Estatísticas.
"O Governo obsta com a descida do crime violento, uma redução da ordem dos 10%, e aponta ao mediatismo as culpas de aumentarem as preocupações da população em torno de determinado tipo de crimes. No entanto, a classificação de crime violento engloba casos que vão desde o assalto com arma de fogo ao roubo com seringa (mais aqui)".Assim é fácil perceber como as estatísticas podem dar os dados pretendidos...
Etiquetas: Atirem-me areia para os olhos, Cantam bem mas não me alegram
7 Comments:
Ao contrário daquilo que aparenta a discussão pública, o problema da insegurança vai muito para além da relação entre a notícia/visibilidade de um conjunto de crimes violentos e não se resolve com as medidas que caem nos restritos campos das polícias e dos tribunais.
Dos vários estudos sobre insegurança que se conhecem nas últimas duas décadas, entre eles sublinho um dos mais importantes realizado pela equipa do prof. Boaventura Sousa Santos nos meados da década de 90, aquilo que nos é revelado indicia que os medos que nos habitam não têm a actividade criminosa como primeira preocupação dos portugueses.
O problema do desemprego, as preocupações com a saúde, com a educação dos filhos surgem, em ordens diferentes, à frente do medo face à criminalidade.
Estudos realizados na mesma época para o centro de Paris, e nos quais directamente intervi, revelam, ainda, que os sentimentos de insegurança variam conforme aumenta a idade, são maiores de noite do que durante o dia, aumenta conforme a solidão e o avanço da velhice, com a iluminação pública, ou pela falta dela.
E sabe-se, por vários ensaios publicados, que os níveis de insegurança nos campos é sempre menor do que aquele que se sente nas cidades e bem menor dos valores do medo com que se vive nas grandes metrópoles.
Portanto, o sentimento de insegurança tem uma dimensão subjectiva que vai muito para além dos comportamentos criminais mais relevantes. E até, no quadro da violência criminal, nem todos os homicídios, por exemplo, são objecto do mesmo susto ou angústia perante a possibilidade de sentir a vida ameaçada.
Historicamente nós convivemos com a violência e com o homicídio, por vezes, reconhecendo-lhe legitimidade moral e social.
Remonta ao tempo das justiças privadas, bem anteriores à constituição do Estado, como hoje o conhecemos, a evidência de que matar para repor a ordem socialmente tida como boa, numa determinada comunidade, era um acto não censurável. A reposição da honra enxovalhada, a defesa da propriedade, a defesa da família estiveram na base de muitos homicídios que a memória histórica preservou como uma herança de que matar nem sempre é mau.
A título de exemplo do que afirmamos, deve dizer-se que só nos inícios dos anos 90, é que do Código Penal desapareceu um pressuposto que considerava uma circunstância atenuante, o marido matar a mulher em caso de flagrante delito de prática de adultério. Um resquício da velha ordem que só há quinze anos teve um ponto final.
Da leitura linear das estatísticas criminais não se retiram, portanto, todas as evidências que potenciam a explosão momentânea de maior turbulência securitária. Tem várias origens, como se fosse uma raiz fasciculada que conduz a seiva para o tronco comum deste debate. Mesmo que agora pare por um momento a onda de homicídios, pode ter menor visibilidade a discussão sobre a insegurança, mas não é por deixar de se discutir, ou noticiar, que ela abranda enquanto estivermos perante ameaças de várias origens. E como é sabido, ninguém quer morrer. Seja por qual for o motivo.
A estação de serviço onde ontem à tarde meti gasolina tinha sido palco de tiroteio durante a noite. Um fulano vai tomar café e leva um tiro. Há tiroteios a mais, começa a haver homicídios a mais? Nisto, como em outras coisas, Portugal não tem estatísticas que no minuto seguinte não se desmintam – basta seguir a novela dos ‘números do crime’.
Começam a ser preocupantes, mas as autoridades pensam que ficamos mais descansados quando relativizam a sua frieza. Ou não estavam incluídos os de carjacking, ou porque a PJ mudou de carrossel, ou porque a ‘pequena criminalidade’ era da PSP – há sempre um grão de areia a atraiçoar a estatística.
Mesmo assim, de cada vez que uma onda de crimes sobe à primeira página dos jornais, aparece alguém a pedir “acção firme” ou uma “audição parlamentar”. Ou alguém a dizer que “isto é pior do que o Brasil”. A ideia de que Portugal era um paraíso com melros a cantar nas oliveiras já se foi. Resta pouco desse retrato. Tenham cuidado.
As estatísticas criminais raramente são um reflexo fiel da realidade. As grandes apreensões de droga traduzem apenas isso: droga apreendida. Não nos dizem se estamos no bom caminho, se temos a estratégia adequada para combater tal crime.
Nos anos 80 e 90 Portugal foi aumentando as suas apreensões de haxixe e depois de cocaína e os resultados da PJ eram progressivamente espectaculares, mas na realidade eram a heroína e as drogas químicas que iam atacando a juventude.
Com a criminalidade violenta não se passa o mesmo mas, por vezes, não é pelas estatísticas que enxameiam os discursos oficiais que chegamos lá. Para lá dos números, são casos co-mo os que ocorreram nos últimos dias na área da grande Lisboa que nos dão a dimensão da insegurança que sentimos no quotidiano. A noite, os seus negócios e protagonistas, são um grande problema no Porto e em Lisboa. Mas a sucessão de casos de carjacking ou assaltos violentos, o arrojo cada vez maior dos delinquentes, a circulação fácil de armas de fogo, o número crescente de homicídios, o matar por dá cá aquela palha, a violência contra mulheres, idosos e crianças são pontas de um fenómeno de insegurança preocupante. Pode não ser, como diz o Presidente da República, tão grave como noutras paragens. Todavia, como diz o povo, com o mal dos outros estamos nós bem. Ou seja, não vale a pena minimizar a realidade que temos em matéria de segurança, porque ela pode não ser estatisticamente relevante mas no terreno, sobretudo nas áreas metropolitanas, é potencialmente explosiva.
mais uma estatistica pra o governo ver e ouvir...entao se a criminalidade aumenta, porque que durante dois anos vao deixar de haver cursos pra forças de segurança com o efectivo a diminuir pras reformas como é possivel????aumenta a criminalidade diminiu as forças policiais. ta certo...coitado quem anda na rua...
Atendendo que o cidadão comum não acredita mais na justiça subordinada às Leis desta republica de bananas,simplesmente não apresenta queixa! Para quê? assim, os ilustres ministros da justiça e da Admnistração Interna podem se vangloriarem com o êxito das suas políticas........
A inércia e a incompetência deste Governo são revoltantes! Não só são responsáveis por um nítido incentivo ao crime, com a alteração ao Código Penal! É vergonhoso o que este governo fez e está a fazer, e depois mostram estatísticas fabricadas que em nada representam a realidade do nosso país.
Pelo que se le sobre as noticias de assaltos, furtos, roubos etc, parece-me que a preocupação das autoridades que poderiam dar cobro a estes actos, é em saber como estão as estatisticas sobre esses acontecimentos e concluir que: o ano passado aconteceram poucos mais casos, ou alguns menos casos, como se isso tivece de bastar, para a tranquilidade dos cidadãos.
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