Habituem-se
"A crise tem destas coisas. Faz perder a cabeça a muita gente e, no meio da confusão, faz-se tudo e mais alguma coisa, atiram-se para o lixo princípios, ideologias, profissões de fé e vêm ao de cima os velhos tiques totalitários ou salazarentos na economia. De um lado e do outro, da situação à oposição.
Do lado da esquerda e, curiosamente ou talvez não, de alguma direita vêm os apelos ao proteccionismo, ao controlo dos preços, aos velhos cabazes de compras, os gritinhos de indignação pelo aumento dos preços, pelo facto de certas empresas terem decidido manter os valores dos produtos e serviços mesmo com a baixa do IVA de 21 para 20 por cento. A esquerda e uma certa direita pedem ao Governo que fiscalize e castigue severamente quem, legitimamente, não baixa os preços, antes os sobe.
O Governo, desorientado por uma crise que não previa, vai respondendo como pode. Pisca o olho à esquerda e atira com a chamada taxa Robin dos Bosques para cima das petrolíferas. A esquerda aplaude, quase chora de emoção, e pede mais. Alguma direita não contesta, mas pergunta ao senhor presidente do Conselho se essa taxa não irá ser paga pelos consumidores. Claro que vai, mas o senhor presidente do Conselho, em mais um ataque de demagogia e desorientação, dá um gritinho de indignação e diz que isso seria ilegal.
Claro que não é. Num mercado livre, sem preços tutelados pelos senhores ministros, as empresas podem obviamente fazer os consumidores pagar o que o Estado lhes tira com mais um imposto extraordinário. Mas no meio da confusão provocada por uma crise que veio para ficar surgem sinais contraditórios de um Governo amigo do Estado, amigo dos impostos, amigo do despesismo, amigo até à morte de um Estado social moribundo. Sócrates atira-se ao IMI, um imposto cego e criminoso que não tem em conta os rendimentos dos proprietários mas apenas as necessidades de receita dos monstros estatais, centrais e locais.
Mas neste ambiente frenético, confuso e de grande desorientação é bom que os indígenas deste sítio cada vez mais mal frequentado se habituem aos preços elevados dos combustíveis, se habituem aos preços altos dos produtos alimentares, se habituem aos ordenados cada vez mais baixos, se habituem a chegar a meio do mês sem dinheiro para pagar as contas. É bom e salutar que os indígenas se habituem, de uma vez por todas, a viver como pobres num sítio cada vez mais pobre e sem qualquer futuro."
António Ribeiro Ferreira
Do lado da esquerda e, curiosamente ou talvez não, de alguma direita vêm os apelos ao proteccionismo, ao controlo dos preços, aos velhos cabazes de compras, os gritinhos de indignação pelo aumento dos preços, pelo facto de certas empresas terem decidido manter os valores dos produtos e serviços mesmo com a baixa do IVA de 21 para 20 por cento. A esquerda e uma certa direita pedem ao Governo que fiscalize e castigue severamente quem, legitimamente, não baixa os preços, antes os sobe.
O Governo, desorientado por uma crise que não previa, vai respondendo como pode. Pisca o olho à esquerda e atira com a chamada taxa Robin dos Bosques para cima das petrolíferas. A esquerda aplaude, quase chora de emoção, e pede mais. Alguma direita não contesta, mas pergunta ao senhor presidente do Conselho se essa taxa não irá ser paga pelos consumidores. Claro que vai, mas o senhor presidente do Conselho, em mais um ataque de demagogia e desorientação, dá um gritinho de indignação e diz que isso seria ilegal.
Claro que não é. Num mercado livre, sem preços tutelados pelos senhores ministros, as empresas podem obviamente fazer os consumidores pagar o que o Estado lhes tira com mais um imposto extraordinário. Mas no meio da confusão provocada por uma crise que veio para ficar surgem sinais contraditórios de um Governo amigo do Estado, amigo dos impostos, amigo do despesismo, amigo até à morte de um Estado social moribundo. Sócrates atira-se ao IMI, um imposto cego e criminoso que não tem em conta os rendimentos dos proprietários mas apenas as necessidades de receita dos monstros estatais, centrais e locais.
Mas neste ambiente frenético, confuso e de grande desorientação é bom que os indígenas deste sítio cada vez mais mal frequentado se habituem aos preços elevados dos combustíveis, se habituem aos preços altos dos produtos alimentares, se habituem aos ordenados cada vez mais baixos, se habituem a chegar a meio do mês sem dinheiro para pagar as contas. É bom e salutar que os indígenas se habituem, de uma vez por todas, a viver como pobres num sítio cada vez mais pobre e sem qualquer futuro."
António Ribeiro Ferreira
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