O crédito em Portugal paga-se bem caro

"A taxa de juro média cobrada em novas operações de financiamento até um milhão de euros – as mais frequentes e utilizadas sobretudo pelas pequenas e médias empresas – é a mais alta na zona euro.

Nos novos créditos ao consumo a situação é semelhante: as famílias portuguesas são as mais penalizadas na zona euro, dada a taxa média praticada de 12%, 70% acima da média da União Europeia. No contexto das dificuldades económicas dos últimos anos, estes valores – aliados aos lucros recorde da banca em Portugal – não deixam de ser surpreendentes. Os bancos justificam estes números afirmando que as taxas que cobram reflectem o risco associado aos (muitos) empréstimos que concedem. Os economistas, por outro lado, explicam-nos o fenómeno com outros factores: a forte concentração bancária, a inexistência de bancos regionais, a iliteracia financeira dos portugueses e o facto de os bancos reterem para si uma boa parte dos ganhos de produtividade. Entretanto, e apesar do custo mais alto do crédito (e da crise), continua a corrida das empresas e consumidores ao crédito. “Food for thought”, diriam os ingleses."

Bruno Faria Lopes