Palhaços
"A jurisprudência portuguesa concluiu que a expressão “és um palhaço” não constitui crime. O acórdão não salvaguarda a honra dos palhaços que têm todo o direito de sentir-se injuriados por certas comparações.
Palhaço, do italiano ‘pagliaccio’, é um termo que entrou no vocabulário de todas as seitas em Portugal. Da arena da política à praça do social, do carrossel da economia ao circo da comunicação e da cultura, o que mais haverá são palhaços, ricos e pobres, contracenando no grande coliseu da vida portuguesa, a avaliar pela frequência com que a expressão é utilizada: “seu palhaço”. O que não quer propriamente dizer que os actores da cena colectiva vejam o respectivo papel reduzido a meras momices, fosquinhas e palhaçadas. Nada disso e pelo contrário: “palhaço” é apenas o outro, o diverso, o comparsa.
Antes da sentença, proferida pela Relação do Porto, poderia admitir-se que a expressão pudesse significar que o outro, o “palhaço”, seria alguém que se prestasse a fantochadas, a actividades movidas por cordelinhos ou geringonças afins. Agora ficou tudo esclarecido porque, bem vistas as coisas, o ofício de comediante não é necessariamente o desempenho real de um farsante.
Portanto, brandindo a douta sentença da Relação do Porto, cada português pode designar livremente por “palhaço” tanto o governante como o governado, o patrão como o empregado, o fornecedor como o consumidor, o administrador como o utente. No pior sentido, “palhaço” significará apenas menos consideração por quem assim se designa. Mas a consideração merece-se. O que fica em aberto é apenas a reacção dos palhaços propriamente ditos que, com certas comparações, terão eventualmente razões para se sentirem ofendidos."
João Paulo Guerra
Palhaço, do italiano ‘pagliaccio’, é um termo que entrou no vocabulário de todas as seitas em Portugal. Da arena da política à praça do social, do carrossel da economia ao circo da comunicação e da cultura, o que mais haverá são palhaços, ricos e pobres, contracenando no grande coliseu da vida portuguesa, a avaliar pela frequência com que a expressão é utilizada: “seu palhaço”. O que não quer propriamente dizer que os actores da cena colectiva vejam o respectivo papel reduzido a meras momices, fosquinhas e palhaçadas. Nada disso e pelo contrário: “palhaço” é apenas o outro, o diverso, o comparsa.
Antes da sentença, proferida pela Relação do Porto, poderia admitir-se que a expressão pudesse significar que o outro, o “palhaço”, seria alguém que se prestasse a fantochadas, a actividades movidas por cordelinhos ou geringonças afins. Agora ficou tudo esclarecido porque, bem vistas as coisas, o ofício de comediante não é necessariamente o desempenho real de um farsante.
Portanto, brandindo a douta sentença da Relação do Porto, cada português pode designar livremente por “palhaço” tanto o governante como o governado, o patrão como o empregado, o fornecedor como o consumidor, o administrador como o utente. No pior sentido, “palhaço” significará apenas menos consideração por quem assim se designa. Mas a consideração merece-se. O que fica em aberto é apenas a reacção dos palhaços propriamente ditos que, com certas comparações, terão eventualmente razões para se sentirem ofendidos."
João Paulo Guerra
1 Comments:
Não vejo razão para os politicos se sentirem ofendidos com a designação de palhaços.Quando tiram a bola vermelha do nariz,devem rir-se bem mais do que o personagem de Leon Cavallo.É que palhaços somos nós..
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