terça-feira, outubro 21, 2008

A MESA DO ORÇAMENTO

"Houve farta galhofa com a apresentação, via pen drive, do Orçamento do Estado (OE), "tão leve" que, na opinião de Teixeira dos Santos, "até o Magalhães o abria". "Leve", afinal, era favor: a pen drive estava vazia. Mas isso não é o fundamental. Pensando melhor, nem o próprio OE tem grande interesse, pelo menos se comparado com as despesas específicas do Estado, desde há uns tempos em exibição (parcial) na Internet.

Ao contrário do OE, que além de leve é confuso e enganador, os contratos públicos descritos no site do Governo (www.base.gov.pt) esclarecem o exacto destino que o Estado, central e local, dá ao nosso dinheiro. A propósito do site, há que louvar a transparência. A propósito do destino, é preciso reconhecer que nem sempre é risonho.

Não é que me aborreçam os 300 euros atribuídos a um curso de kite surf (?) na Universidade de Lisboa. E não, não critico os 12 384,15 euros usados na limpeza do guarda-roupa da RTP, os 22 265 euros que o Ministério da Justiça despendeu em oito tapetes e fortuna que inúmeras autarquias dão em troca de concertos de Rui Veloso, Marco Paulo ou de uma banda chamada Da Weasel. Se não consigo imaginar préstimo para o kite surf, os trapos da RTP, os tapetes ou os Da Weasel, admito que outros lhes dêem serventia.

O que por exemplo me desconsola é ver os meus impostos torrados pela Câmara Municipal de Alijó na aquisição de perdizes (415 euros), talheres (1294) e um espectáculo da Orquestra Típica Nacional da Venezuela (2100). O que me dói é constatar que o gabinete do eng. Sócrates desperdiçou 6840 euros num bom tinto do Douro com "entidades estrangeiras", leia-se a pandilha de Hugo Chávez, que quase já nem sai de Portugal e não custa perceber a razão: proscrita no mundo civilizado, a pandilha (com orquestra) aqui é tratada a caça e vinho transmontanos.

Visto que os impostos também resultam do meu trabalho, pedia, se não for maçada, alguma contenção no tratamento. As virtudes da redistribuição terminam quando os beneficiários são malfeitores ou gente meramente desagradável. Claro que o eng. Sócrates e os autarcas de Alijó podem repastar com quem lhes apetece: apenas sugiro que paguem a conta do bolso deles. Se o dinheiro ficar no meu, as perdizes não se perdem e, acreditem, os próximos OE serão ainda mais leves
."

Alberto Gonçalves

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