Terceiro mundo.
"Para um leigo na matéria, é natural que se associe inflação galopante a países terceiro-mun-distas. Quem não se recorda de imagens de habitantes de países africanos – em guerra – com um monte de notas que de dia para dia valiam menos? Os aumentos, quase diários, dos bens de consumo eram algo que estava bem afastado das mentes europeias. O mal era dos outros, pensava-se. Pois bem. Primeiro foi a crise do imobiliário americano que mexeu com as bolsas mundiais; depois foi a vez do preço do barril do petróleo atingir valores inimagináveis até há pouco tempo. Restava o campo alimentar, que também entrou na dança. Já se sabe que quase todos os dias os combustíveis aumentam e que, por via disso, tudo encarece.
A discussão é se os governos devem intervir ou deixar o mercado funcionar. Se a crise fosse local, bem se podia dizer que os governantes tinham que aceitar as regras da concorrência. Mas o que se assiste hoje é a uma crise generalizada e que ameaça a paz em inúmeros países. Será que os especuladores estão a ser devidamente controlados? Será que os grandes interesses imobiliários não foram ‘transferidos’ para o petróleo e para os cereais? Não será essa uma das razões da crise?
É fácil dizer que a China e a Índia quando acordaram para o consumo alteraram as regras do mercado. Mas será só isso? Independentemente das causas, que serão muitas e complexas, uma coisa parece reunir consenso: os povos habituaram-se a ter determinado estilo de vida e vão ter muitas dificuldades em aceitar uma nova forma de viver. Os conflitos já são uma realidade nos países mais desfavorecidos. No mundo dito civilizado irá tudo aceitar alegremente a crise?
P.S. Que os governos não intervenham no preço dos combustíveis – dos particulares – até parece razoável. Mas que não façam nada no que diz respeito aos alimentos já é outra história. Permitir a especulação de bens essenciais parece-me um disparate perigoso."
Vitor Rainho
A discussão é se os governos devem intervir ou deixar o mercado funcionar. Se a crise fosse local, bem se podia dizer que os governantes tinham que aceitar as regras da concorrência. Mas o que se assiste hoje é a uma crise generalizada e que ameaça a paz em inúmeros países. Será que os especuladores estão a ser devidamente controlados? Será que os grandes interesses imobiliários não foram ‘transferidos’ para o petróleo e para os cereais? Não será essa uma das razões da crise?
É fácil dizer que a China e a Índia quando acordaram para o consumo alteraram as regras do mercado. Mas será só isso? Independentemente das causas, que serão muitas e complexas, uma coisa parece reunir consenso: os povos habituaram-se a ter determinado estilo de vida e vão ter muitas dificuldades em aceitar uma nova forma de viver. Os conflitos já são uma realidade nos países mais desfavorecidos. No mundo dito civilizado irá tudo aceitar alegremente a crise?
P.S. Que os governos não intervenham no preço dos combustíveis – dos particulares – até parece razoável. Mas que não façam nada no que diz respeito aos alimentos já é outra história. Permitir a especulação de bens essenciais parece-me um disparate perigoso."
Vitor Rainho
1 Comments:
Se olharmos para a história, e como alguém já afirmou, as revoluções fazem-se a partir do estômago, e quando a fome aperta, não há governo que se aguente muito tempo. As afirmações hipócritas de grandes empresas que falam numa era de comida barata que está a chegar ao fim não justificam porque razão com a comida "barata" continua a existir fome em Portugal! Sem dúvida que os especuladores têm ganho, e muito, com a crise instalada. Os tão anunciados "benefícios" da globalização são estes que temos vivido actualmente, mas cidadãos atentos já o tinham percebido, e quando as manifestações anti-globalização foram reprimidas de forma violenta, já deveriam saber que algo se previa no horizonte, os manifestantes não são estúpidos. Na verdade a globalização foi criada exclusivamente para as empresas, cidadãos à parte, e emquanto se fala em concorrência, assistem-se a fusões megalómanas.
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