe darém a maioria absoluta para poderém governar,e ai està o resultado,andamos a pagar um ordenadäo ao ministro da saude durante 2 anos para destruir e näo para melhorar o SNS a melhor oposiçäo ao governo é o povo bém hajam aqueles que näo se calaram,saudaçöes GENEVE.
Esta manhã a minha filha de 15 anos teve uma dor muito forte no lado esquerdo do abdomen e quando cheguei ao que o governo chama de centro de saude, eu chamo-lhe centro da morte, fui marcar consulta normal, tive logo que pagar, e agora espera. Nojo tenho eu de viver neste portugal governado por estes a quem se chama de governantes.
Vai tudo ficar na mesma!A política do primeiro ministro, (sim porque é ele que assim determina, os outros ministros são só para compor o ramalhete), vai continuar!O problema que nós portugueses ainda não entendemos é só um: Maioria Absoluta! Não a podemos dar a nenhum governo sob pena desse governo fazer o que lhe dá na real gana.Sem maioria absoluta já não seriam tão arrogantes!
Simplesmente trocou-se seis por meia dúzia. O povo não tolera mais tanto descaso com a saúde. Esta Senhora está sendo responsabilizada por atribuição de verbas indevidas e toma posse num dos ministérios mais importantes e mais fragilizados em conseqüência da péssima gestão Correia de Campos. Não há compustura neste governo!
Nem há palavras para descrever a nossa indignação. Perante estas anormalidades eu diria :que alienação mental é esta?a senhora vai a tribunal e, antes vai tomar posse num Ministério?Será possivel?????? parece que é...
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