Avulso, sem embalagem individual e sem princípio de causalidade (1)
Em Espanha, o aproveitamento das linhas de financiamento do BCE foi especialmente notório.
O Financial Times escrevia, há cerca de um mês, que os bancos espanhóis mais do que duplicaram o seu recurso aos leilões do BCE durante o último trimestre de 2007, atingindo um saldo de 44 mil milhões de euros em Dezembro.
Um fenómeno explicado pelo facto de as instituições espanholas necessitarem de sustentar as suas necessidades de concessão de crédito, dado o boom dos empréstimos concedidos às famílias (com níveis de endividamento históricos) e à construção de empreendimentos imobiliários registado na última década.
Desde que a crise financeira internacional deflagrou, o Banco Central Europeu tem vindo a injectar liquidez
No último trimestre de 2007, num quadro de turbulência financeira, o Santander Totta recorreu ao Banco Central Europeu (BCE) para se financiar em cerca de dois mil milhões de euros, montante que representa mais de 84 por cento do valor de créditos concedidos pela instituição europeia a bancos a operar em Portugal.
O Santander Totta terá sido o único dos grandes bancos privados com actividade no mercado nacional a recorrer em larga escala à autoridade monetária para levantar fundos naquele período.De acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal (BdP) no seu boletim estatístico, o saldo das cedências de liquidez efectuadas pela autoridade monetária aos bancos portugueses passou de uma média mensal de 236 milhões de euros nos primeiros oito meses de 2007 para 1554 milhões em Setembro e 2464 milhões em Dezembro.
"Atendendo aos actuais spreads praticados nos mercados internacionais, considerámos que se tratava de uma excelente oportunidade para nos financiarmos a condições mais competitivas", explicou ao PÚBLICO fonte oficial do Santander Totta, evidenciando que este tem a mais alta notação financeira existente e que esta solução também foi utilizada em 2005 e 2006.
Tendo em conta que é controlado pelo Santander, o maior grupo privado espanhol, é provável que o aproveitamento pelo Santander Totta das linhas de crédito abertas pelo BCE possa inscrever-se na gestão dos fundos do grupo espanhol, que é feita de modo centralizado.
A aplicação dos recursos é planeada segundo uma perspectiva global. Para além do Santander Totta, e tendo em conta o universo do sistema financeiro nacional, apenas a Caixa Geral de Depósitos (CGD) terá ido em 2007 ao BCE buscar crédito, ainda que em valores substancialmente inferiores aos do banco espanhol.
O BPI garantiu "nunca" ter recorrido ao BCE para se financiar, enquanto o BES lembrou que lançou recentemente dois empréstimos obrigacionistas no valor de dois mil milhões de euros, o que lhe permite cumprir com o programa de liquidez.
O BCP preferiu não se pronunciar. Crise internacionalO recurso ao BCE por parte do Santander Totta como fonte de financiamento - a autoridade monetária possui linhas de desconto em condições favoráveis e que estão disponíveis para todos os bancos a operar na zona euro - coincidiu com o momento em que os mercados de crédito internacionais se tornaram menos líquidos, colocando algumas instituições em situação de aperto de liquidez.
As necessidades de financiamento da banca podem ser satisfeitas por diversas formas, não só através do mercado interbancário, mas também por via da emissão de obrigações hipotecárias e de securitização. Ao voltarem-se para o BCE (o que acontece com regularidade), para beneficiar das linhas de crédito, os grandes grupos asseguram fundos em condições vantajosas (é mais barato do que remunerar depósitos), mas, em contrapartida, têm que entregar activos em garantia, encontrando-se entre os elegíveis as obrigações de tesouro ou os títulos de divida pública. Uma situação que deixa de fora algumas instituições com menor peso de activos líquidos nos balanços.
Foi neste contexto de escassez financeira, desencadeada pela crise norte-americana do subprime, que o governador do Banco de Portugal (BdP), Vítor Constâncio, se reuniu por diversas vezes com os responsáveis do sistema bancário, no âmbito da direcção da Associação Portuguesa de Bancos (APB).
Um dos objectivos do BdP foi o de se inteirar da real situação de cada instituição. Nos encontros, Constâncio chegou mesmo a alertar os presidentes dos bancos (todo o sistema financeiro nacional esteve presente) para a possibilidade de, caso necessitassem, acorrer ao BCE para levantar fundos.
A última vez que se assistiu em Portugal a um recurso significativo às cedências de liquidez do banco central ocorreu entre 2004 e 2006, chegando-se a atingir um saldo máximo de 7777 milhões de euros em Junho de 2006, repartido por operações de refinanciamento a uma semana e a três meses.
A ajuda do BCEA partir do momento em que, no Verão do ano passado, o alarme soou nos mercados financeiros internacionais, o BCE deu início a uma série de injecções extraordinárias de liquidez que vieram complementar os habituais leilões efectuados com periodicidade semanal e mensal. Tudo para garantir que não se agravasse o clima de desconfiança e a escalada das taxas de juro no mercado interbancário.
A primeira intervenção do banco central deu-se logo a seguir ao deflagrar da crise, a 9 de Agosto, e consistiu na injecção de 155 mil milhões de euros no mercado no espaço de apenas dois dias.
A última acção, a partir da qual, finalmente, as taxas euribor começaram a descer, aconteceu poucos dias antes do final de 2007, com o alargamento do prazo de maturidade do habitual leilão semanal para 16 dias, ficando também definido que os bancos poderiam ir buscar, à taxa pré-definida, todo o dinheiro de que precisassem.Em Portugal, o recurso a estas provisões de liquidez no final de 2007 ocorreu principalmente durante o mês de Setembro, através de operações de refinanciamento a três meses num valor superior a 1300 milhões de euros.
Em Novembro e Dezembro, o saldo destas operações aumentou novamente, voltando a reduzir-se em Janeiro.
10 Comments:
Os loucos do BCE estão a resistir ás baixas da taxa nos EUA, sobretudo para proteger o sistema financeiro. É urgente que os politicos venham a tomar medidas, a alterar os objectivos da politica monetária do BCE.
O Sr. Trichet pouco percebe de macroeconomia e conforme os dias vão passando,a sua ignorancia, vai aumentando numa razão directa...
Este senhor so se preocupa com o superfluo,ha uns tempos atras eram as questoes inflaccionistas,agora sao as movimentacoes excessivas nos mercados cambiais e nao ve a questao de fundo e fulcral que e a descida das taxas de juro na uniao euroipeia!
Com um salario de trezentos e trita e tal mil euros mensais, eu nem sequer me dava ao trabalho de responder ao jornalistas. Este sr. Trichet dava era um grande especulador tendo em conta que especulação faz ele muito bem, o mesmo já não se pode dizer de economia....
SO SE INTERESSA PELO SEU BEM ESTAR O SR TRICHET ELE QUE BAIXE OS JUROS E JA NAO ACONTECE NAS MOVIMENTAÇOES EXESSIVAS E MUITO TRISTE A MOEDA UNICA SO VEIO AUMENTAR MAIS A SITUAÇAO ECONOMICA DE PORTUGAL PARA A CRISE. ESTAMOS NUMA SITUAÇAO MUITO COMPLICADA
Mais cedo ou mais tarde, Trichet vai ser obrigado a descer as taxas de juro apesar de a inflação europeia provavelmente continuar acima dos 2%. Apesar da resistência (normal nos bancos centrais), acho que em última instância irá preferir inflação um pouco acima do desejado em vez de recessão e desemprego por força da quebra de exportações.
Estes senhores que opinam frequentemente sobre o Sr. Trichet tendem a confundir a Europa com Portugal e Economia com economia doméstica onde aí sim, nos dava jeito uma descida das taxas de juro para os 5% negativos para assim comprarmos mais um automóvel a 80 suaves prestações.
O sr. trichet agora está preocupado com as movimentações excessivas nos mercados cambiais?? e a falta de dinheiro para pagamento das rendas casas, que cada vez são mais altas??? Será que ninguem se preocupa com isso????
Se não têm dinheiro para pagar a casa que compraram, deviam ter feitos as contas antes de a comprar. A culpa não é das taxas, mas sim dos créditos que se fizeram a pensar que ao longo de 40 anos as taxas iam ficar sempre nos 2,5%... Andam todos a pedir que o BCE baixe as taxas, mas quem disse que ele ao baixar as taxas, a euribor não sobe??? A taxa do BCE é apenas indicativa e é usada para os créditos dos bancários. Todo os outros créditos são baseados na EURIBOR, que é independente da BCE. Por exemplo, a taxa do BCE é actualmente de 4%, mas a EURIBOR está quase nos 5%. Deixo o conselho, falem com o vosso banco e negoceiem taxas fixas, deixam de se preocupar com o Sr. Trichet.
Os EUA desistiram da globalização, porque afinal chegaram à conclusão que não podem impor regras a um mercado que julgavam poder regular.
Assim, globalização, só dentro das suas fronteiras.
Vamos voltar ao velho estado nação, ou então teremos uma guerra a nível mundial sem as regras antigas.
Na Europa o que se passa é que não existe Europa e muito menos comunitária, quem manda são quem está nos EUA e quem manda nos mercados de capitais, daí à desgraça é um instante.
O neoliberalismo a que assistimos neste sítio é uma coisa em contraciclo e muito perigosa, em termos sociais.
Culpas?
Claro! É a 2ª versão do homem que subiu ao coqueiro.
Diminuir o peso de Estado não quer dizer diminuir os custos, é uma questão de contabilidade e de conta, passa de despesas com pessoal para fornecimento de serviços externos.
Mas como o problema não é de contabilidade é de economistas, aí estamos tramados.
Economista é uma pessoa que pouco percebe de... economia.
Temos todos os exemplo de broncos muitos formados nas escolas e pelos professores que têm, na vida real destruído este país e que o transformaram em sítio.
O Sr PR é um exemplo, aconselha que os investidores portugueses invistam no Brasil e pede a mais brasileiros para virem para cá, decerto para receberem o rendimento mínimo ou então tornarem isto na favela Portugal.
Curva-se Sua Excelência a um ex sindicalista que governa um país com desigualdades iguais a Angola, como se curva perante Eduardo, tudo porque deixam que a petrolífera possa ter os seus blocos, como se o país lucrasse alguma coisa com isso, ou como se os blocos não pudessem ser tirados, ou não secassem.
Enfim, de contraciclos sabemos nós e nunca os aproveitam quem deve e pode.
Pois meus amigos há que poupar e seguir o exemplo dos japoneses.
Cortar, cortar, mas acima de tudo não se deixem humilhar.
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