MERECIDO SOSSEGO
"Agora que meio mundo parou de venerar o treinador Carlos Queiroz e desatou a insultá-lo, tenciono dedicar cinco minutos à defesa do homem. Não é que tenha argumentos distintos da multidão furiosa. Na verdade, os argumentos são exactamente os mesmos: as desgraçadas exibições da selecção de futebol. As consequências é que diferem: a multidão aflige-se com as exibições, eu acho-as uma bênção.
Não sei nem quero saber se o sr. Queiroz é o responsável pela derrota com a Dinamarca ou pelo empate com um punhado de albaneses. Sei que, sob a orientação dele, a lendária "equipa de todos nós" ameaça voltar a ser apenas a equipa dos onze moços que saltitam no campo. E semelhante benesse não tem preço. Espero não exagerar no optimismo, mas se as coisas correrem pelo melhor, ou seja, do modo que têm corrido, terminou a época das bandeirinhas e dos cachecóis que nos vinham atormentando, Verão sim, Verão não, desde há meia dúzia de anos.
A culpa, inútil recordar, foi de Scolari. O brasileiro, mais as santinhas, as cantilenas de Roberto Leal, os anúncios do "pimbolim" e as regulares vitórias mostrou que o povo não só não é sereno como, devidamente provocado, faz um escarcéu que não se aguenta. Eu aguentei, e caladinho, a histeria e o patriotismo da amalucada pátria que, só porque num particular dia o adversário acerta menos um pénalti, corre a reivindicar, inclusive junto dos meus ouvidos, uma incontestável superioridade (em quê?). Com Scolari, criou-se a alucinação colectiva de que éramos "os maiores". Aparentemente, já não somos, e há que agradecer a Carlos Queiroz o retorno à modorra "habitual".
No final do jogo com a Albânia, o repórter da RTP queixava-se da ausência do sr. Queiroz na flash interview (entrevista rápida, em português; em futebolês é intraduzível): "Os portugueses não merecem isto." O repórter não sabe o que diz: eu mereço. "
Alberto Gonçalves
Não sei nem quero saber se o sr. Queiroz é o responsável pela derrota com a Dinamarca ou pelo empate com um punhado de albaneses. Sei que, sob a orientação dele, a lendária "equipa de todos nós" ameaça voltar a ser apenas a equipa dos onze moços que saltitam no campo. E semelhante benesse não tem preço. Espero não exagerar no optimismo, mas se as coisas correrem pelo melhor, ou seja, do modo que têm corrido, terminou a época das bandeirinhas e dos cachecóis que nos vinham atormentando, Verão sim, Verão não, desde há meia dúzia de anos.
A culpa, inútil recordar, foi de Scolari. O brasileiro, mais as santinhas, as cantilenas de Roberto Leal, os anúncios do "pimbolim" e as regulares vitórias mostrou que o povo não só não é sereno como, devidamente provocado, faz um escarcéu que não se aguenta. Eu aguentei, e caladinho, a histeria e o patriotismo da amalucada pátria que, só porque num particular dia o adversário acerta menos um pénalti, corre a reivindicar, inclusive junto dos meus ouvidos, uma incontestável superioridade (em quê?). Com Scolari, criou-se a alucinação colectiva de que éramos "os maiores". Aparentemente, já não somos, e há que agradecer a Carlos Queiroz o retorno à modorra "habitual".
No final do jogo com a Albânia, o repórter da RTP queixava-se da ausência do sr. Queiroz na flash interview (entrevista rápida, em português; em futebolês é intraduzível): "Os portugueses não merecem isto." O repórter não sabe o que diz: eu mereço. "
Alberto Gonçalves
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