O pior não passou
"O pior desta crise já passou.
É o que dizem os presidentes dos grandes bancos internacionais ao mesmo tempo que divulgam prejuízos recorde, ‘write-downs’ ou quanto muito quebras de resultados. É também isso que dizem os analistas sempre que recebem com alívio um mal menor e vêem as acções subir à custa de resultados menos maus. E é também isso que dizem os governantes europeus, numa tentativa de gestão de expectativas porque um dos seus objectivos, porventura o mais importante, é conseguir que a confiança se instale entre consumidores, empresários e investidores.
Mas não basta repetir as palavras, por mais desejadas que sejam, para que elas passem a ser verdade. E, lamentavelmente, para já, o que o dia-a-dia nos tem mostrado é precisamente o contrário. O noticiário, que chega a parecer requentado, está recheado de factos - já não são só sinais - preocupantes. E o que nos mostram? Que a probabilidade do pior ainda não ter passado é enorme.
Uma rápida vista de olhos pelo Diário Económico de hoje deveria, aliás, bastar para sossegar os ímpetos de alguns optimistas-profissionais, poupando-os do ridículo. Nas primeiras páginas desta edição, ficamos a saber que os resultados das empresas dos PSI 20 no primeiro trimestre foram afectados pela crise do ‘subprime’, sendo, neste momento, os bancos os mais castigados. Existe até a dúvida sobre se o balanço não será mesmo negativo, dado o forte peso dos bancos no índice da bolsa portuguesa. O que seria inédito. Isto, ao mesmo tempo que ficamos a saber que, pelo resto da Europa, os bancos esgotam soluções e recorrem aos aumentos de capital para suportar a tempestade, que o petróleo, as ‘commodities’, o euro e a euribor testam novos máximos. Até o FMI, o sujeito preferido dos manifestantes anti-globalização, já se mostra preocupado com a pobreza no mundo e vem pedir ao BCE que esqueça o controlo da inflação e se dedique ao crescimento económico.
Isto e muito mais - as previsões para os custos da crise situam-se muito acima dos valores reconhecidos -, bastaria para perceber que o pior só não passou, como ainda poderá estar para vir. Depois do sector financeiro fechar este capítulo negro, será a vez das empresas enfrentarem a realidade. Crescer e mesmo sobreviver passará a ser mais caro. E não é depois, quando o porta-moedas ficar sem um tostão, que se deve começar a enfrentar o problema. É já. Não basta identificar problemas, é preciso resolvê-los. A PT dá o exemplo. "
Sílvia de Oliveira
É o que dizem os presidentes dos grandes bancos internacionais ao mesmo tempo que divulgam prejuízos recorde, ‘write-downs’ ou quanto muito quebras de resultados. É também isso que dizem os analistas sempre que recebem com alívio um mal menor e vêem as acções subir à custa de resultados menos maus. E é também isso que dizem os governantes europeus, numa tentativa de gestão de expectativas porque um dos seus objectivos, porventura o mais importante, é conseguir que a confiança se instale entre consumidores, empresários e investidores.
Mas não basta repetir as palavras, por mais desejadas que sejam, para que elas passem a ser verdade. E, lamentavelmente, para já, o que o dia-a-dia nos tem mostrado é precisamente o contrário. O noticiário, que chega a parecer requentado, está recheado de factos - já não são só sinais - preocupantes. E o que nos mostram? Que a probabilidade do pior ainda não ter passado é enorme.
Uma rápida vista de olhos pelo Diário Económico de hoje deveria, aliás, bastar para sossegar os ímpetos de alguns optimistas-profissionais, poupando-os do ridículo. Nas primeiras páginas desta edição, ficamos a saber que os resultados das empresas dos PSI 20 no primeiro trimestre foram afectados pela crise do ‘subprime’, sendo, neste momento, os bancos os mais castigados. Existe até a dúvida sobre se o balanço não será mesmo negativo, dado o forte peso dos bancos no índice da bolsa portuguesa. O que seria inédito. Isto, ao mesmo tempo que ficamos a saber que, pelo resto da Europa, os bancos esgotam soluções e recorrem aos aumentos de capital para suportar a tempestade, que o petróleo, as ‘commodities’, o euro e a euribor testam novos máximos. Até o FMI, o sujeito preferido dos manifestantes anti-globalização, já se mostra preocupado com a pobreza no mundo e vem pedir ao BCE que esqueça o controlo da inflação e se dedique ao crescimento económico.
Isto e muito mais - as previsões para os custos da crise situam-se muito acima dos valores reconhecidos -, bastaria para perceber que o pior só não passou, como ainda poderá estar para vir. Depois do sector financeiro fechar este capítulo negro, será a vez das empresas enfrentarem a realidade. Crescer e mesmo sobreviver passará a ser mais caro. E não é depois, quando o porta-moedas ficar sem um tostão, que se deve começar a enfrentar o problema. É já. Não basta identificar problemas, é preciso resolvê-los. A PT dá o exemplo. "
Sílvia de Oliveira
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