quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Mudar à força

"Todos os dias somos bombardeados pelo fecho de empresas, numa carnificina de que não há memória. Nem sequer nos duros anos de 83 a 85, quando tivemos de aceitar as draconianas condições do FMI para obter crédito externo. E mesmo entre as que não fecham, há muitas a cortar postos de trabalho a um ritmo assustador.

Uma parte das empresas que fecham tinha os dias contados; para elas, a crise antecipou o "Juízo Final". Outras continuam viáveis, mas cortam efectivos, explicando que mais vale sacrificar 10 postos de trabalho do que falir mais tarde. Pese embora a bondade deste argumento, é provável que no barulho das luzes alguém esteja a aproveitar-se da crise para fazer o trabalho "sujo", que dificilmente faria (ou faria com "má imprensa") em condições normais.

O pior é que o estado da economia real sugere que as coisas não vão ficar por aqui. Se assim for, convém que olhemos para a situação como uma oportunidade, e não como uma desgraça. Porque temos pela frente uma boa oportunidade, embora forçada pelos acontecimentos, para mudar (mesmo) a nossa estrutura produtiva e a qualificação das pessoas. Algo que não fizemos nos últimos 15 anos (enquanto tivemos tempo). Mas qual é a surpresa? As nossas mudanças estruturais foram sempre feitas à força.


P.S. Se Sócrates e Pinho exageram no optimismo, Basílio Horta faz o contrário. Ontem disse que face à crise "não sabemos o que fazer mais". Para deprimir o País, não podia haver melhor
."

Camilo Lourenço

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