Batota
"O futebol não é a única "batota quente" da sociedade portuguesa. A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados contestou as estatísticas da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária. A entidade pública divulgou números que demonstram que os mortos nas estradas diminuíram para metade entre 2000 e 2006. A associação particular diz que tal não corresponde à realidade mas apenas ao número de mortos no momento do acidente. Somando os feridos que morrem nos 30 dias subsequentes aos acidentes, o número de vítimas mortais triplica. E, sendo assim, lá se vão os indicadores que aproximam Portugal dos países civilizados e mais os pregões sobre a excelência da rede viária, a eficácia das inspecções, da prevenção e da repressão.
Caso semelhante passa-se no ensino. E diversas associações de professores e docentes universitários estão de acordo que o país não vai ganhar nada com a melhoria estatística das notas dos exames nacionais. Um sistema educativo focado na certificação dos resultados – mesmo reduzindo os exames ao preenchimento de boletins do Totobola, como sugeriu com ironia Maria Filomena Mónica – poderá mascarar o desastre da educação e dar passagem administrativa ao poder nas instâncias internacionais. Mas não muda a desastrosa realidade da educação e oficializa uma batota que pode até vir a ser sancionada a nível europeu.
Com dados "martelados" tudo é possível. "Provar" que a justiça funciona, demonstrar que a saúde é tendencialmente gratuita, apresentar a educação como um sucesso, exibir os portugueses como um povo feliz e optimista, até ostentar o futebol como uma escola de virtudes. Mas, no fim das contas, a batota não compensa e não chega para convencer nem os próprios batoteiros."
João Paulo Guerra
Caso semelhante passa-se no ensino. E diversas associações de professores e docentes universitários estão de acordo que o país não vai ganhar nada com a melhoria estatística das notas dos exames nacionais. Um sistema educativo focado na certificação dos resultados – mesmo reduzindo os exames ao preenchimento de boletins do Totobola, como sugeriu com ironia Maria Filomena Mónica – poderá mascarar o desastre da educação e dar passagem administrativa ao poder nas instâncias internacionais. Mas não muda a desastrosa realidade da educação e oficializa uma batota que pode até vir a ser sancionada a nível europeu.
Com dados "martelados" tudo é possível. "Provar" que a justiça funciona, demonstrar que a saúde é tendencialmente gratuita, apresentar a educação como um sucesso, exibir os portugueses como um povo feliz e optimista, até ostentar o futebol como uma escola de virtudes. Mas, no fim das contas, a batota não compensa e não chega para convencer nem os próprios batoteiros."
João Paulo Guerra
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