quarta-feira, janeiro 07, 2009

AS INCONGRUÊNCIAS DA MORTE

"Em As Intermitências da Morte, romance de José Saramago publicado em 2005, a morte decide fazer greve, as pessoas deixam de morrer e o caos instala-se. À época do lançamento, a crítica em geral louvou a "inventividade" da ideia. O escritor mexicano Teófilo Huerta Moreno não. Dezoito anos antes, o sr. Moreno publicara Últimas Notícias, história em que a morte decide fazer greve, as pessoas deixam de morrer e o caos instala-se. O sr. Moreno acusa o sr. Saramago de plágio. O sr. Saramago nega. Não me meto. Apenas lembro que, em 1941, o pintor e poeta checo Peter Kien escreveu o libretto de O Imperador da Atlântida, ópera de Viktor Ullmann em que a morte decide fazer greve, as pessoas deixam de morrer e o caos instala- -se. Nem Kien nem Ullmann protestaram a inventividade do sr. Saramago e, já agora, a do sr. Moreno: O Imperador da Atlântida foi composta no gueto de Terezín, cerca de 1943, e os seus autores faleceriam meses depois, em Auschwitz. Quando a morte trabalha não há caos possível."

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