“Sinais de fogo”
"Com o Executivo Sócrates, a maioria absoluta ficou definitivamente associada à tentação da arrogância, sem o contraponto da eficácia política.
Politicamente, em 3 anos, Portugal recuou 30 anos. É a nova vaga do espírito PREC. O PCP organiza uma manifestação e inunda o centro da cidade com bandeiras vermelhas e sons da Internacional. Os professores fazem serões nocturnos, país fora, exigindo a demissão da ministra da Educação e prometem afogar Lisboa com a respectiva “revolta”. Suprema novidade, o PS convoca uma manifestação de apoio ao Governo. A lógica da manifestação e da contra-manifestação é a falência da política. A lógica da manifestação e da contra-manifestação representa o conflito entre a legitimidade do voto e a força da rua. A rua não conhece a moderação, e eis Portugal mergulhado num estranho tribalismo.
No entanto, as manifestaçãoes são um facto normal em democracia. Porque razão o sobressalto? A razão imediata está num Governo politicamente fraco que compensa a fraqueza com o excesso de autoridade. Mas o motivo profundo para a angústia nacional é que as “ilusões de Abril” começam a morrer lentamente. E vêm morrer para a rua.
Alguém se lembra das virtudes de uma maioria absoluta de um único partido? Alguém se lembra da “estabilidade” para o “desenvolvimento”? Não. A julgar por sondagem recente, alguns portugueses (41.3%) preferem uma maioria absoluta em coligação, enquanto outros portugueses (33%) desejam um governo minoritário. Com o Executivo Sócrates, a maioria absoluta ficou definitivamente associada à tentação da arrogância, sem o contraponto da eficácia política. E por falar em eficácia política, a democracia portuguesa já experimentou todas as soluções governativas e todas acabaram sem garantir a solidez do futuro.
Sugestões para o próximo capítulo?
Depois há ainda a “psicologia nacional”. Os portugueses não gostam de “reformas” porque tal implica uma mudança na “paisagem natural”. Para além disso, os portugueses imaginam a Europa mas gostam da “vida habitual”. Desconfiados e inseguros, desejam o lucro sem o mínimo risco. Os portugueses não querem reformas, exigem milagres. Tudo somado, são um povo assustado que não se tem em boa conta. Eis a constante de todos os regimes.
Começa a chegar o tempo para uma “refundação” da democracia portuguesa. Um grande partido de esquerda, um grande partido de direita. No lugar da “mentalidade rotativa”, a alternância entre a força do “progresso” e o princípio da “ordem”. Ainda vamos a tempo? "
Carlos Marques de Almeida
Politicamente, em 3 anos, Portugal recuou 30 anos. É a nova vaga do espírito PREC. O PCP organiza uma manifestação e inunda o centro da cidade com bandeiras vermelhas e sons da Internacional. Os professores fazem serões nocturnos, país fora, exigindo a demissão da ministra da Educação e prometem afogar Lisboa com a respectiva “revolta”. Suprema novidade, o PS convoca uma manifestação de apoio ao Governo. A lógica da manifestação e da contra-manifestação é a falência da política. A lógica da manifestação e da contra-manifestação representa o conflito entre a legitimidade do voto e a força da rua. A rua não conhece a moderação, e eis Portugal mergulhado num estranho tribalismo.
No entanto, as manifestaçãoes são um facto normal em democracia. Porque razão o sobressalto? A razão imediata está num Governo politicamente fraco que compensa a fraqueza com o excesso de autoridade. Mas o motivo profundo para a angústia nacional é que as “ilusões de Abril” começam a morrer lentamente. E vêm morrer para a rua.
Alguém se lembra das virtudes de uma maioria absoluta de um único partido? Alguém se lembra da “estabilidade” para o “desenvolvimento”? Não. A julgar por sondagem recente, alguns portugueses (41.3%) preferem uma maioria absoluta em coligação, enquanto outros portugueses (33%) desejam um governo minoritário. Com o Executivo Sócrates, a maioria absoluta ficou definitivamente associada à tentação da arrogância, sem o contraponto da eficácia política. E por falar em eficácia política, a democracia portuguesa já experimentou todas as soluções governativas e todas acabaram sem garantir a solidez do futuro.
Sugestões para o próximo capítulo?
Depois há ainda a “psicologia nacional”. Os portugueses não gostam de “reformas” porque tal implica uma mudança na “paisagem natural”. Para além disso, os portugueses imaginam a Europa mas gostam da “vida habitual”. Desconfiados e inseguros, desejam o lucro sem o mínimo risco. Os portugueses não querem reformas, exigem milagres. Tudo somado, são um povo assustado que não se tem em boa conta. Eis a constante de todos os regimes.
Começa a chegar o tempo para uma “refundação” da democracia portuguesa. Um grande partido de esquerda, um grande partido de direita. No lugar da “mentalidade rotativa”, a alternância entre a força do “progresso” e o princípio da “ordem”. Ainda vamos a tempo? "
Carlos Marques de Almeida
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