Vale tudo
"Vale e Azevedo conseguiu um feito notável. Pôr a Justiça Portuguesa a ser julgada pela Justiça Inglesa. Será sobranceria dos Britânicos, que não resistem a considerar o resto do Mundo como gentalha de terceira ordem. Mas a Justiça Portuguesa expia, também, velhas culpas.
Para mal dos seus pecados, nos grandes processos mediáticos (os que despertam a atenção e o interesse da generalidade dos Portugueses) a Justiça raramente marca pontos. É claro que os instrutores e julgadores podem, com excesso de razão, queixar-se da mediocridade do legislador. Mas, quando (raramente) o fazem, falta-lhes convicção. É mais como se, envergonhados, pedissem desculpa pelo incómodo. A crise é grotesca. No processo Casa Pia, a fotografia está muito tremida. No caso ‘Joana’, tudo correu e corre ainda mal. O caso Maddie teve o mais inesperado dos desfechos, com o actual director nacional da PJ a insultar o seu antecessor sem ter conseguido fazer melhor do que ele. O caso ‘Esmeralda’(como,inacreditavelmente, toda a gente nos tribunais continua apostada em fingir que não sabe qual é o melhor interesse da criança) terá, seguramente, um desfecho deplorável.
O caso ‘Furacão’, graças à providencial (e muito oportuna...) alteração do processo penal, já deu o que tinha a dar. O ‘Apito Dourado’ e seus aparentados são um forrobodó. ‘Joana’, Maddie e ‘Esmeralda’ são o símbolo de todas as nossas fraquezas e frustrações. E a confirmação do nosso desespero. Com a agravante de todos sabermos, desde sempre, como qualquer destas histórias iria (irá) acabar. Uma longa e dolorosa experiência tornou-nos infalíveis neste tipo de previsões. Maddie é um fantástico exemplo. Porque Maddie é a desgraça absoluta. Da criança, dos pais e amigos, da PJ, do MP e de todos nós.
É o desespero de todos os que apostam na seriedade e no êxito e gostariam de sentir-se protegidos pela lei, polícias e tribunais. Maddie transformou-se num circo à volta do qual todos espreitam a oportunidade de sacar mais uns cobres recolhendo despojos e reciclando-os cuidadosamente com uma folha A4 e uma ‘bic’ e oferecendo o seu livrinho, que "conta toda a verdade". Com êxito garantido. Porque tudo quanto revolva os nossos fantasmas, ansiedades e frustrações vende-se melhor que água no deserto. A seu tempo virá um folhetim, uma telenovela e um faduncho. É verdade que com estas companhias não há dignidade da Justiça que resista. Mas não é a própria Justiça que alimenta os que a parasitam? Maddie já lá vai. Vêm aí Vale e Azevedo e ‘Esmeralda’. Uma comédia e mais um drama."
João Marques dos Santos
Para mal dos seus pecados, nos grandes processos mediáticos (os que despertam a atenção e o interesse da generalidade dos Portugueses) a Justiça raramente marca pontos. É claro que os instrutores e julgadores podem, com excesso de razão, queixar-se da mediocridade do legislador. Mas, quando (raramente) o fazem, falta-lhes convicção. É mais como se, envergonhados, pedissem desculpa pelo incómodo. A crise é grotesca. No processo Casa Pia, a fotografia está muito tremida. No caso ‘Joana’, tudo correu e corre ainda mal. O caso Maddie teve o mais inesperado dos desfechos, com o actual director nacional da PJ a insultar o seu antecessor sem ter conseguido fazer melhor do que ele. O caso ‘Esmeralda’(como,inacreditavelmente, toda a gente nos tribunais continua apostada em fingir que não sabe qual é o melhor interesse da criança) terá, seguramente, um desfecho deplorável.
O caso ‘Furacão’, graças à providencial (e muito oportuna...) alteração do processo penal, já deu o que tinha a dar. O ‘Apito Dourado’ e seus aparentados são um forrobodó. ‘Joana’, Maddie e ‘Esmeralda’ são o símbolo de todas as nossas fraquezas e frustrações. E a confirmação do nosso desespero. Com a agravante de todos sabermos, desde sempre, como qualquer destas histórias iria (irá) acabar. Uma longa e dolorosa experiência tornou-nos infalíveis neste tipo de previsões. Maddie é um fantástico exemplo. Porque Maddie é a desgraça absoluta. Da criança, dos pais e amigos, da PJ, do MP e de todos nós.
É o desespero de todos os que apostam na seriedade e no êxito e gostariam de sentir-se protegidos pela lei, polícias e tribunais. Maddie transformou-se num circo à volta do qual todos espreitam a oportunidade de sacar mais uns cobres recolhendo despojos e reciclando-os cuidadosamente com uma folha A4 e uma ‘bic’ e oferecendo o seu livrinho, que "conta toda a verdade". Com êxito garantido. Porque tudo quanto revolva os nossos fantasmas, ansiedades e frustrações vende-se melhor que água no deserto. A seu tempo virá um folhetim, uma telenovela e um faduncho. É verdade que com estas companhias não há dignidade da Justiça que resista. Mas não é a própria Justiça que alimenta os que a parasitam? Maddie já lá vai. Vêm aí Vale e Azevedo e ‘Esmeralda’. Uma comédia e mais um drama."
João Marques dos Santos
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