sexta-feira, março 27, 2009

Heranças e doações

"Os poucos julgamentos que a Justiça portuguesa consegue realizar a titulares de cargos públicos e políticos envolvidos em actos ilícitos estão a proporcionar grandiosas justificações para o enriquecimento meteórico.

Num País que insiste em não criminalizar o enriquecimento ilícito (vá-se lá saber porquê...), é hilariante ouvi-los falar a partir do banco dos réus sobre o dinheiro que amealham em contas offshore ou, mais à portuguesa, em velhas arcas ou colchões. Heranças de velhas tias desconhecidas, doações, habitualmente de empreiteiros, ganhos longínquos na Bolsa, restos de orçamentos de campanha, enfim, uma vasta panóplia de desculpas esfarrapadas para tentar explicar o inexplicável.

Quando a realidade é cada vez mais ululante em matéria de sinais de enriquecimento sem causa e proporcionalmente penosa a ausência de medidas contra tal cancro, não deixa de ser espantoso o vigor que todos os dias apresenta o silêncio do Bloco Central sobre a matéria.

Beneficiados pela anemia cívica que vivemos, os titulares de interesses particulares acobertados nos dois partidos são ainda duplamente defendidos pelo facto de termos um Governo que assobia para o lado e um PSD absolutamente indiferente a tal questão. Resta saber até quando
."

Eduardo Dâmaso

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