Sherry Jones
"PARECE QUE Sherry Jones encontrou editora nos Estados Unidos. Quem é Sherry Jones? Trata-se da autora de The Jewel of Medina, o romance histórico que recria os amores conjugais entre Maomé e Aisha. A Random House, inicialmente interessada, rasgou o contrato e recusou-se a publicar a "blasfémia".
Em Inglaterra, o editor da senhora teve uma bomba dentro de casa. E, nos quatro cantos do mundo, Portugal incluído, os profissionais da edição fugiram da obra como Maomé do toucinho. Felizmente, parece que ainda há coragem em certos antros e uma pequena editora americana pretende avançar com o livro. O editor inglês, apesar da bomba, também. E a sra. Jones, depois deste, já está a escrever outro com tema igualmente polémico: o cisma sunita-xiita, que permanece até hoje com os resultados conhecidos.
Não li o livro. Confesso que não vou ler. Mas o caso permite adivinhar o rumo futuro que as sociedades liberais acabarão por trilhar em matéria de liberdade de expressão. Há uns anos, quando Khomeini condenou à morte o escritor Salman Rushdie por Os Versículos Satânicos, não faltaram por aí intelectuais indignados que não hesitaram em ladrar contra os "ayatolahs". Mas depois do 11 de Setembro, e sobretudo depois do terrível Bush, parece que os intelectuais entraram em hibernação. Tudo para respeitar o Islão radical, como se o Islão radical merecesse algum respeito. Hoje, censura-se a sra. Jones. Mas, amanhã, não será de excluir que vastas parcelas do nosso património intelectual pouco meigo com o Profeta - da poesia de Dante às sátiras de Voltaire - sejam enfiadas no caixote do lixo. Por medo ou sob ameaça, o Ocidente estará, finalmente, quieto e silencioso. Como no cemitério."
João Pereira Coutinho
Em Inglaterra, o editor da senhora teve uma bomba dentro de casa. E, nos quatro cantos do mundo, Portugal incluído, os profissionais da edição fugiram da obra como Maomé do toucinho. Felizmente, parece que ainda há coragem em certos antros e uma pequena editora americana pretende avançar com o livro. O editor inglês, apesar da bomba, também. E a sra. Jones, depois deste, já está a escrever outro com tema igualmente polémico: o cisma sunita-xiita, que permanece até hoje com os resultados conhecidos.
Não li o livro. Confesso que não vou ler. Mas o caso permite adivinhar o rumo futuro que as sociedades liberais acabarão por trilhar em matéria de liberdade de expressão. Há uns anos, quando Khomeini condenou à morte o escritor Salman Rushdie por Os Versículos Satânicos, não faltaram por aí intelectuais indignados que não hesitaram em ladrar contra os "ayatolahs". Mas depois do 11 de Setembro, e sobretudo depois do terrível Bush, parece que os intelectuais entraram em hibernação. Tudo para respeitar o Islão radical, como se o Islão radical merecesse algum respeito. Hoje, censura-se a sra. Jones. Mas, amanhã, não será de excluir que vastas parcelas do nosso património intelectual pouco meigo com o Profeta - da poesia de Dante às sátiras de Voltaire - sejam enfiadas no caixote do lixo. Por medo ou sob ameaça, o Ocidente estará, finalmente, quieto e silencioso. Como no cemitério."
João Pereira Coutinho
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