DECLARAÇÃO DE DESINTERESSES
"Há tempos, em off, o dr. Menezes terá desabafado a um jornalista certa amargura a respeito "do Gonçalves". Soube do presumível episódio por vias travessas, as quais me afiançaram a identidade do Gonçalves: eu próprio, que aparentemente abomino o chefe do PSD e o trato com consequente má vontade.
A ser verdade, é impressão dele. Nada me move contra o homem, e nada me custaria considerar cada uma das suas propostas o maior avanço da humanidade desde a invenção do penso rápido. Bastaria, para isso, que as propostas fossem razoáveis, ou que, quando raramente o são, o autor não as chacinasse de imediato com uma rajada de excentricidades.
A título de exemplo, veja-se a visita do dr. Menezes à Madeira e as críticas à Constituição que por lá produziu. Não sendo inteiramente nova, a lamúria não é inteiramente disparatada e poderia, nas circunstâncias adequadas, ajudar ao débil debate sobre a lengalenga que formata a nossa democracia. Infelizmente, as circunstâncias são as do dr. Menezes, que num mesmo discurso refere as bizarrias constitucionais, passa num ápice para as maravilhas madeirenses e desata a prometer, caso eleito, "autonomia sem limites" e viagens baratas para o Funchal aos "estratos deprimidos" do "continente". Pelos vistos, os "estratos deprimidos" não conhecem a prodigiosa riqueza do arquipélago e o brilhante trabalho do PSD local, lacunas que o dr. Menezes considera intoleráveis.
Entre parêntesis, se a ideia é "motivar" os pobres mediante excursões à prosperidade, o dr. Menezes faria melhor em subsidiar-lhes voos a determinadas ilhas caribenhas. Com dois únicos riscos: os pobres não acreditarem que a abonada Mustique é um bastião "laranja"; os pobres voltarem ainda mais deprimidos do que partiram.
Mas a transformação do Governo numa agência de viagens não é o ponto. O ponto é a leveza com que o dr. Menezes saltita da política (relativamente) séria para a comédia descarada, talento que passeia todos os dias e cuja origem é difícil imputar ao "jogo viciado" (sic) dos media e dos comentadores em particular. O Gonçalves, pelo menos, não tem nisso qualquer mérito. No máximo, pelo que também me garantiram, o Gonçalves tem alguma pena."
Alberto Gonçalves
A ser verdade, é impressão dele. Nada me move contra o homem, e nada me custaria considerar cada uma das suas propostas o maior avanço da humanidade desde a invenção do penso rápido. Bastaria, para isso, que as propostas fossem razoáveis, ou que, quando raramente o são, o autor não as chacinasse de imediato com uma rajada de excentricidades.
A título de exemplo, veja-se a visita do dr. Menezes à Madeira e as críticas à Constituição que por lá produziu. Não sendo inteiramente nova, a lamúria não é inteiramente disparatada e poderia, nas circunstâncias adequadas, ajudar ao débil debate sobre a lengalenga que formata a nossa democracia. Infelizmente, as circunstâncias são as do dr. Menezes, que num mesmo discurso refere as bizarrias constitucionais, passa num ápice para as maravilhas madeirenses e desata a prometer, caso eleito, "autonomia sem limites" e viagens baratas para o Funchal aos "estratos deprimidos" do "continente". Pelos vistos, os "estratos deprimidos" não conhecem a prodigiosa riqueza do arquipélago e o brilhante trabalho do PSD local, lacunas que o dr. Menezes considera intoleráveis.
Entre parêntesis, se a ideia é "motivar" os pobres mediante excursões à prosperidade, o dr. Menezes faria melhor em subsidiar-lhes voos a determinadas ilhas caribenhas. Com dois únicos riscos: os pobres não acreditarem que a abonada Mustique é um bastião "laranja"; os pobres voltarem ainda mais deprimidos do que partiram.
Mas a transformação do Governo numa agência de viagens não é o ponto. O ponto é a leveza com que o dr. Menezes saltita da política (relativamente) séria para a comédia descarada, talento que passeia todos os dias e cuja origem é difícil imputar ao "jogo viciado" (sic) dos media e dos comentadores em particular. O Gonçalves, pelo menos, não tem nisso qualquer mérito. No máximo, pelo que também me garantiram, o Gonçalves tem alguma pena."
Alberto Gonçalves
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