O plano inclinado.
"Mais uma vez, não foi a pensar no melhor interesse dos utentes do SNS, mas em si próprio, que Sócrates imolou o cordeiro. Finalmente, Sócrates, em desespero de causa, tratou da saúde a Correia de Campos. Antes que ele desse cabo da sua. Não em defesa do SNS, mas em (i)legítima defesa. Para disfarçar deu um rebuçadinho às descontentes gentes da cultura. Não fez uma remodelação. Começou a remodelar-se.
Sócrates viu-se livre, apenas, de um incomodativo enfeite que ameaçava tornar a sua impopularidade insuportável, provocar uma cisão no PS e liquidar-lhe o futuro político. Não foram as boas razões que o motivaram. Foram as piores. E nunca se verá livre de toda uma ostensiva política de destruição do SNS que ele próprio apadrinhou e sustentou. Ana Jorge vai limitar-se a pôr água na fervura. Gerir os estragos. Mais uma vez não foi a pensar no melhor interesse dos utentes do SNS, mas em si próprio, que Sócrates imolou o cordeiro. Sócrates chegou a São Bento com pezinhos de lã. Com os olhos postos em Belém. Para não ser muito sacudido pela Direita, impôs alguns sacrifícios inúteis às gentes supostamente acarinhadas pela Esquerda. Sem oposição interna que se visse, apanhou-lhe o gosto e tornou o PSD dispensável. O incontornável controlo do défice satisfazia Cavaco e calava os que queriam acreditar que Sócrates não vendera a alma ao diabo. Até que passou a ser justificação para todos os disparates. E Sócrates passou a navegar em águas cada vez mais turvas. Até à passada terça-feira o seu discurso de esquerda era escutado com deleite e ironia pela Direita e com indignação pela Esquerda. Mas Sócrates pressentiu o perigo e desfez-se do ministro que mais suscitava a ira popular. Trocou-o por uma apoiante de Alegre na corrida às Presidenciais e garante já um travão às ameaças do ex-ministro. Satisfez Cavaco, Alegre e os alegristas e tirou um dos mais apetecidos brinquedos à esquerda parlamentar. Foi um começo de vida. Percebe-se que alguma coisa vai mudar. Mas nada de importante. Em paz com Cavaco e tolerado pela Direita (que ainda não se refez da eleição de Menezes e já lhe procura substituto), Sócrates vai iniciar um processo de sedução da ‘esquerda das ruas’. A única capaz de, na hora da verdade, dar um pontapé nos partidos, seguir o seu instinto e decidir eleições. Sem sobressaltos ou grandes aventuras, porque é cedo para acordar alguns monstros. Exibindo um fantástico amor pelos mais desfavorecidos e muitas lágrimas de crocodilo. Mas sempre com muito cuidado com os mais poderosos grupos de eleitores. E, eleitoralmente, o mais poderoso de todos eles é, hoje, o dos potenciais utentes do SNS. Que somos, afinal, todos nós. E não se esquecendo nunca de amaldiçoar a conjuntura que impede a sua beatificação.
O Sócrates centro do mundo, todo-poderoso e fanfarrão foi para casa com Correia de Campos. Ficaram os restos desta automutilação. Com o descarte do ministro, Sócrates inicia uma tentativa de expiação dos seus pecados. Vestiu o fato de treino e arrancou para a mais longa das suas maratonas. A corrida às legislativas de 2009. Com calma, porque o percurso é longo, o fôlego já não é muito e os adversários não assustam ninguém.
Espantosa a previsibilidade destes políticos!!! "
João Marques dos Santos
Sócrates viu-se livre, apenas, de um incomodativo enfeite que ameaçava tornar a sua impopularidade insuportável, provocar uma cisão no PS e liquidar-lhe o futuro político. Não foram as boas razões que o motivaram. Foram as piores. E nunca se verá livre de toda uma ostensiva política de destruição do SNS que ele próprio apadrinhou e sustentou. Ana Jorge vai limitar-se a pôr água na fervura. Gerir os estragos. Mais uma vez não foi a pensar no melhor interesse dos utentes do SNS, mas em si próprio, que Sócrates imolou o cordeiro. Sócrates chegou a São Bento com pezinhos de lã. Com os olhos postos em Belém. Para não ser muito sacudido pela Direita, impôs alguns sacrifícios inúteis às gentes supostamente acarinhadas pela Esquerda. Sem oposição interna que se visse, apanhou-lhe o gosto e tornou o PSD dispensável. O incontornável controlo do défice satisfazia Cavaco e calava os que queriam acreditar que Sócrates não vendera a alma ao diabo. Até que passou a ser justificação para todos os disparates. E Sócrates passou a navegar em águas cada vez mais turvas. Até à passada terça-feira o seu discurso de esquerda era escutado com deleite e ironia pela Direita e com indignação pela Esquerda. Mas Sócrates pressentiu o perigo e desfez-se do ministro que mais suscitava a ira popular. Trocou-o por uma apoiante de Alegre na corrida às Presidenciais e garante já um travão às ameaças do ex-ministro. Satisfez Cavaco, Alegre e os alegristas e tirou um dos mais apetecidos brinquedos à esquerda parlamentar. Foi um começo de vida. Percebe-se que alguma coisa vai mudar. Mas nada de importante. Em paz com Cavaco e tolerado pela Direita (que ainda não se refez da eleição de Menezes e já lhe procura substituto), Sócrates vai iniciar um processo de sedução da ‘esquerda das ruas’. A única capaz de, na hora da verdade, dar um pontapé nos partidos, seguir o seu instinto e decidir eleições. Sem sobressaltos ou grandes aventuras, porque é cedo para acordar alguns monstros. Exibindo um fantástico amor pelos mais desfavorecidos e muitas lágrimas de crocodilo. Mas sempre com muito cuidado com os mais poderosos grupos de eleitores. E, eleitoralmente, o mais poderoso de todos eles é, hoje, o dos potenciais utentes do SNS. Que somos, afinal, todos nós. E não se esquecendo nunca de amaldiçoar a conjuntura que impede a sua beatificação.
O Sócrates centro do mundo, todo-poderoso e fanfarrão foi para casa com Correia de Campos. Ficaram os restos desta automutilação. Com o descarte do ministro, Sócrates inicia uma tentativa de expiação dos seus pecados. Vestiu o fato de treino e arrancou para a mais longa das suas maratonas. A corrida às legislativas de 2009. Com calma, porque o percurso é longo, o fôlego já não é muito e os adversários não assustam ninguém.
Espantosa a previsibilidade destes políticos!!! "
João Marques dos Santos
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