UM MINISTRO
"A propósito dos 150 mil empregos prometidos no início do mandato, um cartaz da JSD chama ao primeiro-ministro Pinócrates e retrata-o com um nariz comprido. Excepto, julgo, pelo apêndice na fotografia, o cartaz é factualmente correcto, humoristicamente fraquinho e nada polémico. Apesar disso, irritou o fatal ministro da Propaganda, que fala em "assassinato de carácter" do eng. Sócrates.
Aparentemente, as únicas referências aceitáveis ao patrão do dr. Santos Silva são as que começam por "Sua Excelência", prosseguem com a evocação da sorte que temos por dispor de um líder assim e terminam com prolongada vénia e hérnia discal. Menos que isto, há "assassinato de carácter" ou "campanha negra".
O dr. Santos Silva é um indivíduo intrigante. Desde logo, a mim intrigava-me não perceber se o respectivo zelo é profissional ou vocacional. Dito de outra maneira, não sabia se o dr. Santos Silva se presta àquele papel a troco do salário ou do gozo. Segundo o próprio, é do gozo: ouvi-o na TSF confessar o "especial prazer" que lhe dá "malhar na direita" e "nesses sujeitos e sujeitas" que "se dizem de esquerda plebeia ou chique". Como, de caminho, o dr. Santos Silva malha igualmente nos socialistas descontentes, é legítimo deduzir que o homem espanca qualquer criatura que não beije o chão pisado pelo eng. Sócrates. E que o faz por gosto.
Preferia que o fizesse por dinheiro, que sempre é uma justificação racional para as figuras tristes. Sendo desinteressada e espontânea, tamanha adulação ao chefe assusta. É verdade que, em democracia, também diverte. Mas não custa adivinhar que a democracia está longe de ser o regime mais propenso ao passatempo do dr. Santos Silva: imagine-se o especialíssimo prazer dele num regime ideal."
Alberto Gonçalves
Aparentemente, as únicas referências aceitáveis ao patrão do dr. Santos Silva são as que começam por "Sua Excelência", prosseguem com a evocação da sorte que temos por dispor de um líder assim e terminam com prolongada vénia e hérnia discal. Menos que isto, há "assassinato de carácter" ou "campanha negra".
O dr. Santos Silva é um indivíduo intrigante. Desde logo, a mim intrigava-me não perceber se o respectivo zelo é profissional ou vocacional. Dito de outra maneira, não sabia se o dr. Santos Silva se presta àquele papel a troco do salário ou do gozo. Segundo o próprio, é do gozo: ouvi-o na TSF confessar o "especial prazer" que lhe dá "malhar na direita" e "nesses sujeitos e sujeitas" que "se dizem de esquerda plebeia ou chique". Como, de caminho, o dr. Santos Silva malha igualmente nos socialistas descontentes, é legítimo deduzir que o homem espanca qualquer criatura que não beije o chão pisado pelo eng. Sócrates. E que o faz por gosto.
Preferia que o fizesse por dinheiro, que sempre é uma justificação racional para as figuras tristes. Sendo desinteressada e espontânea, tamanha adulação ao chefe assusta. É verdade que, em democracia, também diverte. Mas não custa adivinhar que a democracia está longe de ser o regime mais propenso ao passatempo do dr. Santos Silva: imagine-se o especialíssimo prazer dele num regime ideal."
Alberto Gonçalves
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