Crises
"Antes da crise que agora aflige o mundo já Portugal estava mergulhado noutras crises.
Tratava-se então de sucessivas crises contínuas, quando agora temos uma crise alterna. E as crises contínuas em Portugal têm tido picos, como também “oásis” e “tangas”. Certo, pois os números só enganam se forem manipulados, é que em cima da crise permanente e antes da crise actual a maior parte de Portugal entrou numa crise acrescida desde 2005.
É o que confirmam dados do INE, tratando indicadores do Eurostat: os portugueses, que já eram parentes pobres da Europa, perderam poder de compra entre 2005 e 2007 em relação à média da União Europeia. Em matéria de poder de compra Portugal está agora no último lugar da zona euro. Não tem nada que enganar: é no lugar do costume, a cauda da Europa.
O alarido com a crise actual, que segundo o Nobel 2005 da Economia “não é tão má como a pintam”, ameaça fazer esquecer que os sacrifícios são para a maioria dos portugueses o pão nosso de cada crise. Por exemplo: quando agora se procuram indicadores para dar conta da degradação da situação financeira e económica do país vão buscar-se termos de comparação que remetem para anos passados ainda piores que os presentes. Ou seja: de vez em quando, raras vezes, há um desafogo, mas por regra os portugueses vivem nos maiores apertos, em imutável estado de crise. A crise está para os portugueses como uma condenação às penas do inferno, pelo pecado, alheio, de serem governados como são.
Antes da crise financeira mundial produzir efeitos já os portugueses eram campeões da perda do poder de compra, do trabalho precário, do endividamento das famílias, das desigualdades e de outras maravilhas deste neoliberalismo, cartilha maternal do poder em Portugal."
João Paulo Guerra
Tratava-se então de sucessivas crises contínuas, quando agora temos uma crise alterna. E as crises contínuas em Portugal têm tido picos, como também “oásis” e “tangas”. Certo, pois os números só enganam se forem manipulados, é que em cima da crise permanente e antes da crise actual a maior parte de Portugal entrou numa crise acrescida desde 2005.
É o que confirmam dados do INE, tratando indicadores do Eurostat: os portugueses, que já eram parentes pobres da Europa, perderam poder de compra entre 2005 e 2007 em relação à média da União Europeia. Em matéria de poder de compra Portugal está agora no último lugar da zona euro. Não tem nada que enganar: é no lugar do costume, a cauda da Europa.
O alarido com a crise actual, que segundo o Nobel 2005 da Economia “não é tão má como a pintam”, ameaça fazer esquecer que os sacrifícios são para a maioria dos portugueses o pão nosso de cada crise. Por exemplo: quando agora se procuram indicadores para dar conta da degradação da situação financeira e económica do país vão buscar-se termos de comparação que remetem para anos passados ainda piores que os presentes. Ou seja: de vez em quando, raras vezes, há um desafogo, mas por regra os portugueses vivem nos maiores apertos, em imutável estado de crise. A crise está para os portugueses como uma condenação às penas do inferno, pelo pecado, alheio, de serem governados como são.
Antes da crise financeira mundial produzir efeitos já os portugueses eram campeões da perda do poder de compra, do trabalho precário, do endividamento das famílias, das desigualdades e de outras maravilhas deste neoliberalismo, cartilha maternal do poder em Portugal."
João Paulo Guerra
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