Por detrás do lucro recorde
"Em plena época de resultados, as palavras dos presidentes das empresas são hoje, mais do que nunca, lidas nas entrelinhas.
Ao mesmo tempo que apresentava um lucro recorde relativo a 2007, Alexandre Soares dos Santos, líder da Jerónimo Martins, avisava: “Julgo que o tempo da comida barata acabou”. Não foram os resultados de um ano que Soares dos Santos disse ter sido “brilhante” que encheram as medidas aos investidores, mas sim aquelas e outras palavras ditas pelo empresário.
A crise financeira sem fim à vista e o risco acrescido de uma recessão nos Estados Unidos sobram para calar até os optimistas profissionais. A ameaça da crise económica paira, para já, sobre a cabeça de meio-mundo. Por isso, a divulgação dos resultados das empresas é hoje aguardada com mais expectativa do que há um ano atrás. As contas de 2007, as previsões para este ano, e a estratégia e as metas são, neste ambiente, um importante indicador do que pode estar para vir. Um sinal da capacidade das empresas para resistir, ou mesmo ajudar a acalmar a tempestade.
Mas o julgamento à robustez das empresas está longe de poder ser feito apenas com base numa leitura apressada da evolução dos resultados líquidos. Um lugar-comum que hoje, mais do que nunca, importa considerar. A bandeira dos “lucros recorde”, que por Portugal continua a ser hasteada por empresários e banqueiros, já não faz levantar sequer o mais desatento. Em primeiro lugar, o que os investidores querem mesmo saber é como é que essa marca foi conquistada, se foi ou não à custa de resultados extraordinários e financeiros, ou se a empresa beneficiou de outro tipo de vantagens, como por exemplo, créditos fiscais. O que importa é, antes de mais, medir os resultados operacionais, ou seja, olhar para o saldo gerado pela actividade principal da empresa. Mas, se há um ano estes números bastariam para sossegar os menos exigentes, hoje, no meio de tanta incerteza, dizem muito menos sobre o futuro. Agora, mais do que analisar ao detalhe a demonstração de resultados, será mais interessante olhar para outros indicadores que estão fora dos mapas financeiros.
As previsões para a evolução do emprego, ou do investimento serão, sem dúvida, instrumentos imprescindíveis para tentar medir a saúde de uma empresa. É que, em princípio, quem prevê contratar mais trabalhadores, ou quem aposta na construção de uma fábrica prevê crescer. Se as decisões forem as correctas, mais crescimento significará mais lucros. Não serão com certeza lucros imediatos. Mas tal como acabaram os tempos da comida barata, a acreditar no prognóstico de Soares dos Santos, também é caso para dizer que tão cedo não voltarão os tempos dos resultados fáceis. "
Sílvia de Oliveira
Ao mesmo tempo que apresentava um lucro recorde relativo a 2007, Alexandre Soares dos Santos, líder da Jerónimo Martins, avisava: “Julgo que o tempo da comida barata acabou”. Não foram os resultados de um ano que Soares dos Santos disse ter sido “brilhante” que encheram as medidas aos investidores, mas sim aquelas e outras palavras ditas pelo empresário.
A crise financeira sem fim à vista e o risco acrescido de uma recessão nos Estados Unidos sobram para calar até os optimistas profissionais. A ameaça da crise económica paira, para já, sobre a cabeça de meio-mundo. Por isso, a divulgação dos resultados das empresas é hoje aguardada com mais expectativa do que há um ano atrás. As contas de 2007, as previsões para este ano, e a estratégia e as metas são, neste ambiente, um importante indicador do que pode estar para vir. Um sinal da capacidade das empresas para resistir, ou mesmo ajudar a acalmar a tempestade.
Mas o julgamento à robustez das empresas está longe de poder ser feito apenas com base numa leitura apressada da evolução dos resultados líquidos. Um lugar-comum que hoje, mais do que nunca, importa considerar. A bandeira dos “lucros recorde”, que por Portugal continua a ser hasteada por empresários e banqueiros, já não faz levantar sequer o mais desatento. Em primeiro lugar, o que os investidores querem mesmo saber é como é que essa marca foi conquistada, se foi ou não à custa de resultados extraordinários e financeiros, ou se a empresa beneficiou de outro tipo de vantagens, como por exemplo, créditos fiscais. O que importa é, antes de mais, medir os resultados operacionais, ou seja, olhar para o saldo gerado pela actividade principal da empresa. Mas, se há um ano estes números bastariam para sossegar os menos exigentes, hoje, no meio de tanta incerteza, dizem muito menos sobre o futuro. Agora, mais do que analisar ao detalhe a demonstração de resultados, será mais interessante olhar para outros indicadores que estão fora dos mapas financeiros.
As previsões para a evolução do emprego, ou do investimento serão, sem dúvida, instrumentos imprescindíveis para tentar medir a saúde de uma empresa. É que, em princípio, quem prevê contratar mais trabalhadores, ou quem aposta na construção de uma fábrica prevê crescer. Se as decisões forem as correctas, mais crescimento significará mais lucros. Não serão com certeza lucros imediatos. Mas tal como acabaram os tempos da comida barata, a acreditar no prognóstico de Soares dos Santos, também é caso para dizer que tão cedo não voltarão os tempos dos resultados fáceis. "
Sílvia de Oliveira
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