A Galp e os petrodólares
"Vladimir Putin usou o erro de cálculo do presidente da Geórgia para mostrar que a Rússia (um país com oito fusos horários) está de volta à glória militar e política. Com a preciosa ajuda de uma conta bancária alimentada a petrodólares.
A mesma conta que permitiu ao país tornar-se numa das peças mais importantes do mercado europeu da energia: a Gazprom, a "holding" estatal para o sector, é o maior fornecedor de gás à Europa (uma estratégia desenhada por Putin quando chegou ao Kremlin). E aos poucos começa a controlar alguns "players" mundiais do sector.
Numa altura em que se admite que a ENI, que controla 33% da Galp, pode sair da empresa, e quando se fala de uma eventual entrada da Gazprom (uma potência mundial da energia), convém meditar no que está em causa. Não pela cor do dinheiro russo (que é igual a qualquer outro); não pela aversão à compra de empresas nacionais por estrangeiros (ideia que não colhe simpatia nesta coluna); mas porque o controlo da Gazprom não é feito pelo mercado (o corte de gás à Ucrânia, que afectou a Alemanha e outros Estados da região, teve motivações meramente políticas).
Ora colocar a Galp na esfera de influência de um Estado pouco transparente e com tiques de autoritaritarismo (um eufemismo...) é um risco. Talvez não seja má ideia o Governo estar atento. Até porque o resto da União Europeia, pelos vistos, não está."
Camilo Lourenço
A mesma conta que permitiu ao país tornar-se numa das peças mais importantes do mercado europeu da energia: a Gazprom, a "holding" estatal para o sector, é o maior fornecedor de gás à Europa (uma estratégia desenhada por Putin quando chegou ao Kremlin). E aos poucos começa a controlar alguns "players" mundiais do sector.
Numa altura em que se admite que a ENI, que controla 33% da Galp, pode sair da empresa, e quando se fala de uma eventual entrada da Gazprom (uma potência mundial da energia), convém meditar no que está em causa. Não pela cor do dinheiro russo (que é igual a qualquer outro); não pela aversão à compra de empresas nacionais por estrangeiros (ideia que não colhe simpatia nesta coluna); mas porque o controlo da Gazprom não é feito pelo mercado (o corte de gás à Ucrânia, que afectou a Alemanha e outros Estados da região, teve motivações meramente políticas).
Ora colocar a Galp na esfera de influência de um Estado pouco transparente e com tiques de autoritaritarismo (um eufemismo...) é um risco. Talvez não seja má ideia o Governo estar atento. Até porque o resto da União Europeia, pelos vistos, não está."
Camilo Lourenço
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