sexta-feira, março 13, 2009

CRONOLOGIA DE UM RESGATE

"A 21 de Dezembro, o dr. Pinho anunciou o plano de salvamento da Qimonda, mediante um empréstimo de cem milhões (via CGD).

A 15 de Janeiro, o dr. Pinho jurou que o Estado não concederá empréstimos à Qimonda e que esta não recebeu nenhuns cem milhões.

A 21 de Janeiro, o dr. Pinho disse que a Qimonda "tem todas as condições" para manter a laboração.

A 23 de Janeiro, o eng. Sócrates prometeu que o Governo "tudo fará para ajudar a Qimonda".

A 27 de Janeiro, o dr. Pinho afirmou ainda acreditar na salvação da Qimonda.

A 28 de Janeiro, o eng. Sócrates concordou que a salvação da Qimonda não depende do Governo.

A 2 de Fevereiro, o dr. Pinho afiançou a existência de compradores para a Qimonda.

A 3 de Fevereiro, o dr. Pinho admitiu que a falência da Qimonda pode ser positiva.

A 17 de Fevereiro, o dr. Pinho acusou o Governo alemão de nada fazer para salvar a Qimonda.

A 19 de Fevereiro, o dr. Pinho notou no congénere alemão "abertura" para salvar a Qimonda.

A 2 de Março, o dr. Pinho garantiu desconhecer interessados na compra da Qimonda.

A 4 de Março, na Alemanha em comitiva presidencial, o dr. Pinho evitou falar da Qimonda.

Também a 4 de Março, após encontro com Angela Merkel, Cavaco Silva mostrou-se pessimista quanto ao futuro da Qimonda.

A 5 de Março, o ministro Luís Amado revelou que o encontro com Merkel trouxe "desenvolvimentos optimistas" para o problema da Qimonda.

Também a 5 de Março, o dr. Pinho disse que o Governo está disposto a financiar a Qimonda no que for necessário.

Ainda a 5 de Março, Cavaco Silva recebeu "sinais positivos" do ministro da Baviera sobre a Qimonda.

(continua)

Se não explica o empenho em preservar uma empresa inviável e dada a prejuízos monumentais, a novela da Qimonda demonstra o estilo do Governo, uma coisa a oscilar entre o voluntarismo, a intrujice e o desnorte. Convinha que o estilo não contaminasse o prof. Cavaco, apesar de tudo um resguardo de sensatez num tempo em que, ao contrário das memórias RAM produzidas na Qimonda, semelhante bem é escasso.
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