sexta-feira, junho 13, 2008

Dona Branca


Maria Branca dos Santos (1902 - 1992) mais conhecida por Dona Branca, foi a famosa "Banqueira do Povo" que causou um enorme escândalo financeiro nos anos 80 em Portugal

Devido aos acontecimentos políticos da sua época, prevendo-se o declínio da monarquia e mais tarde o frágil e novo regime republicano acrescida futuramente com a participação da 1º Grande Guerra Mundial, o nível de pobreza aumentava desmesuradamente. Maria dos Santos, é descendente de família humilde e bastante pobre como muitas tantas, recebe formação escolar muito básica (sendo praticamente analfabeta mas com grande capacidade de raciocínio matemático) e forte aptência para a estratégia bancária/comercial.

Desde cedo começou a sua prática "bancária": guardava o dinheiro da venda das varinas ao longo do dia recebendo ao anoitecer uma pequena "compensação" pelo "depósito". Destacou-se pela sua honestidade e carisma e a ser solicitada também pelos vendedores ambulantes. Era o primeiro passo.

No decorrer dos anos 50, com a política Salazarista em que reinava a pobreza nacional, torna-se numa pseudo-bancária quando iniciou a sua actividade clandestina. Estrategicamente começou a atribuir juros a quem confiasse as suas economias e quanto mais elevada as fosse.

Assumiu posição diferente à da Banca e da técnica bancária: recebia depósitos acrescidos de 10% de juros quem aplicasse as suas poupanças e concedia empréstimos a juros elevados. Esta medida foi crucial para a sua expansão da sua actividade. Num ápice, fosse rico ou pobre, desde pescador a empresário, todos se recorriam à "Banqueira do Povo" como passou a ser conhecida.

Método

A metodologia resultava com o aparecimento diário de novas pessoas e operava do seguinte modo:

- ontem pessoa 'X' deposita 20 contos. - hoje pessoa 'Y' deposita 20 contos (2 contos iria para pessoa 'X' - fica logo já com os juro mensal) e funcionava assim sucessivamente uma vez que o cliente de ontem recebia os juros do(s) cliente(s) do dia seguinte. Uma vez que tanto o cliente 'X' bem como o cliente 'Y' não procediam o levantamento da totalidade do depósito facilmente se gerava um fundo sustentável e seria aumentando significativamente se invés do levantamento os clientes voltariam a depositar. O empréstimo que concedia era rigorosamente estudado e concedidos a juros elevados sendo os mesmos de valor até metade do empréstimo.

Ao longo de décadas sempre funcionou este esquema, pois semanalmente apareciam dezenas de cliente novos vindos de todo o país. Isto obrigou à criação de novos escritórios espalhados por Lisboa e tendo alguns por todo o país visto que começava a ser notórias as extensas filas à porta do seu escritório de Alvalade. Para isso contou com a colaboração de familiares e amigos íntimos que aliciados e estimulados pela entrada de quantias exorbitantes de dinheiro vivo. No entanto as pessoas que contratara estavam ligadas a negócios ilícitos e por isso estes angariadores tinham a esperteza e conhecimentos técnicos, conseguindo assim obter valores de milhares de contos. Esta sua actividade não passou despercebida às autoridades judiciais e bancárias que se tornaram facilmente subornáveis.

Em Março de 1983, o semanário "Tal & Qual" divulga a sua actividade e os seus métodos sendo também notícia na imprensa internacional.

D. Branca conseguiu em muito pouco tempo quadruplicar o seu poderio económico. Centenas de pessoas dirigiam-se para aos seus escritórios para obterem o juro de 10 % mensal que fazia concorrência ao juro oficial da banca que era de 30 % ao ano.

O elevado crescente levantamento das contas à Banca oficial e o mesmo depósito à actividade da "Banqueira do Povo" alarmaram o Banco de Portugal e o Governo prevendo-se a muito curto prazo a bancarrota na banca. O Ministro das Finanças, Ernâni Lopes, estrategicamente, foi à televisão advertir e acautelar os portugueses. Resultado disso foi o deslocamento de centenas de pessoas a quererem reaver o seu dinheiro depositado o que imediatamente gerou uma confusão incontrolável e um pânico estrondoso. Os seus escritórios estavam amontoados de sacos com dinheiro e o não controlo da situação levou a que gananciosamente os colaboradores sacassem o dinheiro que conseguissem bem como conseguirem passar os bens imobiliários para o seu nome.

Visto que alguns dos colaboradores da "Banqueira" estavam envolvidos no mundo do crime, um deles, Manuel Manso, era suspeito de um assalto de uma ourivesaria tendo furtado cerca de 3 quilos de ouro. Numa apreensão à sua residência foi encontrado um cofre contendo 60 mil contos em dinheiro vivo e dezenas de cheques no valor de 90 mil contos.

Dona Branca de modo a devolver a quantia que havia sido depositado pelos seus clientes passou milhares de cheques sendo centenas deles devolvidos por falta de provisão.

Estando envolvida com colaboradores corruptos e criminosos e sendo um deles o seu advogado que "legalizava" as suas acções financeiras foi finalmente detida a 8 de Outubro de 1984 e colocada preventivamente na Cadeia das Mónicas, em Lisboa.

Foi acusada pelo Ministério Público juntamente com 68 arguidos por associação criminosa, múltipla prática da emissão de cheques sem cobertura, burla agravada, falsificação, abuso de confiança tendo sido iniciado o julgamento em 1988 no Tribunal da Boa-Hora e teve a duração de 1 ano.

Resulto do julgamento: pena de prisão de 10 anos para a D. Branca por crime de burla agravada e 24 dos arguidos foram absolvidos.

Pouco tempo depois devido ao estado débil de saúde, da idade avançada e por ter sido reduzida a pena saiu em liberdade vivendo até à data da morte num lar, cega e ironicamente na miséria. Foi a enterrar ao Alto de São João acompanhada de apenas 5 pessoas.

A história de Dona Branca inspirou uma novela produzida pela RTP: A Banqueira do Povo, que foi ao ar em 1993. A personagem inspirada em Dona Branca ficou a cargo de Eunice Muñoz. Na história, a personagem ganhou o nome de Dona Benta e não Dona Branca. A novela obteve resultados bastante aceitáveis na época, onde era transmitida ao final da tarde.

Wikipédia

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido pelo autor.

terça-feira, dezembro 16, 2008  
Anonymous Anónimo said...

Alguém me consegue arranjar o nome dos 68 colaboradores da D. Branca?
Obrigada

sexta-feira, maio 08, 2009  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido pelo autor.

sexta-feira, maio 08, 2009  
Blogger yanmaneee said...

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segunda-feira, maio 20, 2019  

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