Recessão não é o pior cenário.
"O risco de uma recessão no curto prazo é relativamente elevado, mas não é o pior cenário que enfrentamos. O pior é a crise actual arrastar-se ad aeternum.
Se esta fosse apenas uma crise financeira por esta altura já teria chegado ao fim. O facto de sofrermos agora o impacto da sua quarta “vaga” apenas vem demonstrar que deve haver algo mais em jogo do que a euforia financeira e a má regulação. É possível que, afinal, não se trate de um “momento Minsky”. Um economista do século XX, Hyman Minsky, criou um cenário, há muito esquecido e recentemente recuperado, de hipotética instabilidade financeira, em que as economias capitalistas mergulhavam, depois de um longo período de prosperidade, num círculo vicioso de especulação financeira. Segundo os economistas, o “momento Minsky” corresponde ao momento em que o “esquema Ponzi” entra em colapso.
Mas é bom esclarecer que há explicações melhores do que estas. O Banco Internacional de Pagamentos (BIP) refere no seu último relatório anual que o ‘subprime’ pode ter desencadeado esta crise, no entanto, sublinha que não é a causa primeira da mesma. Ninguém tem ainda uma ideia muito clara do que aconteceu, mas o BIP considera que a rápida expansão do crédito e da massa monetária poderão ter estado na origem da crise. Vou mais longe ao dizer que não se trata de uma crise de especulação financeira e sim de uma crise de política económica. E que os maus da fita, neste caso, não são os banqueiros e sim os economistas – não na sua qualidade de investigadores e docentes, mas no papel que têm desempenhado como conselheiros e governantes.
Alguns deles têm defendido a aplicação de uma teoria económica hoje designada “Novo Keynesianismo”, quiçá a mais influente teoria macroeconómica do nosso tempo. No cerne desta doutrina encontra-se o Modelo Dinâmico Estocástico de Equilíbrio Geral, que é actualmente a principal ferramenta analítica dos bancos centrais de todo o mundo. Neste modelo nem o dinheiro nem o crédito desempenham um papel directo. E o mercado financeiro também não. As características técnicas do modelo em questão garantem que os mercados financeiros não têm consequências económicas a longo prazo.
Porém, este tem fortes implicações nas políticas dos bancos centrais: permite-lhes ignorar o crédito, os agregados monetários e os preços dos activos, e concentrar-se apenas nas consequências económicas do rebentamento de uma bolha de activos. Além disso, também lhes permite ignorar a inflação. O debate instalou-se: poderá um modelo económico que não reconhece a lógica do mercado financeiro ter alguma utilidade no século XXI? Será que as receitas que nos meteram na actual confusão são as mesmas que nos vão ajudar a sair dela?
Se acreditarmos, como o Banco Internacional de Pagamentos, que a rápida expansão do crédito e da massa monetária provocou, ou contribuiu significativamente, para a criação de uma bolha de preços de activos e para a subida da inflação, então, só nos resta adoptar políticas contrárias às que foram seguidas até agora. Primeiro, deixa de ser prioritário evitar a queda dos preços imobiliários, uma vez que esta medida só iria aliviar temporariamente algumas pessoas e prolongar o ajustamento no mercado imobiliário.
Segundo, a principal meta da política monetária deve ser a estabilidade dos preços. Quando as expectativas inflacionistas aumentarem, as taxas de juro reais têm de ser positivas. Pois bem, este quadro obrigaria a uma subida significativa das taxas de juro nos EUA e na zona euro.
Terceiro, implica aceitar o colapso de bancos em situação de incumprimento.
Quarto, obriga a implementar políticas de longo prazo para reduzir a volatilidade, como alterar o enquadramento da política monetária para acomodar os desenvolvimentos dos preços dos activos; remover os incentivos pró-cíclicos no sector bancário; adoptar uma regulação mais estrita ao nível do crédito hipotecário, designadamente através de empréstimos de taxa fixa; imprimir uma maior flexibilidade cambial nos países com taxa de câmbio fixa ou semi-fixa; e, claro, apostar no desenvolvimento de energias alternativas para reduzir a dependência do petróleo.
O risco de uma recessão no curto prazo é relativamente elevado, mas não é o pior cenário que enfrentamos. O pior é a crise actual arrastar-se ad aeternum e eternizar o “momento Minsky”."
Wolfgang Munchau
Se esta fosse apenas uma crise financeira por esta altura já teria chegado ao fim. O facto de sofrermos agora o impacto da sua quarta “vaga” apenas vem demonstrar que deve haver algo mais em jogo do que a euforia financeira e a má regulação. É possível que, afinal, não se trate de um “momento Minsky”. Um economista do século XX, Hyman Minsky, criou um cenário, há muito esquecido e recentemente recuperado, de hipotética instabilidade financeira, em que as economias capitalistas mergulhavam, depois de um longo período de prosperidade, num círculo vicioso de especulação financeira. Segundo os economistas, o “momento Minsky” corresponde ao momento em que o “esquema Ponzi” entra em colapso.
Mas é bom esclarecer que há explicações melhores do que estas. O Banco Internacional de Pagamentos (BIP) refere no seu último relatório anual que o ‘subprime’ pode ter desencadeado esta crise, no entanto, sublinha que não é a causa primeira da mesma. Ninguém tem ainda uma ideia muito clara do que aconteceu, mas o BIP considera que a rápida expansão do crédito e da massa monetária poderão ter estado na origem da crise. Vou mais longe ao dizer que não se trata de uma crise de especulação financeira e sim de uma crise de política económica. E que os maus da fita, neste caso, não são os banqueiros e sim os economistas – não na sua qualidade de investigadores e docentes, mas no papel que têm desempenhado como conselheiros e governantes.
Alguns deles têm defendido a aplicação de uma teoria económica hoje designada “Novo Keynesianismo”, quiçá a mais influente teoria macroeconómica do nosso tempo. No cerne desta doutrina encontra-se o Modelo Dinâmico Estocástico de Equilíbrio Geral, que é actualmente a principal ferramenta analítica dos bancos centrais de todo o mundo. Neste modelo nem o dinheiro nem o crédito desempenham um papel directo. E o mercado financeiro também não. As características técnicas do modelo em questão garantem que os mercados financeiros não têm consequências económicas a longo prazo.
Porém, este tem fortes implicações nas políticas dos bancos centrais: permite-lhes ignorar o crédito, os agregados monetários e os preços dos activos, e concentrar-se apenas nas consequências económicas do rebentamento de uma bolha de activos. Além disso, também lhes permite ignorar a inflação. O debate instalou-se: poderá um modelo económico que não reconhece a lógica do mercado financeiro ter alguma utilidade no século XXI? Será que as receitas que nos meteram na actual confusão são as mesmas que nos vão ajudar a sair dela?
Se acreditarmos, como o Banco Internacional de Pagamentos, que a rápida expansão do crédito e da massa monetária provocou, ou contribuiu significativamente, para a criação de uma bolha de preços de activos e para a subida da inflação, então, só nos resta adoptar políticas contrárias às que foram seguidas até agora. Primeiro, deixa de ser prioritário evitar a queda dos preços imobiliários, uma vez que esta medida só iria aliviar temporariamente algumas pessoas e prolongar o ajustamento no mercado imobiliário.
Segundo, a principal meta da política monetária deve ser a estabilidade dos preços. Quando as expectativas inflacionistas aumentarem, as taxas de juro reais têm de ser positivas. Pois bem, este quadro obrigaria a uma subida significativa das taxas de juro nos EUA e na zona euro.
Terceiro, implica aceitar o colapso de bancos em situação de incumprimento.
Quarto, obriga a implementar políticas de longo prazo para reduzir a volatilidade, como alterar o enquadramento da política monetária para acomodar os desenvolvimentos dos preços dos activos; remover os incentivos pró-cíclicos no sector bancário; adoptar uma regulação mais estrita ao nível do crédito hipotecário, designadamente através de empréstimos de taxa fixa; imprimir uma maior flexibilidade cambial nos países com taxa de câmbio fixa ou semi-fixa; e, claro, apostar no desenvolvimento de energias alternativas para reduzir a dependência do petróleo.
O risco de uma recessão no curto prazo é relativamente elevado, mas não é o pior cenário que enfrentamos. O pior é a crise actual arrastar-se ad aeternum e eternizar o “momento Minsky”."
Wolfgang Munchau
10 Comments:
O Sr. Wolfgang acredita que os mercados finaceiros têm vida própria.
Acredita que os mercados financeiros se podem autoregular.
Depois chama estúpidos aos banqueiros.
A culpa é dos conselheiros e economistas, que os banqueiros sabem, falo dos ratos, não falo de banqueiros de vão de escada como cá há, falo dos outros e dos grandes accionistas, que antes de investirem, estudam quem tem bons e maus gestores, o que a nível mundial é bem escasso.
Os banqueiros que dominam o mercado não entregam o negócio a economistas, a grande maioria são estúpidos e ignorantes.
O Fed nesta fase tem um dilema e uma luta de clãs por enfrentar, o que quer dizer FMI, através destes.
O USD baixa o crude aumenta, as taxas na Europa sobem e bem, os chinas estão cheios de dólares, mas aquilo não são alfaces, nem folhas de soja.
Por cá o Senhor cavaco tem de prestar vassalagem ao governo, tem de dizer o que vai dizer aos indígenas, diria que é o bloco central no seu melhor.
A Dona manuela parece a rainha Carlota antes de partir para o Brasil, nao sabe, não diz porque não sabe e não pode dizer porque tem a liçaõ estudada:
Sócrates e Cavaco em primeiro lugar, depois os negócios da família do bloco central.
Os indígenas estão lixados.
Nem se podem recusar a pagar impostos, excepto os que trabalham por sua conta.
Uma solução não pagar impostos, quem puder. Exigir do estado do sítio que não faça retençõwes na fonte, afinal quando é que pagam os impostos, não deveria ser quando se fazem as contas do ano.
Bem prega Cavaco e os outros todos, com várias reformas antes de tempo, afinal são só os funcionários públicos que destruiram a CGA?
Ora!
Que se f... a democracia.
Guardar o dinheiro debaixo do colcão e fonicar os bancos, que tal para começar?
Munchau,sempre! Creio que esses cérebros não "repararam" que a economia ocidental,com os USA à cabeça,entrou numa "exuberancia irracional" quando foi possível tarnsferir "trabalho" ,para países muito mais económicos,acumulando tambem estes gigantescos fundos de tesouraria.Com isto, os bancos alimentarm o negócio do "tijolo", sugando as poupanças das classes médias e criando sérios problemas aos pobres e aos jovens.O capitalismo tornou-se "turbo" com prioriade para o lucro e menos para a "governance"."Filosóficamente" uma riqueza baseada em barro e terrenos hipervalorizados.Previsão:muita gente "centrifugada" e depois recomeça a dança.Ou, não..
De facto esta crise é esquisita. Começou com o problema financeiro das sub-prime, deu uma volta pelo preço do petróleo e bens alimentares e pelos problemas cambiais e parece querer voltar ao sistema financeiro. Ha liquidez em excesso e sem controle. Ha que repensar (pelo menos repensar) o sistema financeiro mundial.
Portugal não é competitivo, porque o país está corroído de gente como o Coelho, o Vara, o Cadilhe, o Loureiro, parece uma jogatana, em que quem não pertence ao "jogo", não come. Agora, ou se expulsam estes, ou acabe-se com o país e com o "jogo".
Um País que resiste às desgraças do Benfica, aos discursos do "vitalício" Constâncio, a perda de bagagens da Tap, aos atrasos da CP...resiste a tudo, FMI incluído. Salvam-se os nossos excelentes Governandes e o seu optimista discurso....
Convem começar por lembrar que o FMI não é Deus. É uma organização defensora do liberalismo, com tanta verdade como outras que não o são. Desta vez o relatório destaca-se por 2 afirmaçoes: a crise é mais de natureza interna que externa e o país está muito endividado e tem vivido acima das suas possibilidades. As 2 afirmações parecem-me correctas, mas carecem de uma explicação. Não é que os portugueses sejam consumidores excessivos e "viciados no crédito". Não! Aquelas 2 "verdades" resultam muito simplesmente do facto de ha mais de 6 anos o país quase não ter crescido. E não cresceu porquê? Porque aplicou cegamente as políticas que o FMI costuma recomendar: controle orçamental a todo o custo, com corte total do investimento público e cobrança doentia de impostos, matando de vez o crescimento do consumo interno. NÃO COMPREM TUDO O QUE O FMI VENDE!
A NACIONALIZAÇÃO DA BANCA E DAS INDUSTRIAS, DEPOIS DA ABRILIDA, DESTRUIU, O TECIDO, QUE TINHA SOBRADO DA OUTRA SENHORA. vEJA-SE QUE OS ESPANHOIS QUE NÃO FIZERAM NACIONALIZAÇÕES MANTIVERAM-SE NOUTRO EQUILIBRIO. o QUE ACONTECEU DEPOIS DA ABRILADA A TOMADA DE ASSALTO, PELOS MAIS VARIADOS PARTIDOS, DOS LOGARES NÃO POR MERITO, MAS PELA FILIAÇÃO BANCAÁRIA. tUDO ISTO PRODUZIU, cOELHOS, vARA, fERNADOS gOMES E UMA LISTA INFINDAVEL QUE ASSALTOU O ESTADO E AUMENTOU A SUA DESPESA PARA VALORES IMPENSAVEIS. tIVEMOS AGORA UMA INFORMAÇÃO DE COMO ESTE PAÍS TEM FUNCIONADO, OS HABITANTES DE BAIRROS SOCIAIS DEVEM MILHÕES DE EUROS, PORQUE NÃO PAGAM RENDAS , NE ÀGUA, NEM LUZ! cOMO È POPSSIVEL UM PAÍS CAMINHAR, QUANDO ESTE EXEMPLO SE ESTENDE POR TODA A ESTRUTURA DO ESTADO (VEJA-SE OBRAS A CUSTAR 3 VEZES MAIS) E OUTRAS COISA PARECIDAS. fICO COM CURIOSIDADE DE SABER O QUE sOCRATES VAI PROMETER AOS ELEITORES EM 2009, MAIS DO MESMO? E A OPOSIÇÃO TEM CORAGEM PARA DESMONTAR EST MÁQUINA GRIPADA? DESGRAÇADO DESTINO DAS FUTURAS GERAÇÕES............
Claro que os portugueses vivem e têm vivido muito acima das suas possibilidades.99% dos carros e das casas foram comprados com recurso a crédito. Além disso é crédito para férias, mat.informático, telemóveis, electrodom., mobílias,etc,etc,etc,.É preciso ser honesto intelectualm. para reconhecer isto. Os bancos até têm avaliado as casas acima do seu valor real,para emprestarem mais.E agora,como vamos pagar, com as taxas de juro tão altas? Vamos pedir mais dinheiro para pagar as dívidas? Ou à boa maneira portuguesa, vamos gritar bem alto que a culpa é dos outros(bancos,governos,vizinhos,petróleo...)? Ou vamos pedir ao ESTADO que nos pague as dìvidas?
Francamente , vamos ver o lado positivo. Estamos no Sec.xx1 , sempre houve crises. Estamos preocupados com uma crise financeira ? nada me estraga as férias. Piores Crises , a Peste Negra , a Lerpa , a Colera , as gueras Mundiais , agora isto , não passa nada . Temos é que criar hábitos novos e fazer bem as contas e continuar a trabalhar e acreditar . Pessimismo nas finaças . Quem entrou ontem na bolsa está garantido para uns anos , com prespectivas de rentabilidade fabulosas, veja´só o bpi , num só dia 15% , melhor só na farmácia. Vou de férias e vou dar rendimento á Unicer , vou beber umas cervejas , quando vier , ainda não vais haver Super Bock. Seja mais Optimista , venha trabalhar para o Porto . Somos Campeões do optimismo. Boas Férias
Mestre em Economia. Tese publicada em revista da especialidade. 16 anos de experiência profissional. Situação: Desempregado de longa duração. Falta de recursos ou má afectação de recursos?
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