Sos Sócrates.
"Os portugueses já perceberam que o primeiro-ministro invoca a poesia enquanto reserva para os ministros as dificuldades da prosa.
O Governo merece censura? Merece. Mas a moção de censura apresentada pelo Bloco de Esquerda não passou de uma pobre encenação de um pequeno partido em desespero de causa. No entanto, é sempre comovente o espectáculo da “esquerda moderna e dinâmica” em diálogo com a “esquerda conservadora e imobilista”. Em discussão familiar, a moção de censura não esclareceu nada, não debateu nada e limitou-se à representação do drama da Europa em versão regimental, solene e acanhada.
No entanto, o Governo de Sócrates merece censura por muitas e desvairadas razões. Desde logo, o Governo confunde a promessa da “mudança” no país com a realidade da “mudança” na opinião do Governo. O novo estilo do Executivo adopta o ritmo incerto de um ‘flip-flop’. Em simultâneo, Sócrates anuncia a “modernização” de Portugal e tudo se resume ao rigor encenado de uma narrativa política dos resultados. Em nome dos superiores interesses do país, Sócrates exibe uma noção administrativa da democracia com o objectivo de reduzir as vontades e de iludir as opções. Mas a ficção do Governo não consegue disfarçar o pessimismo que infecta o país.
Mais ainda. Sócrates cativa censura por garantir o exercício político de um ministro da Saúde arrogante, pomposo e politicamente distante. A mesma censura que convoca ao suportar um ministro das Obras Públicas diminuído, penitente e politicamente frágil. O primeiro-ministro devia perceber que existem sectores disfuncionais no Governo, sectores que não servem o País e que apenas respondem à conveniência política de Sócrates. Por incapacidade ou espírito de facção, Sócrates evita a todo o custo o espectro da remodelação. Mas os portugueses já perceberam que o primeiro-ministro invoca a poesia enquanto reserva para os ministros as dificuldades da prosa.
Finalmente, o Governo justifica censura pela memória amputada e pelo culto da obediência pacífica. Nos intervalos da narrativa política dos resultados, o país começa a entender a narrativa cruzada das ilusões e das falsas promessas. Sócrates anunciou a redenção, mas porque será que Portugal parece não ter salvação?
Em tom de remate, uma nota moral. Veneza, cidade que todos julgam eterna, ameaça desaparecer nas águas do Adriático. À imagem de Veneza, o Governo de Sócrates afunda-se lentamente no mar de fumos e espelhos com que pretende “modernizar” Portugal."
Carlos Marques de Almeida
O Governo merece censura? Merece. Mas a moção de censura apresentada pelo Bloco de Esquerda não passou de uma pobre encenação de um pequeno partido em desespero de causa. No entanto, é sempre comovente o espectáculo da “esquerda moderna e dinâmica” em diálogo com a “esquerda conservadora e imobilista”. Em discussão familiar, a moção de censura não esclareceu nada, não debateu nada e limitou-se à representação do drama da Europa em versão regimental, solene e acanhada.
No entanto, o Governo de Sócrates merece censura por muitas e desvairadas razões. Desde logo, o Governo confunde a promessa da “mudança” no país com a realidade da “mudança” na opinião do Governo. O novo estilo do Executivo adopta o ritmo incerto de um ‘flip-flop’. Em simultâneo, Sócrates anuncia a “modernização” de Portugal e tudo se resume ao rigor encenado de uma narrativa política dos resultados. Em nome dos superiores interesses do país, Sócrates exibe uma noção administrativa da democracia com o objectivo de reduzir as vontades e de iludir as opções. Mas a ficção do Governo não consegue disfarçar o pessimismo que infecta o país.
Mais ainda. Sócrates cativa censura por garantir o exercício político de um ministro da Saúde arrogante, pomposo e politicamente distante. A mesma censura que convoca ao suportar um ministro das Obras Públicas diminuído, penitente e politicamente frágil. O primeiro-ministro devia perceber que existem sectores disfuncionais no Governo, sectores que não servem o País e que apenas respondem à conveniência política de Sócrates. Por incapacidade ou espírito de facção, Sócrates evita a todo o custo o espectro da remodelação. Mas os portugueses já perceberam que o primeiro-ministro invoca a poesia enquanto reserva para os ministros as dificuldades da prosa.
Finalmente, o Governo justifica censura pela memória amputada e pelo culto da obediência pacífica. Nos intervalos da narrativa política dos resultados, o país começa a entender a narrativa cruzada das ilusões e das falsas promessas. Sócrates anunciou a redenção, mas porque será que Portugal parece não ter salvação?
Em tom de remate, uma nota moral. Veneza, cidade que todos julgam eterna, ameaça desaparecer nas águas do Adriático. À imagem de Veneza, o Governo de Sócrates afunda-se lentamente no mar de fumos e espelhos com que pretende “modernizar” Portugal."
Carlos Marques de Almeida
1 Comments:
Pois a porcaria e os fretes quando aparecem do quadrante de leste cheiram menos a merda.
Quando do outro lado a merda é mais elaborada.
O Sr Louçã sabe do que se fala, não sei se o paizinho lhe ensinou alguma coisa, o meu ensinou-me a ser sério, tal e qual, já morreu há muito. esta à minha espera.
É o diabo quando os mortos esperam de nós alguma coisa...
Percebe meu monte de esterco?
Quando se censura tem de se saber o quê e a quem se serve.
Eu sirvo-me de mim mesmo, preciso de trabalhar, e você, precisa de quê?
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