quinta-feira, abril 24, 2008

Olivença


Em 1306 o rei D. Dinis (1279-1325) determinou a ampliação das primitivas defesas dos Templários em Olivença, dotando a povoação com uma cerca de planta quadrangular, amparada por catorze torres. O seu filho e sucessor, D. Afonso IV (1325-1357), complementaram essas obras, erigindo em seu interior a alcáçova, concluída em 1335.

No último terço do século XIV, no contexto das chamadas Guerras fernandinas, Olivença foi dotada de uma nova cerca envolvente, de planta aproximadamente oval, rasgada por cinco portas. A memória dessa cerca, posteriormente demolida integralmente, sobrevive em nossos dias no traçado urbanístico de suas ruas.

Aproximadamente um século mais tarde, o rei D. João II (1481-1495) fez erguer, no recinto da alcáçova, a Torre de Menagem mais elevada da fronteira portuguesa à época, dotando o conjunto de um fosso inundável, visando dificultar os trabalhos de sapa em caso de assédio (1488). Os trinta e cinco metros de altura desta torre eram acedidos por dezassete rampas, que permitiam o acesso de peças de artilharia. Do seu alto descortinava-se a cidade de Badajoz.

Uma nova etapa de obras defensivas teve lugar sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), quando a antiga cerca fernandina foi demolida por Afonso Mendes de Oliveira com o aproveitamento de seu material para a construção de uma nova muralha. Data do reinado deste soberano outra monumental obra de arquitectura militar, essencial à defesa de Olivença: a chamada Ponte da Ajuda. Esta ponte fortificada destinava-se a assegurar a operação das forças portuguesas na margem esquerda do rio Guadiana, em apoio a Olivença. Com trezentos e oitenta metros de comprimento por cinco metros e meio de largura, apoiava-se em dezanove arcos, defendida por uma sólida torre em seu centro, torre esta dividida internamente em três pavimentos. Todo o reino contribuiu para a construção desta obra, com excepção dos habitantes de Olivença.

Na segunda metade do século XVIII Portugal estabeleceu uma nova orientação em sua estratégia militar na fronteira com a Espanha: de ofensiva passou a outra, estritamente defensiva. Esse novo modelo trouxe importantes consequências para Olivença, uma vez que todos os estrategistas estrangeiros que a visitaram a convite da Coroa Portuguesa - Charles R. Rainsford, Guilherme Luís Antoine Valleré, o Príncipe de Waldeck e o conde de Miremont - foram unânimes em recomendar o seu abandono, fundamentados em três razões:

  1. A copiosa artilharia, munições, homens e equipamentos necessários à manutenção, em prontidão de defesa, de uma praça-forte dotada de nove baluartes: a própria Badajoz tinha apenas oito.
  2. Os prejuízos decorrentes da interrupção do fluxo de suprimentos, em caso de explosão pelo inimigo, da Ponte da Ajuda.
A situação crítica em que se veria um exército que pretendesse auxiliar a defesa da praça, caso a sua única linha de retirada fosse cortada pela corrente do rio Guadiana

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